A fala do deputado traz a baila um tema de grande importância para os dias atuais desde o fim da ditadura militar. A abertura dos chamados baús da ditadura e a punição a torturadores. Não é só um vazio na história do Brasil é mancha indelével a pesar sobre as forças armadas brasileiras.
Bolsonaro é apenas uma pequena mostra do amplo espectro de preconceitos que ainda sobrevivem em nosso País e não são enfrentados de forma adequada, os avanços são conquistados, a rigor, na marra.
Se transposto o que o deputado declarou a Preta Gil durante o programa para um universo maior, a questão líbia por exemplo, os bombardeios norte-americanos e da OTAN não são mais que "negócios" que buscam garantir massacrando povos que consideram inferior.
Ou o que israelenses - que pouco a pouco vão se achegando a pontos e postos chaves do governo brasileiro (judeus sionistas em nosso País como o presidente do STJ, o do chilique no caixa eletrônico contra um funcionário inferior) - praticam diariamente contra palestinos.
Bolsonaro reproduz essa lógica perversa e cruel, ignominiosa do preconceito e o faz sem a menor preocupação com eventuais sanções que possa sofrer.
À luz da Constituição deveria ter sido preso no próprio programa, em flagrante delito, por crime de racismo, que é inafiançável. Neste caso não há imunidade.
Saiu lépido e fagueiro, ganhou manchetes nos jornais de todo o País e por si só, em suas declarações, permite que se possa imaginar, os que não viveram essa época, o que foi regime militar.
A boçalidade institucionalizada.
Pode ser sintetizada numa frase de outro militar proferida na reunião ministerial que decidiu pela aprovação do Ato Institucional número 5.
A de Jarbas Passarinho - às favas com os escrúpulos senhor presidente, vamos assumir a ditadura e pronto -.
Ao ser perguntado sobre como reagiria se viesse a tomar conhecimento que um dos seus filhos estaria usando drogas, respondeu que "primeiro lhe daria uma porrada". Como insistissem em saber se torturaria o filho por conta disso acrescentou - "se tomar atitude enérgica for tortura, eu torturaria".
Centenas de brasileiros morreram nessa conversa de atitude enérgica e outros tantos estão desaparecidos.
As forças armadas ainda não prestaram contas dos abusos do golpe militar e esboçam movimentos - os clubes militares das três forças - para comemorar o primeiro de abril como data da "libertação do Brasil".
Comandados por um general norte-americano, Vernon Walthers, derrubaram um governo constitucional legítimo, o de João Goulart e implantaram um regime de terror por vinte anos.
Essa página não está fechada, porque não foi totalmente escrita.
Escondem-se naquilo que Samuel Johnson chama de último refúgio dos canalhas, o patriotismo.
É por essas e outras, por avanços incompletos (o ornitorrinco citado por Chico de Oliveira, que se estende para além da economia), que o Brasil à frente, não importa quando, vai ter que cruzar suas realidades e arrumar a cama para que não se veja ou debaixo de outra noite de terror, de sombras e trevas, ou esfacelado ao sabor dos interesses que gente como Bolsonaro representa.
Neste momento o Congresso Nacional, como um todo, está preocupado com uma "reforma política" que signifique a garantia de permanência dos caciques e a o retorno de algumas figuras sinistras postas em descanso forçado por conta da soberba e da corrupção.
Não vai ter tempo para medir de maneira adequada a violência praticada pelo deputado Jair Bolsonaro.
Ao vivo e a cores em ofensa a todos os brasileiros.