O casamento do Alfredinho Boca Livre, um ato de amor

O Sol irreverente invadia o quarto, deslizando suavemente pelas frestas da janela, anunciando a alegria de um novo dia, oferecerecendo a possibilidade de um renascer cheio de esperança, muito amor, e uma paixão sempre possível.

Um vento frio e seco, passeava entre as motanhas da região. O céu azul, sem manchas, parecia uma toalha estendida sobre o infinito. E as estrelas dormiam.

Sem saber bem porque, lembrei do livro que a francesa Françoise Sagan escreveu em 1958, “Bonjour tristesse”. Relata a história do pai de uma adolescente, eterno conquistador, que se ve apaixonado por uma linda mulher. A garota passa a ter um pensamento único, que é ser igual a amante do pai quando crescer. Uma história de amor que fez muito sucesso na época.

O computador ainda estava ligado.

A campainha do telefone gemia histéricamente na mesinha de cabeceira.

- Meu querido amigo, como está você ?

A voz forte do Alfredinho Boca Livre explodia naquela manhã ensolarada. O dia iria ser diferente, disso eu tinha certeza.

- Estarei aí na tua casa em duas horas. Quero te contar uma coisa.

Desligou o telefone, depois de me dar um abraço forte, e o infalível fique com Deus.

Para quem não conhece ainda o Alfredinho, devo dizer que o mesmo é uma figura folclórica na minha lista de amigos. Ele nunca aparece, nem telefona, naquelas datas tradiconais, em que os amigos afastados costumam nos procurar.

Nada disso. Ele detesta essas festividades.

Tempos atrás, eu assim expliquei o Alfredinho numa crônica:

“...O máximo que Alfredinho faz em termos de algo parecido com “trabalho”, é apresentar pessoas que precisam se conhecer.”

“...Se diz um ateu convicto, mas quando tem tempo, seu lazer preferido é entrar nas igrejas, templos ou mesquitas, e nelas descansar. Sempre convida os amigos para acompanha-lo.”

“...Antes que pensem que o Alfredindo Boca Livre é gay, devo dizer que as mulheres andam feitro moscas no mel em cima dele. Ele ama todas. Diz que amor tão forte, igual ao dele, não pode ser apenas direcionado para uma mulher. Ele acha que seria uma injustiça. Uma violência.”

“...Representa o homem livre, descompromissado, sem fronteiras, alma de criança, perspicácia de adulto, romântico, místico, enfim, Alfredinho tem tudo aquilo que os manuais que regem o sucesso do homem moderno não tem. “

Lá pelas 11 h da manhã, Alfredinho soltava do taxi na porta da minha casa.

Depois de um longo abraço, disse-me :

- Pena esta cidade não ter uma igreja agradável para irmos conversar. Mas tudo bem. Vamos sentar naquele banco que fica ao pé da sua sábia e frondosa castanheira. Tomaremos um fantástico suco de tomate temperado com folhas de hortelã bem picadinhas.

Depois de um certo tempo estavamos sentados sob a velha árvore. Alfredinho foi direto ao assunto que o trazia à minha casa:

- Segure-se no banco, porque vou te dar uma notícia que, relacionada a minha pessoa, é um verdadeiro absurdo. Mas não o é, creia. E devo te dizer que é a coisa mais emocionante e linda que já aconteceu na minha vida.

E arrematou:

- Eu me casei !

Quase caí do banco.

- Vou resumir a história: coisa de dois anos atrás, numa festa de políticos no sul de Minas, encontrei uma mulher maravilhosa.

- Todas as mulheres sempre foram maravilhosas para você, disse eu rindo.

- Engano seu. Tudo depende do que sentimos por dentro quando falamos que determinada mulher é maravilhosa. Todas as mulheres, realmente, o são. Eu nunca menti. Acontece, que esta é maravilhosa para o meu coração. É um maravilhoso pessoal. Mexeu comigo. Alterou todo o meu sistema. Conversamos muito no dia do nosso primeiro encontro. Seus olhos cintilavam. Os meus também. Subitamente me ví apaixonado por aquela mulher. Mas, na época, surgiu um grande problema, pois ela soube da minha fama de conquistador e sedutor. Eu a procurava e ela fugia. Vivia me escapando por entre os dedos. Conversávamos muito. Telefonava sempre para ela. Sorridente, esbelta, uma voz deliciosa, não deixava transparecer para os outros, a tristeza que lhe invadia alma e o corpo. Ela me diza: “eu nunca amei como queria, porque nunca fui amada como deveria.” Eu argumentava: “Eu amo você, e saberei ama-la como deve ser amada.” E ela revidava: “Eu e todas as mulheres da torcida do Corintians”, dizia abrindo um belo sorriso. Aquelas palavras me cortavam a alma. No entanto, coisa de quatro meses atrás, eu a encontrei em outra festa no mesmo Sul de Minas. Convidou-me para sentar na sua mesa, onde estava com vários amigos e amigas. E foi quando tudo começaria a mudar. Uma das suas amigas, gostou da minha conversa, e praticamente se atirava em meus braços para uma bela noite de amor. Reparei que os olhos da minha amada faiscavam. Era a minha chance de provocar algo. Comecei a passar a idéia de que iria aceitar a sedução da sua amiga. Ela começou a ficar nervosa. Suas mãos tremiam. Seu sorriso já não era o mesmo. Subitamente, ela se levantou, e com um leve sinal, me chamou para acompanha-la. Chegamos numa varanda. Seus olhos estavam elétricos. Olhava-me fixamente. Eu apenas esperava, sem nada falar. Subitamente ela disse: “Quero passar a noite com você.” Meu coração disparou. Ela colocou suas mãos nas minhas, e completou: “Não irá se arrepender.” E desde aquele dia meu amigo, estamos passando noites e dias marvilhosos. O meu amor explodiu numa grande paixão. Vamos ao delírio sempre. Nos amamos loucamente. Esquecemos o tempo. Nos casamos no mês passado. Bom , vou embora meu amigo. Minha amada me espera, e estou morrendo de saudades dela. O meu sitio, lá no outro lado da montanha, agora se chama “Repouso do Guerreiro”.

Me dê aquele grande e forte abraço, meu grande amigo, disse o Alfredinho com um enorme sorriso nos lábios.

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