Texto na foto feito por minha avó Alice Quintino de Lacerda: "José Milbs e seu amiguinho Cláudio. 23 de Setembro de 1940". Escrita em Bico de Pena).
Cláudio morava uns 200 metros de minha casa na Rua Doutor Bueno que era conhecida como Rua do Meio. Meio devido a ter mais duas que davam acesso à Praia de Imbetiba. Ele morava na rua Curindiba de Carvalho, conhecida como "Travessa" devido ser uma picada que levava para Rua da Igualdade.
Nos ano de 1940, Cláudio tinha uns 3 anos e eu 1 ano e seus mêses mais ou menos. A foto foi tirada por minha mãe Ecila que converssava com Zelita, mãe de Cláudio no corredor Este corredor levava até à Sapataria nos fundos onde meu pai, Djecyr Nunes da Gama, trabalhava como Sapateiro. Zelita sempre acompanhava o Cláudio onde quer que ele fosse.. Uma grande mulher, protetora e fiel aos filhos. A cidade era calma neste tempo de grandes àrvores em torno das casas e todos se conheciam.
Crescemos juntos. Jogamos bolebas, papão, soltamos pipas, barquinhos em nossa Rua depois das chuvas de verão, fomos juntos com outors meninos as Sessões Colosso dos Cines das antigas, torcemos para os bandidos nos faroestes do USA, criamos e caçamos passarinhos em todas as casas que nos faziam chegar até o "Campinho da Cocheira" que ficava no final da Rua do Meio.
Pela manhã todos saiam de suas casas. Alguns para o trabalho na Estrada de Ferro e outros para o Centro da Cidade para trabalhos. O pai de Cláudio, seu Alvaro Bruno de Azevedo, ia para o Centro trabalhar na confecção de caixões de madeira. Era um dos poucos homens corajosos que se dedicavam a esta tarefa...
Nos anos 60, ainda mantendo um grande afeto, participamos da politica estudantil. Cláudio como Presidente da União Fluminense dos Estudantes ( UFE Universtário) e eu união Fluminense dos Estudantes Secundários (UFES secundarista).
Partimos para a politica partidária. Fui para o PTB de Jango e Roberto e Cláudio para o PDC de Joaquim Alberto Brito Pinto e Alvaro Paixão Jr.
Com o Golpe Militar e a criação dos dois partidos Arena e Mdb, objetivamos um "conxavo" para assumirmos eleitoralmente, o comando da politica macaense. Ele eleito prefeito e eu assumo um cargo de vereador.
Vieram as eleições de de 1970. Após 4 anos de mandato e com apoio de O REBATE que estava sob minha direção, procuramos uma maneira de unir as lideranças locais dos ex-partidos que não tinham outra opção que não fosse os dois partidos permitidos existirem. Era, e hoje ficou mais claro, um partido do Sim e outro do Sim Senhor...
Eu e Cláudio tinhamos a maiora do Diretório do MDB. Ele saiu candidato a Deputado e eu como candidato a prefeito. Tinhamos menos de 32 anos e usamos nossa experiência no Movimento Estudantil para formar as bases da eleição.
Carapebus e Quissamã pertenciam a Macaé. Corremos na frente da Arena e negociamos o ingresso de Alcides Ramos no MDB e fechamos com Mirandinha do ex PTB. Aplicávamos, na politica adulta, nossas experiências na liderança estudantil.
A Arena apresentou 3 candidatos e o MDB idem. Eles vinham com Antonio Benjamin, tendo como vice o lider Quissamaense Amilcar Pereira da Silva, Manoel do Carmo Losada e Edwin Waytt, todos com vasta e atuante presença na vida politica da nossa região. Benjamin, ex prefeito, Manel do Carmo, grande médico e humanista e Edwin advogado e eficiente diretor da então EFEE (hoje Ampla).
Tivemos uma reunião espécial. Eu, Cláudio, José calil Filho e mais oito dos 17 vereadores.
Natálio Salvador Antunes, presidente da Câmara, embora sendo da Arena, simpatizava com a candidatura de Cláudio e a gente tinha o carinho de Dona Berta que gostava muito de como dona Zelita brigava pelo filho.
Alcides exigia a legenda, já que eu tinha ganha ela no voto. Claudio me pede para abrir mão da legenda para Alcides e ficaria eu com a 1a. legenda e Mirandinha com a 2a. Como os votos seriam somados em cada legenda, venceria quem tivesse mais votos na soma. Conversei com meus amigos Jodyr Souto Correa, Armando Barreto, Lealdino Magalhães, Edson Luiz, Honório José da Silva, Otoniel Gomes (Taeco), Roberto Garrido de Souza, Paulo Rodrigues Barreto, Agildo Soares, Zamir Silva, Euzébio Luiz da costa Mello e outros que brigaram comigo para vencer a Convenção do MDB, e aceitamos o apelo de Cláudio. Havia o perigo de Alcides, perdendo a Legenda, deixar de ser candidato e com isso perdermos o pleito municipal e Cláudio a deputação estadual.
Alcides aceita e partimos para o voto popular. Infelizmente não tivemos como superar a votação da Arena que venceu com uma pequena diferença de 200 votos. Meus guase 2 mil votos, todos obtidos na cidade, não foi o bastante para a vitória...
Cláudio se elege deputado, faz uma linda carreira politica eleitoral e eu sai para fundar o PT em 78.
Embora distanciado em partidos diferentes sempre mantivemos uma amizade fraterna que nasceu no ano de meu nascimento em 1939 com a amizade que já existtia entre nossos pais e avós...
(José Milbs de Lacerda Gama, jornalista desde 1966 e memorialista)