Tentar entender a mágica que faz com que as pessoas gostem desse ou daquele indivíduo, o que faz as pessoas se unirem, sempre foi um mistério atraente para artistas e cientistas; para homens e mulheres; para apaixonados e abandonados.

O casamento e o vínculo afetivo entre duas pessoas nem sempre foi vivido na forma com que o conhecemos atualmente. A idéia de casamento por amor e do amor romântico é relativamente recente na história humana. A idéia do amor romântico surgiu na época medieval, associada ao amor platônico e de forma não vinculada ao casamento. Essa forma de união estável, monogâmica e eterna, associado ao amor, nos remete ao século passado. Mas, devido às diferenças de poder existente na época, entre os gêneros masculino e feminino, fica difícil imaginar que as escolhas fossem realmente livres.

Hoje, a idéia da escolha por amor alcança seu auge. O sonho da "metade da laranja", da "tampa da panela", das "almas gêmeas" - ainda que muitos afirmem que já não acreditam mais em tal encontro - ainda permeia nossa busca pelo parceiro. Isso pode parecer estranho, quando constatamos que a quantidade de separações também parece ser maior que em outras épocas. É inevitável a pergunta: por que será que, no momento em que temos maior liberdade de fazer escolhas guiadas por nossos sentimentos, os casamentos parecem durar tão pouco? Será que existe mesmo esse amor tão buscado?

Ocorre, no entanto, que além da idéia de amor romântico, um outro ideal é colocado para nós nos dias atuais: o individualismo. Além de nos "cobrar" que encontremos, em algum lugar deste planeta, alguém que irá nos satisfazer por completo, a sociedade quase nos compele a sermos ricos, profissionalmente bem colocados, pessoalmente "resolvidos", bonitos, eficazes, entre muitas outras difíceis atribuições para "pobres mortais".

Esses dois ideais - que podem parecer antagônicos (romantismo e individualismo) - presentes quando falamos da escolha amorosa, estão muito próximos, pois tangem no seguinte ponto: colocam o outro no papel daquele que existe para nos fazer feliz, como aquele que só deve nos dar satisfação. O namoro, o casamento, ou qualquer vínculo amoroso mais próximo recebe o difícil papel de ser perfeito: ou porque completa (então não há lugar para a falha), ou porque ninguém precisa dele ("se for para dar trabalho, melhor ficar só").

Vocês devem estar se perguntando: o que todas essas compreensões psicológicas e contextualizações históricas estão fazendo em uma coluna sobre cyberpsicologia?

Começar um relacionamento pela Internet pode dar certo?

É inegável o importante papel que os sites de encontros, os chat's, os email's, bem como todas as outras formas de comunicação entre as pessoas via Internet, vêm tendo sobre essa busca do parceiro amoroso. Todos os dias, milhares de pessoas se comunicam via Internet na intenção de encontrar alguém que corresponda às expectativas de completude e, ao mesmo tempo, de liberdade. Alguns desses encontros "dão certo", outros não. Como sempre foi e, talvez, sempre será. Porém a Internet, possibilita um elemento que parece fundamental nesse primeiro momento da conquista, mas que pode ser uma arma a favor ou contra o seu sucesso: a possibilidade das pessoas se refugiarem na fantasia. Para corresponder a esse ideal de não frustração, as pessoas também devem se mostrar perfeitas.

Nesse ponto, o espaço virtual da rede facilita o campo para a expressão das fantasias e idealizações, que podem ser muito sedutores no início de uma relação, mas que trazem em seu bojo o risco de aumentar as frustrações no desenrolar do contato.

Algumas características do contato via Internet (o anonimato, a possibilidade de experimentarmos outras facetas de nossa personalidade, o descompromisso), facilitam algum "disfarce" das nossas fragilidades e dificuldades, que não são vistas com bons olhos, nos dias de hoje. Tentamos parecer perfeitos e o outro também se mostra assim. Desse modo, a idealização, que em certa medida sempre está presente no vínculo amoroso, pode impedir que essa relação sobreviva a um contato presencial.

O que fazer, então? Como sempre, não há "receitas", ou modelos prontos de solução! Porém, podemos propor, como alternativa para este difícil momento de transição, que tentemos nos mostrar por inteiro (seja na net, num bar, num cinema ou numa "balada"), com nossas imperfeições e potencialidades. E, ao mesmo tempo, termos em mente que ali na nossa frente, existe uma outra pessoa que, como nós, está também ao mesmo tempo assustada e encantada com a possibilidade de um novo encontro amoroso; ou, quem sabe, daquele encontro que será o definitivo e pleno!

Por Juliana Zacharias- Psicóloga componente da equipe do NPPI

O psicanalista Júlio Nascimento,Nesta entrevista ,fala sobre as principais dificuldades que o jovem homossexual enfrenta ao lidar com sua sexualidade e com a família e dá dicas sobre o que considera mais importante para uma boa convivência desses jovens consigo próprios, com seus pais e a sociedade.

Entrevista: Carolina Hungria e Washington Calegari


Entendendo a própria sexualidade
A primeira grande dificuldade que o jovem homossexual enfrenta é a intrapsíquica: o indivíduo muitas vezes não conhece e não aceita a sua sexualidade ou não conhece referências mínimas internas para concebê-la, dado que o que se apresenta na realidade dele, pelo menos na realidade visível, é sempre um padrão heterossexual. Na nossa mente, a gente concebe um conceito que se chama ideal de eu, o eu que nós imaginamos ser ideal para nós sermos, construído a partir de todas as nossas experiências. Então tem um conflito muito grande desse sujeito, porque ele se vê desejando ser heterossexual, porque faz parte do ideal de eu dele, e a dificuldade da experiência sensória e amorosa é outra. Então essa é a primeira coisa, para ele viver sua própria sexualidade, ele vai precisar aceitar que esse ideal de eu é um ideal construído, relativo.

Isolamento
Normalmente, por se sentir diferente, o jovem homossexual já tem um histórico de isolamento familiar, ou de isolamento do próprio grupo de escola, de amigos. Então isso já faz com que ele tenha um pouco menos de habilidade social, ele vai se fechando. Por isso a gente encontra muitos gays tímidos, fechados, muito estudiosos, é um padrão, não é 100% real, mas é bastante freqüente, porque é uma forma de proteção, ele investe a s energias dele em outras áreas que não a sexuais e amorosas, justamente com medo de que seja descoberto ou mesmo pela impossibilidade de compreender aquele universo.

Família
Uma outra coisa que é bastante conflitiva é a família, porque geralmente a pessoa imagina que o familiar não vai receber bem essa nova definição da personalidade dele. Em parte, existem fantasias, que impedem inclusive que essa pessoa se aproxime da família, dos amigos, mas em alguns casos existem família, amigos, que realmente são violentos em relação à aceitação. Mas é esse o problema: o paciente nunca sabe exatamente qual vai ser a reação, então ele tem desde as histórias folclóricas, passando pelas histórias verídicas realmente violentas, até uma possibilidade de aceitação.

Cultura

A terceira dificuldade, que eu acho q eu é a mais grave, á a mais difícil de você dominar, é justamente a própria cultura. Ao mesmo tempo que eu estou fazendo uma séria crítica à nossa cultura recente de que existem modelos bastante estereotipados para você se identificar sexualmente, a gente não pode negar que essa liberdade gera uma demanda de visibilidade, uma demanda de se ver, de se reconhecer na TV, no cinema, no teatro. Obviamente a nossa arte ela não é só medíocre, ela tem uma gama de pessoas maravilhosamente criativas, então há filmes maravilhosos, programas de TV maravilhosos, peças de teatro excelentes, uma mídia virtual que às vezes oferece material de extrema qualidade. Hoje é inegável que você tem para o adolescente a possibilidade de ele entrar em contato com um universo simbólico muito melhor e ainda assim bastante diversificado.

CONSELHOS PARA OS JOVENS


Construindo relações verdadeiras

A primeira coisa que aconselho para o jovem é procurar ter uma relação melhor com sua família, procurar ter uma relação melhor com seus amigos. O quer é ter uma relação melhor? Quando você não é verdadeiro, honestamente, no sentido emocional mais profundo do termo, você tem um empobrecimento relacional, e você perde em cumplicidade, intimidade. E a única coisa que vence o preconceito é a intimidade. Estudos mostram que não é um argumento racionalmente elaborado que muda a atitude preconceituosa.

O vínculo amoroso vence o preconceito

A coisa mais potente para derrubar o preconceito é uma experiência particular com o indivíduo daquele grupo contra o qual você tem preconceito. E geralmente o vínculo amoroso como esse indivíduo ganha esse conflito. Então o melhor conselho que eu dou para um jovem que está pensando em falar da sua sexualidade é: construa relações profundas, significativas com as pessoas. Se você construir essas relações, certamente você vai escolher pessoas que te respeitem, porque você vai criar uma relação íntima e profunda tem uma zona de cuidado com o outro, e obviamente tudo o que cair nessa relação vai ser cuidado, vai ser respeitado.

Escolhendo para quem contar

Além de criar uma boa relação com sua família e com seus amigos, escolha os seus melhores amigos, os mais íntimos, que você confia e cuida mais e fale somente para eles. E outra coisa: nunca fale da sua sexualidade para alguém com quem você não tenha uma extrema intimidade, porque a sexualidade é um assunto íntimo. Então comece conversando com pessoas em quem você pode confiar. E se você tiver algum problema, procure orientação de um psicanalista, ou de um psicólogo, mas aí você tem que ter um cuidado muito grande na escolha, porque não pode ser uma pessoa preconceituosa, tem que ser uma pessoa que entenda de sexualidade.

Homossexualidade não é doença

Hoje a gente tem grandes psicólogos, que fazem pesquisas maravilhosas, que concebem a sexualidade de uma maneira muito interessante. Tanto que boa parte desses psicólogos se reuniram e construíram uma legislação que hoje proíbe qualquer psicólogo do Brasil a exercer atividade discriminatória contra a homossexualidade, ou mesmo tratar a homossexualidade como doença. Hoje você pode sofrer um processo ético se, por exemplo, tratar um paciente como se ele fosse doente por ele ser homossexual.

CONSELHOS PARA OS PAIS


Pais esclarecidos, filhos bem resolvidos
Para os pais, eu digo: aceitem. Não há outra solução. Basicamente, a principal coisa que tem que ser dita aos pais é que não há como seu filho mudar a sua orientação sexual. Não há essa possibilidade. Quanto mais cedo você aceitá-lo, melhor. A segunda coisa que eu acho que tem que se dizer é: você não tem noção do quanto a sua não aceitação sobre seu filho pode causar efeitos nefastos e muito duradouros ele. A maioria dos filhos que sofre muito, atrozmente, são filhos de pais que não aceitam, a sua sexualidade. Tem pacientes que eu atendo com 40, 50 anos, que já saíram completamente da vida de jovens, são pessoas maduras, que sofrem conseqüências muito penosas por terem sido rejeitados pelos seus pais. Isso é terrível. Ao passo que uma mãe e um pai que aceitam seus filhos, a diferença é gritante, como essas pessoas são mais equilibradas emocionalmente.

Renúncia aos ideais
Para os pais, geralmente, também há um grande conflito. Dentro do ideal de eu, também tem o ideal de pai, e o ideal de pai é o ideal de um pai que tem um filho de determinada maneira. Então é muito importante que todos os pais que soubessem da sexualidade dos seus filhos procurassem uma ajuda psicológica, porque eles vão ter que fazer uma renúncia aos seus ideais.

Apoiando as decisões dos filhos
Os pais têm que imaginar que a vontade do filho é soberana em relação à vida dele, e também ter uma concepção de que é importante apoiar as escolhas e decisões dos filhos. E isso já é um grau de elaboração muito grande. É muito difícil você renunciar a um ideal se você não tem nenhuma força contra isso. Então o trabalho dos pais é mais difícil mesmo. Por isso eu acho que é mais importante que os pais sejam acompanhados psicologicamente do que os filhos, porque eles é que vão ter que fazer uma renúncia forte. Às vezes surge um sentimento de culpa, como se eles fossem responsáveis pela sexualidade, isso não é verdade. Ninguém consegue criar desejo em outra pessoa, isso é impossível. Do mesmo jeito que você não consegue seduzir uma pessoa que não esteja te desejando, você não consegue impedir que uma pessoa deseje determinado objeto.

Todos nós, algum dia, já tivemos medo de errar, de tomar alguma decisão e mais tarde chegar à conclusão de que ela não foi a decisão mais acertada!
Mas existem pessoas que têm verdadeiro pavor de errar até nas mínimas coisas. Estão sempre preocupadas, agitadas, nervosas, aflitas, fazendo de tudo para acertar, policiando-se o tempo todo! E, mesmo que não queiram, sempre procuram fazer de tudo para não errar (tudo mesmo).
E o pensamento fixo em não errar leva-as a procurar prever todas as possibilidades possíveis do evento para nunca errar.
Quer um exemplo de como pensam estas pessoas? Vamos nos colocar no lugar delas e imaginar uma situação......
Você vai sair hoje à noite: é o primeiro encontro!
Comece pensando nas condições climáticas: será que vai chover? Seria bom levar um guarda-chuva. E se esfriar? É melhor levar também uma blusa.
Mas também é preciso pensar que a temperatura pode estar amena.
Que roupa usar? Qual delas será a melhor? Sua roupa deve estar impecável, sua aparência idem, tudo tem que estar perfeito, nos mínimos detalhes!
Antes de sair, você vai passar horas na frente do espelho fazendo caras e bocas, vai imaginar todas as situações possíveis de acontecer (se a pessoa disser isto ,eu vou dizer tal coisa...,vou passar a mão no cabelo três vezes, vou cruzar apenas a perna direita, não vou colocar o cotovelo na mesa, etc...) e planejar a melhor forma de se comportar para causar a melhor e mais perfeita impressão possível (porque você não pode errar, tudo tem que sair perfeito!!!).
Para essas pessoas é necessário, imprescindível, que tudo dê certo nos seus mínimos detalhes!
E esta situação se repete, praticamente, em todos os momentos da vida destas pessoas que não aceitam errar!
É claro que todos nós desejamos que tudo sempre dê certo, mas, na maioria das vezes, feliz ou infelizmente, as coisas nunca acontecem conforme planejamos. Para aquele que tem medo de errar isto é um caos . Ele sempre pensa: "Onde foi que eu errei? A culpa é toda minha porque eu não pensei que isto poderia ocorrer!"
A culpa é sempre dele, porque ele não foi capaz de prever aquela situação, nunca de outra pessoa ou mesmo do acaso! O que fazer para evitar se sentir culpado? Prever e planejar cada vez mais cada detalhe para tudo dar certo (porque a sensação de culpa provoca uma dor insuportável e é preciso evitá-la a qualquer custo!).
Quanto tempo perdido! Que sofrimento, não é?
E é por isso que essas pessoas vivem agitadas, nervosas, tensas...Sempre pensando, tentando prever o que fazer para não errar e, na maioria das vezes, errando e sofrendo....Perdem um tempo enorme de suas vidas, muitas vezes deixam de viver momentos preciosos por estarem ocupadas com seus pensamentos e planos...E elas jamais se conscientizam de que a vida é imprevisível, e que quase sempre tudo dá errado!( exatamente o contrário do que elas esperam...)
Lembre-se : ninguém é perfeito, errar é humano. É preciso aceitar os erros, aprender com eles (em vez de ficar se culpando) e, quem sabe, tentar não errar na próxima vez!!

Dra Olga Inês Tessari
Psicóloga e Psicoterapeuta desde 1984
Pesquisas - Consultoria - Supervisão
Escritora - Palestrante

www.ajudaemocional.com

Quem dera que maternidade fosse só apertar as bochechas, estudar junto e ajeitar o cobertor antes de dormir. É como dizem: não basta ser mãe, tem que participar – e isso inclui a parte chata da coisa, que é mandar tomar banho, obrigar a comer verdura ou desligar a televisão porque já está muito tarde. Isso porque é função dos pais educar e dar limites aos filhos, que de vez em quando custam a entender o recado. Aí você fala uma, duas, dez, vinte vezes e parece que não adianta nada. Nessas horas, haja paciência!, será que dá para continuar só no papo ou é melhor partir para um argumento concreto? Ou seja, uma boa palmada.

A questão é polêmica: alguns pais preferem impor autoridade sem apelar para a violência e não levantam a mão em hipótese alguma. A dentista Tânia de Souza admite que tem dias em que o comportamento da filha dá nos nervos, mas ainda assim prefere contar até mil em vez de partir para a agressão física. “Nunca bati na minha filha. Dou esporro, berro, como se faz com um adulto. Questiono porque ela fez aquilo e peço para não repetir”, conta a dentista. Na casa dela, nem castigo tem vez. “Sou a primeira a ficar com pena e querer tirar, então é melhor nem pôr de castigo! Procuro dar o máximo de liberdade e, quando digo ‘não’, ela respeita”, revela, lembrando ainda que foi mãe cedo e talvez por isso o entrosamento entre as duas seja tão bom, um vez que não existe o chamado conflito de gerações.

Por mais que a má-criação seja daquelas, o tapa pode doer mais na mãe do que no filho. É o que conta a designer Carla Ribeiro, que confessa morrer de arrependimento quando bate nas crianças. “Eu só dou palmada em último caso, depois de pedir quinhentas vezes em vão. Mas depois eu choro escondido, me sinto incompetente como mãe por não conseguir me impor apenas através das palavras. Converso com eles e peço desculpas, explicando que não quero ter que fazer isso de novo e que espero que eles me obedeçam na próxima vez”, revela Carla. Mesmo sofrendo com isso, ela afirma que a palmada tem seu valor e que as crianças aprendem que não podem repetir o erro. “Tem vezes em que a palmada é um mal necessário”, teoriza.

Sem crise de consciência, há pais favoráveis a uma boa palmada de vez em quando, como o empresário Denis Bonfim. “Eles aprontam demais e brigam entre si. Ou seja, merecem apanhar. Tem coisas que eles só aprendem na porrada mesmo”, diz Denis, que é adepto da palmada, mas nunca da surra. “Tem gente que dá chinelada, cascudo, eu não concordo. Mas um tapa na mão ou no bumbum não faz mal a ninguém. Muito pelo contrário!”, completa.

A psicóloga Olga Inês Tessari assina embaixo e afirma que tem horas em que não adianta falar: só uma palmadinha adianta. “Não é pra bater quando está com raiva para não machucar a criança e sim mostrar autoridade, quando a argumentação não está funcionando, mesmo que seja em público. Dessa forma, os pais estão preparando os filhos para o mundo, que dá tantos tapas na gente”, defende a psicóloga, garantindo ainda que a criança chora na hora em que apanha, mas é capaz de entender que estava errada e que mereceu ser repreendida. Quando a criança revida o tapa, Olga sugere o seguinte: “mostrar o tamanho da mão e usar o argumento de que se a mãe for bater vai doer muito mais”, aconselha. Contudo, Olga não é de forma alguma favorável a surras ou palmadas com muita freqüência. “O recurso da palmada só vale em último caso. Se for um hábito, é sinal da falta de autoridade dos pais e hora de rever o tipo de educação que estão dando aos filhos”, diz ela.

Já terapeuta de família Verônica Muraro afirma a importância de dar limites às crianças sem recorrer à agressão física ou emocional. “A criança tem que saber que não pode tudo e que não manda nos pais, mas bater não é a solução para isso. Se não, ela vai achar que brigando e berrando é que se dá limites aos outros, uma vez que foi assim que lhe foi ensinado. Os pais têm que dar limite com limite”, pondera a terapeuta. Segundo Verônica, quando a criança vai crescendo, os pais devem tentar entrar em um acordo com ela.”O adulto deve mostrar que existem coisas chatas que precisam ser feitas, como estudar, comer verdura... Mas também existem as compensações como brincar, jogar videogame”, afirma Verônica, acrescentando ainda que a mesma mãe que diz “não” deve também sinalizar quando o filho fizer algo legal. “Assim ele vai ter a exata noção do que é bom e o que não é”, conclui.

Bater ou não bater: eis a questão!

Freqüentemente alguns pais chegam ao consultório trazendo esta questão que tanto os aflige.

Se batem, sentem-se culpados ou procuram justificativas e o apoio para o que fizeram. Se não batem, sentem-se perdidos e perdendo o controle da situação.

Pessoalmente, não acredito que a punição física seja a melhor solução para educar uma criança. É importante pensar em métodos eficientes e construtivos para colocar limites nos filhos.

Adolescentes e adultos relatam mais tarde o quanto sofreram com tapas, surras e beliscões e como sentiram-se humilhados, além de lhes ter gerado sentimentos de mágoas e ressentimentos. O reflexo disto pode atingir vários setores: descontar no irmão menor ou nos colegas de escola, tirar notas baixas, quebrar objetos importantes para os pais, etc.

O castigo é uma alternativa mais eficaz pois tem a função de fazer a criança parar para refletir e comprometer-se com seu ato.

A punição física, em compensação, funciona como um pagamento pelo que a criança fez: ela compra a liberdade de continuar a fazer tudo igualzinho. "Apanhava, pagava meu preço e logo em seguida estava pronta para outra", relata uma adolescente.

É bem verdade que, em muitas ocasiões, as crianças sabem como ser exasperantes! Provocam seus pais e quase os levam ao desespero. Quando não levam! E é nesta hora que os pais se descontrolam e batem.

Batem porque foram postos à prova em sua posição de autoridade ou porque foram expostos à uma situação constrangedora em público. Batem porque estão cansados, irritados ou frustrados com algo de ordem pessoal: trabalho, dinheiro, desilusões amorosas...

Como então condenar os pais se, afinal, todos somos vulneráveis ao descontrole?

Como lidar com a criança provocadora que, em busca do limite que seus pais deviam lhe assegurar, se depara com um adulto nervoso, descarregando nela uma cota de dor ou raiva que não foi desencadeada por ela?

Qualquer atitude extremada é sempre perniciosa!

Não bater e deixar fluir, fingir que não viu é:
1) permitir o desvio na hierarquia: através dos pais é que as crianças entram em contato com a hierarquia e aprendem a obedecer
2) correr o risco de criar rebeldes ou selvagens mal educados que começam a ser rejeitados pelo grupo de amigos, escola, a não receberem convites, a serem excluídos dos passeios e festas criar uma criança insegura que se sente desprotegida por não possuir pais competentes o bastante para deter seus impulsos

Bater, por sua vez é:
1) incitar a agressividade – quem já não ouviu a sábia frase "Violência gera violência"?
2) estimular a mentira – é comum observar crianças que escondem as verdades para se protegerem de apanhar e outras que desenvolvem o hábito de jogar a culpa em outras pessoas para se "livrar" da punição
3) desencadear o medo – há crianças que tornam-se fechadas, não expressam suas idéias claramente pelo medo tornando-se, mais tarde, pessoas sem iniciativa e pouco criativas

Diante deste impasse, os pais atuais começam a procurar por alternativas diferentes do modo como foram educados já que, ao longo do tempo, ficou mais que comprovado o quanto o uso da força é um método ineficaz para colocar limites nas crianças.

O castigo ainda é um recurso extremamente eficiente pois leva as crianças a desenvolverem um senso de responsabilidade sobre seus atos. Não basta simplesmente, levar uma palmada e tudo fica bem outra vez. Não basta um pedido de desculpas arrancado pela autoridade para "zerar" a grosseria ou falta de educação.

Quando colocamos uma criança de castigo, isto é, sentada em seu quarto ou sem ver seu programa de televisão preferido por exemplo, e lhe dissemos para parar e pensar no que fez, estamos ajudando-a a criar um senso próprio do que é certo ou errado. Afinal, nem sempre os pais estarão por perto para determinar o que é certo ou errado e elas necessitam ir criando suas próprias medidas sobre o que é um comportamento adequado.

Elisabeth Noël Ribeiro

Muitos de nós casamos pensando que nossas esposas são como nós e que sentem e pensam as mesmas coisas que nós sobre a vida.

Obviamente, isso inclui deixar charmosamente no meio da sala o par de sapatos e ter uma peça de roupa elegantemente jogada a cada metro quadrado da casa.

Ah! Como era romântico... Ela sorrindo e dizendo que eu era um lindo bagunceiro e eu, orgulhoso daquele elogio, pensava o quanto eu era sedutor como minhas lindas atitudes "masculinas".

Mas não demorou muito para que eu começasse a ter dúvidas quanto a se eu realmente estava agradando (por volta de umas 48 horas após a lua de mel). Aquela frase soou nos meus ouvidos como o estrondo de uma bomba que anuncia que a vida não será um mar de rosas.

-"Se você pensa que vou passar minha vida, catando suas roupas pela casa, você está muito enganado!"

Não me alongarei e nem perturbarei vocês com a descrição de todo o contexto que aquela pobre cueca azul clara no meio do quarto desencadeou, pois certamente isso vocês podem imaginar. Mas a melhor esposa do mundo (provavelmente ela irá ler este texto), me fez pensar que pela sua cabeça deveria estar passando mais ou menos a seguinte reflexão:
- Será que eu não me casei com o Dr. Jekyll (o médico e o monstro)?
- Por outro lado, minha esposa já não tinha dúvida alguma. Ela tinha se casado com um monstro.

Mas eu tinha certeza, e realmente eu queria acreditar que eu tinha feito a escolha certa ao me casar com ela. Repeti várias vezes, em voz alta, no intuito de convencer a mim mesmo de que não me restava nenhuma dúvida quanto a minha escolha. Isso, devo admitir, ajudou a refrear meu impulso de voar no pescoço dela!

Duas pessoas não podem viver uma relação intensa e intimamente sem descobrir diferenças bastante significativas entre elas. Obviamente a exceção a essa regra é quando uma delas se anula completamente e vive a vida do outro. Mas isso acaba sendo surgindo uma classe de problemas que poderá gerar um belo texto outro dia.

A maioria das pessoas vê as diferenças entre um casal como uma ameaça a uma harmonia idealizada e jamais vivida, que é a continua igualdade de querer as mesmas coisas no mesmo tempo.

Mas se a diferença é inevitável, como então encantar minha esposa?

Bem, o que grande parte dos homens faz, e não devia, quando emergem as diferenças é tentar (doce ilusão) tornar as parceiras mais parecidas a eles próprios. As mulheres também podem ter uma reação semelhante diante desta situação.

Mas vocês têm certeza de que gostariam que sua esposa se parecesse com vocês?

No meu caso, eu não gostaria. Na verdade, eu não me suporto. Daí nunca casaria comigo mesmo. Detesto pessoas barrigudas!

OK! Mas o que fazer?

Primeiro não faça a ela o que você gostaria que fizessem para você. Afinal você não casou com um homem com uma discreta barriga e um leve início de deficiência capilar.

Portanto, tente agradar sua esposa com coisas e atos de que as mulheres gostam.

Esqueça aquele conjunto de rodas de liga leve para o carro dela!

Falando um pouco mais sério, muitos casamentos naufragam pela incapacidade de homens e mulheres de se encantarem renovadamente pela vida e em conseqüência começarem a se sabotar e gera vinganças ou revanches de suas frustrações.

Portanto aprender a agradar sua esposa (não somente na cama, garanhão) é uma forma de prevenir as crises no casamento.

Não tente entender porque ela gosta disso ou daquilo. Talvez fosse assim na família de origem dela, ou era disso que a mãe dela sempre reclamava do pai não fazer ou perceber, ou mesmo só porque uma amiga a influenciou. Contudo, o mais importante é querer agradar.
O tempo todo?
Não! Pelo amor de Deus!
O tempo todo é rotina, não é agrado.
Vamos lá! Permita-se ser um pouco mais criativo.
Não diga que você não tem gosto ou qualquer outra desculpa.
Na verdade, você não gasta tempo e atenção para agradar sua esposa.
Na verdade, você reserva apenas minutos da sua semana para pensar em algo a fazer ou comprar para ela.

Todos nós sabemos que as mulheres não são fáceis e que, por definição, elas pensam que nós somos errados desde o momento em que dizemos o primeiro "não" na nossa vida (óbvio que o primeiro "não" é dito para uma mulher). Mas não é isso o que importa. O mais importante é a nossa eficiência em agradá-las. Afinal queremos e precisamos ser agradados também.

Sergio Garbati Gorestin

O estresse é definido como um conjunto de reações do organismo à agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase ( equilíbrio/estabilidade).

Não há dúvida que o estresse acarreta uma reação fisiológica de impacto em nosso corpo: altera a respiração, os batimentos cardíacos, o consumo de oxigênio e todo o nosso bem estar.

Por mais incrível que possa parecer, o estresse vem se tornando parte de nossas atribuladas vidas e alguns de nós já começamos a nos acostumarmos a ele...
Em pequenas doses, pode vir a ser algo positivo na medida em que ajuda-nos a ficar mais alertas e a potencializar a memória. Entretanto, situações prolongadas de estresse ou mesmo o estresse crônico podem acarretar sérios e irreversíveis danos à nossa saúde, às funções cognitivas e, principalmente ao espírito!

As fontes de estresse são muitas e variadas. Podem ser transitórias ou pertencer ao ciclo de mudanças naturais da vida como divórcio, por exemplo, ou a perda de um ente querido. Também estão ligadas a causas externas como trabalho e escola ou à conflitos pessoais como timidez e solidão.

A maneira de lidar com o estresse varia amplamente de indivíduo para indivíduo e depende de fatores como:

- vulnerabilidade - há pessoas mais resistentes à frustração sendo, portanto, menos vulneráveis a serem atingidas e outras com baixa resistência à frustração o que as torna facilmente fragilizadas.

- recursos de colaboração - se há uma disponibilidade de ajuda no núcleo familiar, entre amigos, colegas de trabalho ou escola, a superação do problema é alcançada com maior facilidade.

- flexibilidade – pessoas mais rígidas tendem a estressar-se com mais freqüência do que aquelas com maior capacidade de adaptação à situações novas, por exemplo.

- capacidade de recuperação – algumas pessoas permanecem mais tempo no estado de sofrimento pela dificuldade em obter recursos próprios que as levem a sair da situação dolorosa e estressante a que estão expostas.

A predisposição genética para a ansiedade e também fatores familiares muito contribuem para o estresse e precisam ser levados em consideração. Observamos dinâmicas familiares onde seus membros ora agem de forma a amenizar os fatores de estresse, ora exacerbam os mesmos fatores.

Quem de nós já não conviveu com uma família estressada onde qualquer situação banal é dramatizada ao extremo por todos? E onde um simples episódio transforma-se logo em gritaria ou drama, paralisando a todos e acabando por contagiar a quem esteja por perto?

E quantas famílias, também já assistimos, que conseguem driblar, contornar e tranqüilizar a todos a sua volta diante da experiência de uma situação pesada ou difícil?

Observando a maneira como algumas famílias se unem em torno de uma meta comum para expulsar o estresse para fora de suas vidas é que podemos constatar como elas podem ser engenhosas em fabricar soluções para amenizar o impacto que o estresse causa.

Uma família bem estruturada ensina-nos, desde pequenos, a usar nossos recursos internos e nossa energia da melhor forma possível para encarar e contornar uma simples tarefa de dever de casa até a entrevista para o nosso primeiro emprego. São famílias constituídas por pais e avós acolhedores e sábios que preservam os velhos hábitos de férias familiares, jantares em comum, participação ativa nas conquistas e dores que atingem a cada um.

Elisabeth Noël Ribeiro

Pode ser que você ainda esteja buscando um amor romântico, do jeito que temos idealiza há tanto tempo. Quase todos nós nos emocionamos ao ver duas pessoas no altar prometendo o amor eterno. Não sei quantos relacionamentos você já teve, mas o tempo mostra que esse sentimento não consegue sobreviver à dura realidade da convivência.

Mudam-se os atores, mas o roteiro é o mesmo. A tendência é você repetir os erros, atribuindo ao outro o papel de provedor de sua felicidade ou infelicidade, dependendo da fase da relação em que vocês se encontram.

Esperamos que a outra pessoa entre em nossas vidas para preencher o vazio que sentimos. Mas, não nos damos conta de que esse vazio nos acompanha desde a infância, desde sempre.
No útero, vivemos uma situação de aconchego que é rompida no nascimento. Esta sensação é então substituída pelo inevitável sentimento de desamparo que nos persegue por toda a vida. Sem contar também que pertencemos a um plano espiritual e em nossa estadia aqui na Terra temos a sensação de que somos separados da infinita Unidade.

A busca de uma cara metade, de alguém perfeito para nós é uma tentativa de tapar esse buraco, de amortecer a dor pelo fato de nos sentirmos sós. Projetamos no parceiro o que precisamos e queremos que ele se comporte de acordo com as nossas necessidades.

É muito bom quando encontramos alguém com quem podemos estar juntos, relaxar, trocar carícias, amar. O problema aparece quando passa a fase da paixão e a personalidade de cada um se evidencia. Inicia-se então um jogo de poder para saber como o relacionamento irá se desenvolver. Vai ser de que jeito, do seu o do meu? Qual é a cara que esse namoro terá?
Pode ser que cada um dos dois tente impor seu próprio ritmo e isso gere uma disputa sofrida e interminável. Pode ser que um dos dois ceda, anulando-se na relação. Se isto acontecer é provável que o parceiro o despreze depois. Muitos círculos viciosos acontecem destruindo qualquer tentativa para que o romance seja bem sucedido.

Esta questão só se resolve quando cada um dos cônjuges compreende o que quer para si e para o seu relacionamento. Qual é a sua intenção? Somente com muita consciência e autoconhecimento é que você pode fazer uma opção por uma vida baseada em suas virtudes e não nos seus vícios e repetições inconscientes.

Um passo importante para estabelecer relações saudáveis é quando você escolhe o caminho do crescimento espiritual. Assim sua atitude muda. Você não espera mais que seu companheiro lhe dê aquilo que está faltando. Os dois se trabalham o tempo todo, cada um funcionando como espelho para que o outro se enxergue melhor. Os conflitos não são mais vistos como algo ruim, mas como oportunidades de crescimento.

Assim, a parceria deixa de ser algo fantasioso para funcionar como suporte de uma jornada que nem sempre é fácil, mas com certeza é virtuosa.

Sergio Savian

Muito antes de ocorrer a separação física dos pais, ocorre a separação emocional que, em muitos casos, leva a desentendimentos, desencontros, quando não, às agressões físicas e à violência psicológica.

A criança que presencia estas cenas sofre muito, pois trata-se das pessoas que mais ama e necessita. Até mesmo bebês muito novos, embora não tendo compreensão da situação, conseguem captar a tensão do ambiente familiar e "saber" que algo está muito errado, expressando seus sentimentos através do choro e agitação, inclusive com alteração dos batimentos cardíacos e aumento da pressão arterial.

Em todos os casos, mesmo percebendo a infelicidade dos pais, a separação é sempre um impacto muito doloroso e profundo, que deixa marcas.

As crianças em idade pré-escolar parecem ser as mais atingidas aos efeitos negativos da separação, porque seu desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreender o que está acontecendo.

Assim, bebês até dois anos podem desenvolver atitudes mais medrosas e certa regressão, enquanto crianças de quatro e cinco anos podem fantasiar a separação como temporária, tal e qual quando brigam com seus amiguinhos e depois fazem as pazes. Mas, a criança de cinco e seis anos, tende a se sentir culpada, como se tivesse feito ou pensado algo muito errado e por isso os pais brigaram e vão se separar. Desenvolve, então, um sentimento de responsabilidade pela reconciliação dos pais, muitas vezes apresentando atitudes de autopunição, como se merecesse sofrer por ter falhado.

A criança em idade escolar tem compreensão melhor dos problemas paternos e das razões para a separação, embora muitas vezes sinta-se abandonada e com raiva deles. Em muitos casos, o rendimento escolar é prejudicado e surgem problemas de comportamento em casa e na escola, torna-se impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo tempo que demonstra maior dependência e ansiedade.

Os conflitos conjugais e a separação colocam os pais num tal estado de preocupação e perturbação, que fica difícil dar assistência emocional aos filhos, agravando ainda mais o desespero, a angústia e a insegurança deles.

O primeiro ano após a separação é o mais devastador e crucial para todos. Seja qual for a figura parental que obteve a custódia dos filhos, os problemas se acirram com muita intensidade até aproximadamente o segundo ano quando, então, podem começar a declinar.

É que com a separação, os pais encontram novos problemas e dificuldades ante a administração e adaptação da nova vida. Geralmente decai o orçamento doméstico o que acarreta mais mudanças significativas em todo o contexto familiar, intensificando a frustração, mágoa e raiva. O filho sente falta da presença da figura parental ausente, enquanto aquele que ficou com a custódia tende a ser mais frio e insensível com a criança, por vezes não impondo limites em seu comportamento ou, ao contrário, castigando-a por qualquer motivo pela dificuldade de se comunicar com ela e lhe dar apoio.

De um modo geral, as crianças podem ficar deprimidas, tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais agressivos e rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do apetite, dificuldade de concentração e perda do interesse pela vida social.

Mas, se a separação é tão nociva para a criança, a manutenção de uma relação infeliz, quando as figuras parentais apresentam hostilidade e agressão entre si, chegando a gerar tensões quase insuportáveis, é muito mais prejudicial à saúde física e mental da criança. Presenciando estas atitudes e comportamentos dos pais, aprende que os conflitos e problemas devem ser resolvidos com agressividade e intolerância. Assim, viver apenas com um dos pais, é a solução mais adequada e saudável.

A longo prazo, alguns filhos de pais separados podem tornar-se mais ansiosos, com grande dificuldade em manter relacionamentos amigáveis ou amorosos, por medo de serem traídos, magoados e abandonados.

Muitas crianças, ao contrário, conseguem superar a perda do pai com quem não estão vivendo, a perda das rotinas familiares e suas tradições, e a segurança de se sentir amadas e cuidadas por ambos os pais. Apresentam, também, maior capacidade adaptativa ante as mudanças que se fizeram necessárias.

O modo como cada uma se ajustará à separação, depende diretamente de como os pais lidam com o fato, como interagem entre si e com ela, antes e depois da separação.

Muitos pais deixam de informar seus filhos, pois acreditam que não vão entender por serem muito novos. Entretanto, a criança de qualquer idade capta que uma mudança está ocorrendo e percebe o clima cheio de tensão. Assim, usando uma linguagem adequada à idade de cada uma, ambos os pais devem informá-la da decisão tomada, sem entrar em detalhes que poderiam confundi-la muito mais que ajudá-la, além do quê, seria uma carga muito pesada para ela carregar num momento em que está tão necessitada de apoio emocional.

As crianças também precisam saber que não causaram a separação, para que se evite uma culpabilidade sem sentido e prejudicial.

Os pais devem explicar os arranjos da custódia para que não se sintam abandonadas e poderem se reassegurar de que continuarão a receber seus cuidados e amor, mesmo daquele que se ausentará do lar. Devem encorajar seus filhos a expressar seus sentimentos, sem julgamento e com compreensão, para que possam aprender a lidar com eles. Se a criança apresentar dificuldade em se expressar, os pais podem ajudá-la, admitindo seus próprios sentimentos de tristeza, raiva e confusão.

Pais separados não precisam ser amigos, porém, devem manter atitudes de respeito e auto-controle quando em presença dos filhos, principalmente as de apoio em questões que se relacionam com a educação e disciplina.

Finalizando, a criança tem necessidade de saber e de ser tranqüilizada para que possa sentir, de modo especial, que pertence aos pais e que deve começar a pensar neles como pessoas separadas. Os pais devem se expressar calmamente para ajudá-la a acalmar sua angústia e medo. Explicar que os adultos podem cometer erros como eles também cometeram, e que faz parte de seu crescimento um dia aceitar o fato de que são apenas seres humanos e, portanto, não são perfeitos como ela fantasiou. Assegurá-la que, a despeito das brigas e desavenças, sempre a amarão.

Um dado importantíssimo é que o pai ou a mãe que estiver com a criança, seja por custódia ou durante as visitas, evite desvalorizar o que está ausente, mantendo sempre atitude de respeito e cordialidade, para que a criança possa manter um desenvolvimento mais adequado e maduro.

Quanto mais os pais tomarem consciência de que são responsáveis pelo bem-estar físico e emocional de seus filhos, a despeito da separação, maiores as possibilidades de um futuro satisfatório para eles, pois as crianças dependem dos pais e se formam através deles.

Ana Maria Moratelli da Silva Rico
Psicóloga clínica

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