Batalhões de Engenharia são investigados por roubo de materiais de construção, favorecimento de empresas e direcionamento de licitações
Último refúgio do Governo Federal para tocar obras que não interessam à iniciativa privada, o Exército já não parece mais uma instituição tão confiável assim. Os Batalhões de Engenharia que trabalham em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão sob investigação, como informa matéria do jornal Correio Braziliense publicada nesta segunda-feira. As suspeitas vão desde roubo de materiais de construção até favorecimento de empresas e direcionamento de licitações.
Cerca de 2,7 mil homens do Exército atuam atualmente em obras de rodovias e aeroportos e na transposição do Rio São Francisco, num total de R$ 2 bilhões em orçamento. O envolvimento de militares em irregularidades nessas obras é apurado pela Procuradoria de Justiça Militar, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União. A Procuradoria de Justiça Militar em Recife já denunciou militares envolvidos em furto de material de construção nas obras de duplicação da BR-101. Nas obras da BR-163 na divisa entre Mato Grosso e Pará, o problema é sobrepreço, segundo o TCU.
O Ministério Público Militar identificou e denunciou no mês passado uma organização criminosa responsável pelo desvio de R$ 11 milhões. O grupo era chefiado por um coronel e um major do Exército, que intermediavam os desvios com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), segundo a denúncia da Procuradoria Militar. Ao Correio Braziliense, o Exército negou que haja indícios de práticas de irregularidades por parte de militares nas obras do PAC, mas confirmou que tanto o TCU quanto os órgãos de controle militar identificaram problema de execução em algumas obras.
Silvio de Barros Pinheiro
Santos.SP