A segunda-feira

A segunda-feira Acho que sou um brasileiro às avessas. É, às avessas mesmo. Sou assim simplesmente porque eu gosto da segunda-feira. Pronto. É isso. Muitos vão me repreender, dizendo mil coisas contrárias à segundinha. Prefiro nem citar aquelas frases prontas e embaladas sobre esse pobre dia. Não entendo por que recriminá-lo dessa forma tão impiedosa! Afinal, é um dia como outro qualquer. Ou não.
Eu me apaixonei pela segunda-feira não faz muito tempo. Como todos aqueles que se apaixonam, também não sei dizer o porquê. Simplesmente me apaixonei. Paixão a primeira vista, sabe? Meu encanto deve ter sido pela tranqüilidade que esse dia representa. Deve ser por isso. Acho a segunda-feira um dia calmo, bem sereno.
Apesar da segundinha representar o começo da semana, tenho a sua imagem como a de uma velhinha nos seus últimos momentos de vida. O seu rosto brando, com olhos brilhando, dando a sensação de uma eternidade talvez inexistente. A segunda é um dia de boa índole, ao contrário da desejada sexta-feira.
A sexta é o dia dos infartos, do “tudo pra ontem”, dos lugares lotados, das filas intermináveis, do calor insuportável, dos congestionamentos, do pedágio cheio, do estresse à flor da pele, do mau humor, da preocupação exagerada, da pressão, dos bancos cheios, dos problemas, dos finais de namoro, das desilusões amorosas, das chuvas que alagam as cidades... Tudo pela pressa de se chegar a algum lugar. Um verdadeiro horror!
Por isso que prefiro a segunda-feira...
Porque posso ir ao shopping sem ficar rodando horas a fio atrás de um lugar para estacionar o carro. Porque posso ir ao cinema sem ficar horas na fila da pipoca e do refrigerante. Porque posso ir à praça de alimentação sem aquela neurose de um fast food. Porque posso sentar e escolher - com muita tranqüilidade - o que vou jantar. Só por isso.
Sinto-me exclusivo andando pelas ruas da cidade na segunda-feira. Parece que tudo é meu. Somente meu. No bar, o garçom parece trabalhar à minha vontade. O farol da avenida parece ficar verde só para me dar passagem. Aliás, adoro viajar na segundinha: as estradas ficam livres e até posso escolher em qual cabine do pedágio parar.
Na cultura popular, no entanto, a segundinha é mal vista porque é o primeiro dia de trabalho após o descanso do final de semana. Mas pobre daqueles que não entendem a minha amiga segunda-feira. Os chefes, por exemplo, que chegam com os olhos cerrados de raiva, com a boca sem uma pronuncia de alegria sequer. E pensar que esse ódio todo existe só por causa do recomeço.
Eles não entendem que a segunda-feira é um tempo de liberdade. Ela permite a renovação. Tudo pode começar na boa segundinha. O ar desse dia é mais puro, mais leve. Pode reparar. É o tempo do céu mais limpo. Aliás, nas religiões pagãs antigas, esse dia era dedicado à Lua. A segunda-feira é chamado de Lunes em espanhol, de Monday (junção de “moon day”, dia da lua) em inglês, e Dies lunae em latim.
Sei que não te convenci com as minhas doces palavras sobre a segunda-feira, paciente leitor. Eu sei. Pode me xingar. Você pode muito bem arrumar argumentos contra a segunda-feira. Tudo certo. Eu sei que sou uma exceção. Sou um brasileiro às avessas.

 

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