OURO, PRATA E BRONZE ESCONDERAM O LIXO NACIONAL

Confesso que não pude reprimir minha emoção acompanhando a participação dos atletas brasileiros que defenderam o Brasil no PAN. Torci e torci muito por vitórias dos nossos excluídos sobreviventes, centenas de extraordinários e incomparáveis idealistas representando e defendendo os valores de dezenas de milhões de outros brasileiros, vencedores medalhados com honra e mérito nas provas cotidianas de resistência e sobrevivência, competindo contra a miséria e a fome, contra as mais hediondas violências sociais, resistindo aos horrores da vida nos campos de concentração e nos zoológicos humanos dos guetos que envergonham este país.

Durante três semanas o PAN funcionou como uma gigantesca vassoura mecânica empurrando para debaixo dos tapetes palacianos a lama e o lixo produzidos pelas usinas da imoralidade política, pelas universidades do crime e pelas fortalezas da impunidade.

VOLTAMOS A REALIDADE

Na manhã da segunda-feira, consciente de que o Brasil retomaria a normalidade, renunciei ao acompanhamento dos noticiários jornalísticos da televisão. Havia acabado a batalha vivida pelos nossos heróis, e o brilho fugaz do bronze, da prata e do ouro também havia desaparecido.

Optei por buscar na imprensa escrita estadual algumas imagens que pudessem imortalizar as minhas lembranças do PAN, os quinze minutos de fama conquistados por patriotas que durante dois, três anos, se submeteram aos mais dolorosos sacrifícios para enfrentar o desafio de chegarem ao lugar mais alto do podium, derrotando Atletas (com a maiúscula) de 41 países, que o saudoso Nelson Rodrigues comparava a “Touros” premiados. Foi enorme a minha decepção. No mais alto lugar do podium jornalístico encontrei as manchetes de um mundo cruel. A principal notícia dos jornais do Espírito Santo abria espaço para informar aos leitores: GUERRA EM BAILE FUNK DEIXA UM MORTO E DOIS FERIDOS.

Outras chamadas de capa reportavam a violência do trânsito, motoristas embriagados que provocaram graves acidentes no final de semana, execuções de adolescentes comandadas por traficantes, arbitrariedades policiais, hospitais transformados em necrotérios, prefeito cassado por corrupção. O sonho acabou, a miragem desapareceu, o Brasil continua o mesmo, um país sem lei e sem autoridade, um presidente que não preside e se diz o dono da verdade, governadores que não governam e prefeitos que não administram, terra de um povo que é considerado feliz sobrevivendo de esmolas, capaz de superar todas as desgraças e ganhar ouro, prata e bronze.

POLÍCIA RESPONSABILIZADA PELA TRAGÉDIA DO BAILE FUNK

Acredito que só acontece no Brasil. Segundo o que foi publicado nos jornais, a meia-noite de domingo, a polícia foi avisada que quadrilhas de traficantes portando armas pesadas disputavam a venda de drogas na porta do “CAVERNAS BAR”, localizado na sede do município de Serra, região metropolitana do Espírito Santo, que faz limite com a capital, bem próximo à sede da prefeitura.

A resposta foi rápida. Em menos de dez minutos seis viaturas cercaram o local. Os policiais exigiram que fossem acesas as luzes do salão.Mandaram parar a música. Encontraram espalhadas pelo chão, trinta pedras de crack Constataram que a maioria dos freqüentadores não possuía documentos e muitos eram velhos conhecidos das delegacias.

Segundo a polícia não foram encontradas armas e nem suspeitos de tráfico, razões suficientes para que as autoridades autorizassem o reinício da baderna, mesmo sabedores de que o estabelecimento, desde o mês de abril, tivera o seu Alvará de funcionamento cassado pela prefeitura e estava funcionando ilegalmente.

Uma das quadrilhas foi expulsa do local pelos rivais. Os vizinhos do “CAVERNAS” refugiados em suas casas ouviam as discussões entre os marginais e a promessa de que ainda durante a madrugada seria feito um ajuste de contas. Novamente passaram as informações para a polícia.

Duas da madrugada, um jovem estudante, 20, que havia saído de uma festa de casamento e voltava para casa, tendo que obrigatoriamente passar pela frente do bar, não teve nenhuma chance de defesa. Foi surpreendido com o início de um intenso tiroteio. A primeira vítima, fatal, mais um inocente sacrificado.

A idade dos doze feridos variava entre 15 e 21 anos. Nenhum com antecedentes criminais. Os menores também estavam no bar e ingeriam bebidas alcoólicas.

Somente depois que o tiroteio terminou e os proprietários do antro tiveram tempo de fechar as portas e evadirem-se, a polícia reapareceu. Restavam um corpo estendido no chão e os feridos gritando por socorro. Nada mais a fazer não fosse as providências de praxe.

Como explicar e justificar que a polícia atenda uma ocorrência dessa natureza, encontre em funcionamento ilegal um estabelecimento que serve como base da venda de drogas, encontre drogas no local, freqüentadores velhos conhecidos das delegacias e, simplesmente, autorize a reaberturas da casa, sabedora da ameaça de um confronto armado entre marginais?

CIRURGIÕES CARDIOVASCULARES CONTINUAM PARADOS


Após denúncias contra o Sistema Público de Saúde, responsabilizando o Estado pela ocorrência de óbitos em função do sucateamento da rede, da total incapacidade da realização de procedimentos médicos, os cirurgiões cardiovasculares capixabas abandonaram os hospitais e se recusam a realizar o atendimento de pacientes cardíacos.

Impossível qualquer negociação, o secretário da Saúde recorreu ao ministro que resolveu o problema prometendo que as necessidades operatórias de urgência serão atendidas no Rio de Janeiro ou Minas Gerais. Uma outra solução, que seria a utilização de cirurgiões militares, foi prontamente descartada pelo Comando do Exército.

A saúde pública no Brasil é uma das mais degradantes lixeiras existentes nesta terra, gigante pela própria natureza e repugnante pela falta de vergonha dos que governam.

No alto do podium das competições nacionais, todos com medalha de ouro, encontramos um Renam Calheiros, o presidente da Infraero, os gestores da ANAC, os industriais da corrupção e das imoralidades, as autoridades da segurança pública comprometidas com o crime organizado, os fabricantes de impunidades.

SÓ NOS RESTA ESPERAR PELO CARNAVAL, PELAS OLIMPÍADAS, PELA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL PARA LAVAR AS FERIDAS DO NOSSO POVO.

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