Muitos de nós casamos pensando que nossas esposas são como nós e que sentem e pensam as mesmas coisas que nós sobre a vida.
Obviamente, isso inclui deixar charmosamente no meio da sala o par de sapatos e ter uma peça de roupa elegantemente jogada a cada metro quadrado da casa.
Ah! Como era romântico... Ela sorrindo e dizendo que eu era um lindo bagunceiro e eu, orgulhoso daquele elogio, pensava o quanto eu era sedutor como minhas lindas atitudes "masculinas".
Mas não demorou muito para que eu começasse a ter dúvidas quanto a se eu realmente estava agradando (por volta de umas 48 horas após a lua de mel). Aquela frase soou nos meus ouvidos como o estrondo de uma bomba que anuncia que a vida não será um mar de rosas.
-"Se você pensa que vou passar minha vida, catando suas roupas pela casa, você está muito enganado!"
Não me alongarei e nem perturbarei vocês com a descrição de todo o contexto que aquela pobre cueca azul clara no meio do quarto desencadeou, pois certamente isso vocês podem imaginar. Mas a melhor esposa do mundo (provavelmente ela irá ler este texto), me fez pensar que pela sua cabeça deveria estar passando mais ou menos a seguinte reflexão:
- Será que eu não me casei com o Dr. Jekyll (o médico e o monstro)?
- Por outro lado, minha esposa já não tinha dúvida alguma. Ela tinha se casado com um monstro.
Mas eu tinha certeza, e realmente eu queria acreditar que eu tinha feito a escolha certa ao me casar com ela. Repeti várias vezes, em voz alta, no intuito de convencer a mim mesmo de que não me restava nenhuma dúvida quanto a minha escolha. Isso, devo admitir, ajudou a refrear meu impulso de voar no pescoço dela!
Duas pessoas não podem viver uma relação intensa e intimamente sem descobrir diferenças bastante significativas entre elas. Obviamente a exceção a essa regra é quando uma delas se anula completamente e vive a vida do outro. Mas isso acaba sendo surgindo uma classe de problemas que poderá gerar um belo texto outro dia.
A maioria das pessoas vê as diferenças entre um casal como uma ameaça a uma harmonia idealizada e jamais vivida, que é a continua igualdade de querer as mesmas coisas no mesmo tempo.
Mas se a diferença é inevitável, como então encantar minha esposa?
Bem, o que grande parte dos homens faz, e não devia, quando emergem as diferenças é tentar (doce ilusão) tornar as parceiras mais parecidas a eles próprios. As mulheres também podem ter uma reação semelhante diante desta situação.
Mas vocês têm certeza de que gostariam que sua esposa se parecesse com vocês?
No meu caso, eu não gostaria. Na verdade, eu não me suporto. Daí nunca casaria comigo mesmo. Detesto pessoas barrigudas!
OK! Mas o que fazer?
Primeiro não faça a ela o que você gostaria que fizessem para você. Afinal você não casou com um homem com uma discreta barriga e um leve início de deficiência capilar.
Portanto, tente agradar sua esposa com coisas e atos de que as mulheres gostam.
Esqueça aquele conjunto de rodas de liga leve para o carro dela!
Falando um pouco mais sério, muitos casamentos naufragam pela incapacidade de homens e mulheres de se encantarem renovadamente pela vida e em conseqüência começarem a se sabotar e gera vinganças ou revanches de suas frustrações.
Portanto aprender a agradar sua esposa (não somente na cama, garanhão) é uma forma de prevenir as crises no casamento.
Não tente entender porque ela gosta disso ou daquilo. Talvez fosse assim na família de origem dela, ou era disso que a mãe dela sempre reclamava do pai não fazer ou perceber, ou mesmo só porque uma amiga a influenciou. Contudo, o mais importante é querer agradar.
O tempo todo?
Não! Pelo amor de Deus!
O tempo todo é rotina, não é agrado.
Vamos lá! Permita-se ser um pouco mais criativo.
Não diga que você não tem gosto ou qualquer outra desculpa.
Na verdade, você não gasta tempo e atenção para agradar sua esposa.
Na verdade, você reserva apenas minutos da sua semana para pensar em algo a fazer ou comprar para ela.
Todos nós sabemos que as mulheres não são fáceis e que, por definição, elas pensam que nós somos errados desde o momento em que dizemos o primeiro "não" na nossa vida (óbvio que o primeiro "não" é dito para uma mulher). Mas não é isso o que importa. O mais importante é a nossa eficiência em agradá-las. Afinal queremos e precisamos ser agradados também.
Sergio Garbati Gorestin
- Jornal O Rebate
- Karina Terra