A página oficial do Ministério do Trabalho e Emprego destaca a fala de Miguel Rosseto, do PT, Secretário Geral da Presidência da República:
“O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto, afirmou que a intenção do governo é esclarecer aos representantes dos trabalhadores as medidas e abrir o diálogo com a categoria. Ele ressaltou que o governo está garantindo todos os benefícios aos trabalhadores, porém fazendo ajustes para garantir a sustentabilidade dos programas.”
A presidente Dilma, durante a campanha, prometeu não reduzir os direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”. Mas as primeiras medidas do governo são duas MPs que decretam: diminuição do valor das pensões, fim da pensão vitalícia para cônjuges com menos de 44 anos de idade, aumento do tempo de trabalho para concessão do seguro desemprego, entre outros ataques. Para eles, isso são “ajustes”. Para os trabalhadores, para os que são afetados por essas medidas na vida real, não adianta buscar um nome mais agradável, elas significam retiradas de direitos.
Na Grécia, o PASOK, o partido socialista grego, aplicou a mesma política de “ajustes” e passou de partido majoritário na Grécia como partido tradicional da classe trabalhadora, com mais de 150 deputados, em 2010, para um sócio menor do partido de direita Nova Democracia (agora com 77 deputados) e terminou atrás do Aurora Dourada (os neonazistas) com 13 deputados na última eleição.
No último domingo, aliás, os gregos fizeram a sua parte. Elegeram um partido que tem origem no comunismo e se proclama contra os ajustes, contra a austeridade. A classe trabalhadora grega deu ao Syriza um claro mandato de esquerda, de combate ao capital, e certamente estará disposta a cobrar da direção do partido para que não vacile, para que o discurso seja posto em prática.
Será que Dilma, Lula e a direção do PT têm consciência de que a política que colocam em prática no Brasil, de conciliação e submissão aos interesses do capital, tende a conduzir o PT ao mesmo destino do PASOK grego?
A luta dos trabalhadores pode derrotar os patrões
Nós todos vimos na Volks: os trabalhadores em greve derrotaram os patrões e impuseram a volta dos demitidos. Por que então o Sindicato dos metalúrgicos não toma este caminho na Mercedes? Por que insistem no chamado Plano de Proteção do Emprego (PPE), cujo conteúdo é aceitar a redução de salários em troca do emprego? Todos os sindicatos, todos os trabalhadores estarão dispostos a apoiar uma greve na Mercedes. Todos os trabalhadores estarão dispostos a exigir do governo que ele decrete a estabilidade no emprego! Este é o único “ajuste” que pode interessar aos trabalhadores!
Derrotar as MPs 664 e 665
As centrais sindicais, corretamente, estão buscando a unidade para exigir do governo a revogação das duas medidas. Mas precisamos ir além, precisamos pressionar o Congresso a não aprovar essas medidas, começando pelos deputados que se proclamam de esquerda. A CUT tem o dever de fazer uma campanha massiva de esclarecimento sobre o significado das medidas e mobilizar toda a sua base para derrotar as MPs 664 e 665. A história já nos ensinou, só a luta de massas pode arrancar essa vitória.
Os jornais especulam que o governo pode recuar em alguns pontos relativos ao seguro desemprego. Uma luta massiva certamente obrigará o governo a recuar totalmente e retirar as MPs.
A Corrente Sindical Esquerda Marxista chama a mais ampla unidade para derrotar as MPs 664 e 665. No cenário de crise que está colocado, não aceitamos que seu peso caia sobre os ombros dos trabalhadores, com retiradas de direitos e demissões, devemos exigir a estabilidade no emprego, com a estatização sem indenização de empresas que demitirem em massa.
Por fim, é fundamental apontarmos que só falta dinheiro porque continua o pagamento de uma dívida interna e externa imensa para banqueiros e especuladores. Só o último aumento de juros vai levar a uma despesa anual de 100 bilhões de reais, enquanto a retirada de direitos deve economizar 18 bilhões de reais por ano! Por isso exigimos:
- Revogação das MPs 664 e 665!
- Estabilidade no emprego para todos os trabalhadores!
- Não pagamento da dívida externa e interna!
Corrente Sindical Esquerda Marxista
28 de janeiro de 2015
www.marxismo.org.br