Diplomatas brasileiros, segundo o jornal FOLHA DE SÃO PAULO, confirmam a indecisão do governo sobre como proceder, ao afirmarem que o Brasil não quer "trucidar" o governo paraguaio. Quer "castigar".
O que isso indica é que o ministro das Relações Exteriores (fracasso absoluto na RIO + 20 e na tentativa de abortar o golpe paraguaio) deve permanecer no cargo e a velha prática lulista de uma no cravo e outra na ferradura permanece viva e cada dia mais acentuada.
Dilma, a se confirmar essa disposição, deve ter pensado nos latifundiários brasileiros, mentores do golpe ao lado de brasileiros latifundiários no Paraguai e no precário equilíbrio da aliança que sustenta o governo no Congresso, que inclui inclusive Paulo Maluf.
A brabeza da presidente cantada em prosa e verso por alguns de seus assessores é como dizia Getúlio Vargas, "guampada de boi manso". A política externa independente some numa tempestade de subserviência a interesses de grupos econômicos e o governo se perde nessa tempestade de poeira que o impede de enxergar que o País está sendo cercado por todos os lados e hoje é apenas parte do Plano Grande Colômbia, cujo objetivo maior é manter a América Latina na condição de quintal dos Estados Unidos.
Imagino que o ministro Anthony Patriot - há que acredite que seja Antônio Patriota - não tenha entendido até agora o discurso de Hilary Clinton, quando a secretária de Estado, na RIO + 20 disse que é a favor do "direito reprodutivo das mulheres". Nem só ela, todos os setores esclarecidos da opinião pública são a favor. O fato é que, ali, Patriot não percebeu o sarro que Hilary estava tirando, por conta de sua fraqueza ao retirar a expressão do texto do documento da Conferência, pressionado por autoridades da Igreja Católica.
Não tira os sapatos no aeroporto de New York, como tucano Celso Láfer, mas cumpre com presteza a agenda dos interesses internacionais (EUA/ISRAEL) dos donos do mundo.
Dilma é a leoa desdentada até que prove o contrário. Tire a faixa do armário, vista e comece a governar em função dos compromissos assumidos na campanha eleitoral. O governo da presidente não é mais que um cumpridor das políticas econômicas neoliberais, sustentando-se numa aliança que forças de direita têm um peso maior que seus compromissos e sua própria história é presa da incômoda presença de Lula que pensa que, até hoje, é o presidente.
O golpe de Estado no Paraguai foi dado por latifundiários brasileiros de origem européia, a maioria germânica, que lá está desde o governo de Alfredo Stroessner e detém o controle das terras mais férteis do país, onde fazem a alegria das empresas internacionais que controlam a agricultura mundial através do agro negócio, no caso MONSANTO, DOW CHEMICAL e outras, no entorno desse engole agrotóxico e não chia. Vale dizer também a dependência tecnológica que consegue o milagre de transformar o Paraguai, um país de pequenas dimensões territoriais, em um dos maiores exportadores de soja do mundo. E através do porto de Paranaguá.
O acordo que permitiu a chegada dos chamados brasiguaios ao Paraguai foi feito à época da ditadura militar e sacramentado agora pelo governo Dilma Roussef no recuo dos propósitos iniciais de adotar sanções rigorosas contra os golpistas.
Por trás de tudo isso os latifundiários brasileiros, que dispõem de um ponderável número de deputados e senadores na base do governo Dilma, como antes, na base do governo Lula.
Leoa da Metro. Ruge na tela, mas fica dócil longe da opinião pública, ou até a próxima atração do conglomerado que controla a ordem política e econômica do neoliberalismo e tem apoio entre as forças mais atrasadas do Brasil, dentre elas a mídia, capaz de transformar um golpe de Estado, em levante para a liberdade e ignorar as imensas manifestações populares em Assunção e todo o país, contra a volta da ditadura, agora disfarçada de democracia em seus nuances constitucionais.
A visão do governo Dilma começa na eleição municipal para a escolha do próximo prefeito de São Paulo e se derrama em cascatas/cachoeiras por todo o Brasil, sem ter consciência do que ocorre além das fronteiras do co-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
É relevante acrescentar que o ministro da Justiça está em Lima participando de uma reunião de ministros das relações exteriores de vários países. E não falou de graça, ou por palpite, ainda que tenha afirmando que não fala com Dilma há uma semana. Falou pelo governo e depois de instruído a abaixar o fogo da fogueira de reação ao golpe brasileiro/paraguaio contra o governo de Fernando Lugo.
A essa altura do campeonato o ex-presidente do Paraguai já é visto como "aliado incômodo" e a preocupação de algumas figuras da diplomacia brasileira é com os prejuízos que os "sacoleiros" que compram muambas no Paraguai possam vir a tomar como resultado de sanções ao governo golpista.
É a dimensão real do governo Dilma.
Lembra aquele malabarista com bola de futebol, capaz de proezas incríveis com a "pelota" e que um empresário daqui, José da Gama, levou a um clube português, apresentando-o como o novo Pelé. Vendeu bem vendido. Mas o atleta não sabia jogar futebol, só equilibrar a bola na ponta do nariz.
Já o aqüífero Guarani fica ao alcance de um droner, ou da invasão de grupos sionistas dentro do acordo de livre comércio firmado por Lula com Israel. No outro extremo, na Amazônia, a Colômbia já é parte do antigo SIVAM - SISTEMA DE MONITORAMENTO DA AMAZÔNIA - tudo na colaboração/concessão ao Plano Grande Colômbia.
Lugo dançou no baile de latifundiários brasileiros e brasiguaios, pois as elites paraguaias, ao contrário dos trabalhadores, se acostumaram a uma espécie de contrato de comodato, onde cedem seu país a latifundiários daqui.
E já anunciam que vão cantar de galo em Itaipu.
A leoa não morde, é desdentada.