Na primeira metade dos anos 1970, logo após o primeiro choque do petróleo, o mundo desacelerava seu ritmo de crescimento econômico. Enquanto isso, o Brasil ia na direção oposta. Fortes gastos públicos, estímulo governamental ao endividamento das empresas, e slogans do tipo “ninguém segura este país” eram a marca registrada desse período. As consequências desse tipo de política econômica foram vistas nas duas décadas seguintes, quando o PIB per capita brasileiro cresceu, em média, insignificantes 1% ao ano.
Quatro décadas se passaram e parece que não aprendemos a lição. Vários países economicamente importantes estão em crise. O que o bom senso nos sugere? Sugere que é hora de gastar menos, poupar mais, fazer ajustes nas contas públicas e, acima de tudo, termos prudência e não iniciarmos grandes projetos que demandem excessivos recursos públicos. Ou seja, o governo brasileiro deveria fazer exatamente o contrário do que está fazendo.
Infelizmente, parece que o espírito da década de 1970 está de volta ao Brasil. O governo está se aproveitando da queda da taxa de juros internacional, que abre espaço para quedas na taxa de juros doméstica, não para ajustar as contas públicas, mas sim para gastar mais dinheiro ainda.
Cedo ou tarde o mundo sairá da crise, e quando isso acontecer a primeira preocupação dos Estados Unidos e da Europa será aumentar a taxa de juros para combater a inflação nesses países. Isto fará com que o Brasil seja obrigado a aumentar a taxa de juros doméstica e, com as contas públicas bagunçadas, isso será um desastre do ponto de vista econômico e social.
O governo brasileiro segue hoje o mesmo tipo de política econômica que adotou na década de 1970. O desastre subsequente, das décadas de 1980 e 1990, parece não ter sido o suficiente para nos ensinar a lição. Uma pena.
* Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.
(Opinião e Notícia)