Dúvidas

Estou vivendo o ápice de minhas dúvidas. Que transtorno isso me causa. Sinto-me sufocado e distante da legitimidade do viver. Levar a vida, então, acaba sendo uma complexidade tamanha. Já faz tempo que perdi aquele jogo de cintura, o doce rebolado do cotidiano. Um horror. Acordo, trabalho, almoço, falo ao telefone... e a dúvida me perseguindo. Essa indecisão já me dominou. Talvez, em questão de dias poderá me levar a uma loucura incontrolável.

Nos momentos de sufoco, fecho os olhos e tento manter a tranqüilidade. Não consigo. Uma luz lá no fundo parece iluminar a minha vida, imersa num mar de interrogação. Sem caminho. Várias soluções apontam para a incerteza. E o mais curioso é que a dúvida começa nas situações mais delicadas e se espalha por coisas simples, como o que comer hoje no almoço ou descer pelo elevador social ou o de serviço. Isso deve ser uma doença sem cura, um vírus que se prolifera cada vez que o pensamento mira para uma provável solução.

A dúvida foge à regra da racionalidade. Ela é inimiga da concentração. Pode reparar. No fim das contas, sempre prevalece a emoção, um sentimento incontrolável. Não há inteligência que resista a essa avalanche de indecisão. Buscar concentração parece coisa de outro mundo. A maldita dúvida invade os pensamentos repentinamente e toma conta de tudo. Ficamos impotentes frente a uma vontade, mesmo que longínqua, de mudar algo.

Sempre é assim: surge a dúvida, dobra a covardia. Dessa forma, ficamos mergulhados numa teoria sem fundamento. Vivemos de ameaças, de um amanhã que nunca chega. Adiar aquela conversa no trabalho sempre parece ser a melhor coisa. Certamente, uma solução momentânea (e às avessas).

A incerteza causa medo, atormenta o simples caminhar, muda o olhar. Tudo fica sem cor. Perdemos o lado prático de viver. A dúvida inibe a felicidade, causa uma depressão e derruba a auto-estima. A indecisão nos distancia da linha de chegada. O possível tocante torna-se o impossível longínquo. O imperativo vira condicional. O vocabulário fica à moda do “ou” (lembrei-me de Cecília Meireles, com a sua dúvida poética em “Ou isto ou aquilo”). Não existe convicção. Sobra desconfiança.

Sair ou não nesta noite? Calça jeans ou bermuda? Ligar ou não ligar? Massa ou carne? Fumar agora ou depois? Será que devo viajar nesse feriado? Qual filme assistir? Como terminar essa crônica?

Meu Deus, que dúvida!

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