Sob forte repressão policial, famílias são despejadas em terreno localizado na Zona Sul
Moradora durante despejo no Grajaú que teve forte esquema repressivo com a PM. (Foto: internet.)
Na segunda-feira, dia 16, cerca de 200 famílias de um terreno ocupado de Grajaú, localizado na Zona Sul de São Paulo foi desocupado pela Polícia Militar e Guarda Civil Metropollitana.
A desocupação ocorreu, segundo os moradores do local, mesmo depois que o prefeito, Fernando Haddad (PT), declarou que entraria num acordo para evitar o despejo.
A ordem de despejo, segundo o próprio secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), Marco Antônio Biasi, foi do próprio prefeito “a ação [desocupação] era uma ordem dada por Haddad”.
A polícia não mediu esforços para expulsar os moradores do terreno ocupado no Grajaú. A repressão contou, inclusive, com prisão de moradores. Dois militantes do movimento Rede Extremo Sul foram presos na ação, acusados pelos PM’s de “resistência à prisão” e detidos para suposta averiguação. Os homens foram liberados com a ajuda de um advogado. As casas das famílias foram totalmente destruídas, mas mesmo assim alguns moradores tentaram recuperar pedaços de telhas e de outros materiais de construção. Alguns moradores procuravam até pertences pessoais como documentos. As casas foram destruídas sem que os moradores pudessem retirar seus pertences de dentro.
Os moradores também foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Alguns moradores que resistiram também foram feridos com cassetetes. Nem crianças foram poupadas. Algumas crianças de colo, sob o efeito do gás lacrimogêneo, foram encaminhadas para o Pronto-Socorro.
Não bastassem ser expulsos de suas casas, os moradores foram considerados culpados pela Secretaria de Habitação, em nota publicada. Para a prefeitura as ocupações de terrenos são prejudiciais ao programa de habitação da prefeitura.
No último dia 12 as famílias deste terreno no Grajaú se reuniram com a Sehab, mas não obtiveram nenhuma resposta concreta a respeito das moradias. Receberam apenas a promessa de que seriam cadastradas nos programas habitacionais. O terreno desocupado, segundo a prefeitura, é uma área pública que está destinada à construção de um parque, mas segundo os moradores, o local está abandonado e cheio de entulho.
As famílias despejadas não receberam nenhum auxílio da prefeitura e tentaram se abrigar em casas de parentes e amigos. Outras pessoas foram acolhidas por famílias da ocupação Jardim da Vitória, localizada num terreno próximo, também no Grajaú. As famílias despejadas também receberam doações de cobertores, lonas e alimentos.
O tratamento que as famílias receberam da gestão de Haddad não difere em nada o governo Kassab que era conhecido como mini-ditador que despejou milhares de famílias em dois mandatos.