Ao colocar as raposas no galinheiro, a presidente deu um tiro no pé. A nomeação da dupla Levy/Barbosa para gestores da nossa economia, nem vai livrar o país da crise econômica interna, como também não vai ajudar a segurar a Petrobrás nas mãos do Estado.
A nomeação de Joaquim Levy e de Nelson Barbosa para a gestão econômica do segundo mandato da presidente Dilma, não parece ser uma decisão para ajustar a economia. Parece ser uma decisão para acalmar o mercado e calar a boca da oposição. A crise na Petrobrás levou Dilma Rousseff decidir-se por uma política econômica mais ortodóxica em detrimento a adotada por seu antecessor e que também permeou todo o seu primeiro mandato. Menos liberal do que a de Fernando Henrique Cardoso, não impediu, entretanto, que a minoria privilegiada do país se abastecesse com enormes lucros advindos da política monetária que prioriza as grandes empresas e da prática do financiamento barato dos produtos populares e de apelo consumista. O crédito ofertado para a classe média e a de baixa renda, turbinou a economia e endividou a população que agora, na implantação da gestão Levy, vai pagar caro por consumir a propaganda enganosa e digerir o consumo fácil.
O segundo mandato da presidente recém reeleita precisa se apressar para equilibrar a economia antes que o país exploda. Há sinais claros de que setores antagônicos estão buscando articulações para empinar suas bandeiras. De um lado o “Fora Dilma” reúne os adeptos do neoliberalismo rasgado e sem vergonha. Do outro os defensores do governo que vão partir para o enfrentamento carregando a bandeira do “Desespero” contra o entreguismo desvairado. Nesse meio, uma terceira bandeira poderá ser empinada. É a bandeira militar que vai partir para o confronto, com tanques e fuzis, em defesa da institucionalidade, se essa caminhar, segundo a visão desse setor, para um socialismo petista.
Diante desse quadro, a nomeação da Levy/Barbosa foi péssima. Homens de confiança da oligarquia financeira internacional tratarão de ajustar a economia aos ditames da cartilha liberal gestada pelos banqueiros estrangeiros. A política do arrocho salarial vai conduzir seus vitimados às ruas, as forças neoliberais tudo farão para impedir a manutenção do Pré-Sal sob controle estatal, enquanto a FIESP e a FEBRABAN, por exemplo, aplaudirão o governo e a repressão cuidará dos insatisfeitos. O quadro, portanto, caminha para um descontrole de final imprevisível.
Ao colocar as raposas no galinheiro, a presidente deu um tiro no pé. A nomeação da dupla Levy/Barbosa, nem vai livrar o país da crise econômica interna, como também não vai ajudar a segurar a Petrobrás nas mãos do Estado.
O cenário, portanto, necessita de uma quarta força que traga o equilíbrio e conduza todos os insatisfeitos para um único objetivo. Pensando assim, devemos içar a bandeira da soberania brasileira como a única a ser defendida por todos os brasileiros que queiram um país independente. Manter a Petrobrás nas mãos do Estado e com o controle sobre o Pré-Sal é a grande luta nesse momento.
Essa é uma alternativa de difícil construção. Estamos órfãos de liderança e de um projeto nacional que nos conduza a um caminho equilibrado e justo. Ao longo da existência deste ainda imaturo período de liberdade, desde o final dos governos militares, não nos preocupamos em construir uma concepção teórica de Estado que nos unisse. Nos tornamos rebeldes sem causa enquanto os inimigos do país vão avançando no projeto de entrega de nossa soberania.
É com a parcela da sociedade consciente que a possibilidade de desafiar os bastiões do liberalismo, passa a existir. Resta saber se ela estará disposta a lutar ao lado de quem senta com os inimigos para negociar a trégua momentânea de nossa independência ou se optará pelo caminho solitário. Qualquer que seja a escolha, a luta será árdua.
Mauricio Grillo Jr.