Não sei se cabe aqui duas frases. Uma de Gilberto Cure: "O melhor da festa é o preparativo". Outra de Honório José da Silva sobre o "amigo Chico" que está sempre andando apressado: "Ele tem uma preocupação constante com o nada". Ai me vejo abrindo as tramelas de uma existência infinitamente minha por entre portas que sempre se abrem quando se bate com o formato das batidas dos corações afetivamente nosso.
Vejo o desaparecimento das pessoas que ficavam sentadas em caixotes em longas e intermináveis conversas de um nada por outro nada existente e com sentido de uma vida verdadeiramente existente.
Estas caixas existiam na rua Direita em Macaé, na Rua do Acre no Rio e na São João em São Paulo.
Eram conversas que brotavam como pequeninos e minúsculos galhinhos de flores com as chuvas das Primaveras.Vinham na fala e se espalhavam em desenvolvimento que iam de pessoa em pessoa num toque mágico da criação de um nada de um todo que os unia.
A fala dos que sentavam nos caixotes e nas Cadeiras das Calçadas de um mundo belamente distante tinha o sabor de um existencial em extinção num mundo que se esvai em repetitivas frases marcadas pela globalização de um mundo feio.
Talvez o nada de uma conversa jogada fora nos anos em que se falava de um tudo nosso esteja faltando nos nossos dias de hoje.
"Não quer não queira...Bacalhau Bandeira".
Casa de forro, assoalho com flechas onde caiam moedas e eram pescadas com linha e cola de Maizena, bacia com água esquentada em fundo de quintal com sol de fevereiro, idas e vindas em casinhas que eram distantes da casa principal com fossa própria eram as coisas que não tinham valores durante o vivenciamento mais que hoje fazem parte de uma das páginas mais belas do livro de minha memória.
E os "Guarda –Livros", antigos Contadores que faziam a contabilidade dos empresários nos anos 40? Carros muito pouco."Semoventes" eram uma obrigatoriedade. Alguns com 3 cavalos...5 porcos e centenas de galinhas que faziam parte do Balanço Anual e rigidamente catalogados...
Macaé tinha um ônibus que circulava do Centro da cidade, Cajueiros e Imbetiba.Tinha o apelido de "Gaturamo" pelo seu formato e cor amarelada. Coisa de criança. O motorista era Benício pai do Moadyr Vitorino . Na frente, por dentro., tinha um aviso: Proibido fumar Charuto, Cigarro de palha e Cachimbo. E as pessoas respeitavam.
ESPINHELA CAIDA E NÓ NAS TRIPAS
Era comum estas conversas sobre as pessoas que falavam as vozes do entendimento. Eram passadas de pai para filhos que acreditavam nas soluções caseiras de ervas e rezas.