Um amigo escreveu: quanto vale a poesia? Descontente, desabafou todos os anseios que um ser humano pode possuir. Em forma de belas estrofes, revelou a verdade sobre o caminhar de uma pessoa:
Nesse mundo, a poesia não vale nada
só tem valor quando a pessoa que escreve morre.
Daí dizem, esse escrevia bem
mas morreu sem nenhum vintém.
Meu caro amigo, vou tentar responder suas perguntas.
A poesia tem o peso da vida, a tão única existência, um presente de Deus. Enxergo o poeta com os olhos da admiração. Ele consegue descrever o indescritível. O interior de cada pessoa é posto, assim, de repente, de maneira branda, como uma pena branca que pousa suavemente na areia fofa da mais bela praia. Esse ser, que alguns insistem em chamar de poeta, foi o escolhido dos céus para divulgar aqui na Terra o mais belo dos sentimentos.
Cada palavra por ele escrita é o reflexo do interior de cada leitor: a identificação com o sentimento é universal. Com ou sem rimas, os vocábulos jorram lágrimas, sorrisos, anseios, lamentos, ausências, amor. A poesia é companheira daqueles que carregam o sofrimento – a árdua emoção.
O mundo, por sua vez, parece ter esquecido o valor do sentir. O “ser” caiu de moda. O “ter” ganhou as passarelas da vida. Pouco importa se há choro, afinal, o mundo corre batido rumo ao futuro... Incerto é verdade, mas anda em ritmo frenético, sem escalas para o repouso da alma.
As coisas estão invertidas. O futuro parece valer mais do que o presente. Não existe mais a ordem do carpen dien. O momento foi esquecido. E essa é a diferença entre os poetas e os seres humanos: os poetas gozam o presente com força total, contemplam o passado como ninguém e deixam o futuro a cargo de Deus como poucos.
Talvez, poeta, você leve a vida inteira para entender o significado da poesia. Apenas um conselho: não questione muito. Apenas deixe sua graça encantar as outras pessoas. Coloque para fora o que sente. Continue desempenhando sua missão de anjo do amor.
Seja poeta. Seja sempre eterno.