O sumiço das abelhas

Nas plantas alogamas o pólen de uma flor vai ao estigma, porção terminal do órgão feminino da planta destinada a recolhê-lo e sobre o qual ele germina, levado por insetos.
Nesta tarefa, as abelhas são muito ativas e mais de sessenta por cento da fecundação pela polinização tem a interferência delas.
Isto é tão importante que, nos Estados Unidos, os apicultores têm uma renda apreciável pelo aluguel de suas colônias itinerantes na época das florações (amêndoas, cítricos, mostarda).
Surgiu, agora, uma denúncia da Associação de Apicultura Americana que revela um problema com gravidade nunca vista no mundo.
As abelhas estão sumindo!!!
Elas desaparecem, deixam as colméias abandonadas com a rainha para trás o que é totalmente atípico na espécie. Não se encontram restos mortais.
Não há abelhas mortas nas colméias indicando uma intoxicação ou uma doença.
Segundo o Presidente da Federação de Apicultores dos Estados Unidos, Walter Haefeber, o problema atinge 30 estados americanos. [A revista Der Spiegel na Alemanha publicou reportagem com o texto “uma dizimação misteriosa das populações de abelha preocupa os apicultores alemães, enquanto um fenômeno semelhante nos EUA está assumindo gradualmente proporções catastróficas]”.
A imprensa vive muito de alarmismo e o chamado “Colapso das Colônias de Abelhas” tem conseqüência de imensa magnitude.
Sem abelhas não há polinização, não se formam os frutos e suas sementes, a descendência é bloqueada, acabam as plantas, os animais desaparecem. Como o homem poderá sobreviver? De acordo com os cientistas em cinco anos o homem desapareceria do planeta.
Segundo os apicultores americanos a própria existência da apicultura está ameaçada mas está evidente que é muito mais que isto!!! É a existência da humanidade que está em jogo.
Se é algo tão sério por que ainda não se instalou uma intensa divulgação e discussão das causas.
Alarme e pânico não são bem-vindos mas estudos e prudência têm que estar presentes.
Quais seriam as causas do problema?
Um ácaro Varroa oriundo da Ásia e que parasita a abelha: Nesta hipótese, por que ela desapareceria? Para problema de tal magnitude teria que haver um número enorme de ácaros.
Preocupa a prática disseminada e incentivada pelas transnacionais, de borrifar herbicidas até em flores silvestres.
As monoculturas também são apontadas como causadoras do sumiço das abelhas por acabarem com a biodiversidade e limitarem os períodos de floração com pólen disponível.
Algumas abelhas mortas estudadas revelam a presença de mais de uma infecção bacteriana além da presença de fungos.
Seria uma evidência da diminuição da imunidade das abelhas? Alguns se atrevem até a chamar a doença de “AIDS das abelhas”.
Estudos realizados nos Estados Unidos e em Universidade alemã apontam para alterações nos organismo das abelhas como a causa da doença admitindo a hipótese de que há relação dos transgênicos com este surpreendente e extraordinário problema.
Tudo acontece em áreas de monocultura em que não existem matas nativas e com plantações extensas de transgênicos.
O transgênico Bt do milho é o mais acusado.
O cientista e professor titular de genética da Unb em artigo enviado ao Jornal da Ciência com estas informações manifesta sua preocupação com a liberação do milho transgênico pela CNTBIO para plantio e comercialização (aprovado no dia 16 de maio. O professor Aluízio Borém do departamento de Fitotecnia da UFV, membro da CTNBio informa que a decisão terá que ser ratificada pela comissão Nacional de Biotecnologia com 11 membros presidida pela ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Havendo aprovação terá que haver um monitoramento do cultivo
Vamos aos fatos:
As abelhas estão sumindo
Sem elas não há polinização
Todas as plantas que têm a sua reprodução por polinização por insetos serão afetadas.
As mais fortes evidências para o colapso das colméias com desaparecimento das abelhas indicam como causa os transgênicos em especial os do milho.
Quase todas as pesquisas atuais estão direcionadas para o interesse industrial e das transnacionais financeiras. Não há preocupação com o ser humano, suas condições de vida e o meio ambiente.
É inadmissível que ante a mais leve dúvida de que o transgênico pode acabar com a própria sobrevivência da humanidade (não podemos esperar para ver se é alarmismo) se permita a sua disseminação em larga escala.
Quem possibilita ou facilita uso dos transgênicos ainda insuficientemente estudado deveria ser processado por crime de lesa-humanidade – se tal crime não existe deveria ser estabelecido.
É imprescindível incentivar e alimentar muito a pesquisa dos trangênicos em situações seguras para não haver contaminações e disseminações indesejadas e em instituições independentes dos interesses das empresas privadas transnacionais.
Cabe uma observação. Já existem árvores geneticamente modificadas e o eucalipto é a que maior interesse desperta;
Se a doença das abelhas pode ser provocada pelo pólen dos transgênicos a monocultura do eucalipto que é um deserto verde que altera lençóis freáticos, meio ambiente, além das sérias conseqüências por não produzir alimentos e oferecer pouquíssimos empregos (1 só emprego para 180 hectares) pode representar um enorme perigo de agravamento do problema.
O eucalipto tem fruto rígido não comestível mas tem muito pólen. Por isso, um dos poucos seres vivos que sobrevivem nesta monocultura é a abelha.
Diante disto é inteiramente absurdo o governo do Rio de Janeiro querer aprovar em regime de urgência um projeto para facilitar a Silvicultura econômica que, em última análise, vai redundar em monoculturas com árvores geneticamente modificadas. Isto beneficia a transnacional (Aracruz) que já espalha o seu deserto verde até o momento ainda livre de árvores transgênicas em muitos municípios da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, para produzir pasta de celulose, exportada com isenção de impostos.
Observe que o prazo máximo das pesquisas feitas com árvores geneticamente modificadas é de 15 anos. Para uma árvore, este é um tempo muito reduzido. Não é suficiente para observar sucessões de gerações. Elas vivem muitos anos e, modificadas em seu cerne genético, como estarão em 20, 30, 40, 50 anos?
Será que ante tais ameaças alguém tem a coragem de liberar e permitir a difusão dos trangênicos.
Não podemos recear um alarmismo, um apavoramento da humanidade com esta história de transgênicos e abelhas para defender a ambição desenfreada e sem ética das transnacionais.
Bloquear os transgênicos para ficarem em nível só de estudos e pesquisas muito controladas não é somente um ato de prudência mas a certeza de estar defendendo o próprio futuro da humanidade

Rui Nogueira
Médico-Pesquisador-Escritor
Portal: www.nacaodosol.org
Endereço eletrônico: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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