Mais ou menos aquele do tempo gasto em limpeza e que poderia ser usado para assistir tantos filmes, caminhar tantos quilômetros, ou fazer um mapa completo de shoppings e boutiques que é o modelo vendido diariamente por "nossos" democráticos veículos de comunicação.
No caso do empresário Sílvio Santos, observadas as características do modelo político e econômico, a sua atitude foi ímpar, ou seja, deu bens pessoais em garantia do rombo no banco.
À primeira vista, nesse mundo de Tasso Jereissati, José FHC Serra, o próprio FHC, Aécio, Eike Batista, Daniel Dantas, etc, o doublé de empresário e apresentador tomou uma decisão que dificilmente a família Marinho tomaria. Marinhos estão acostumados a resolverem suas crises com dinheiro público por conta de extorsão (caso Roseana Sarney em 2002 é um exemplo) e neste momento não têm mais o controle nem do jornal THE GLOBE, tampouco das redes de rádio e tevê.
Operam como laranjas, ficaram com o direito de manter nas paredes os diplomas com títulos de barões.
São plebeus. Se um deles cortar o dedo o sangue sai vermelhinho da silva, nada de sangue azul. Esse tempo já passou.
Ao que tudo indica Sílvio Santos foi vítima de pessoas da própria família. Essa disputa familiar vem acontecendo desde que a mulher do empresário/apresentador tornou-se evangélica, aderiu a uma igreja neopentecostal e ascendeu ao paraíso inclusive com dons de autora de telenovela.
Sílvio Santos em determinados momentos mostrou-se uma pessoa no mínimo não totalmente absorvida pelo esquema mafioso que comanda a mídia privada no Brasil e acho até que nem foi aceito nesse meio.
Quando um assaltante refugiou-se em sua casa soube conduzir o fato com equilíbrio, transformá-lo até numa certa medida num espetáculo bem dirigido e com a dignidade e calma que a situação exigia.
Neste momento surpreende ao não se valer, pelo menos de forma visível, de mutretas comuns aos grupos GLOBO, ABRIL, FOLHA, na busca de dinheiro junto a governos para superar crises.
A própria maneira como está tratando o assunto. Tem exibido serenidade que às vezes é brincalhona - uma tentativa de não se deixar abater pelo problema que é grave - mas fica visível uma prática entre bancos como o Panamericano que, num dado momento, pode levar de roldão todo o sistema bancário a uma crise sem tamanho, falo de bancos pequenos e de porte médio, tal a natureza das fraudes, a mais comum delas, a venda de carteiras de crédito.
Quem compra e sabe que o outro não deu baixa na venda, sabe também que o negócio está irregular, pode dar bode e fica na moita.
Ou seja, entre essas quadrilhas, banco/mídia privada/latifúndio/FIESP-DASLU pode acontecer e acontece qualquer tipo de "negócio", afinal, segue a velha máxima da máfia, "são apenas negócios".
Imagino que, em determinados setores dessas máfias, Sílvio Santos esteja sendo chamado de otário, não fazendo jus à crença que gregos ou descendentes são negociantes de grande calado.
Aí depende também do conceito de grande calado. Podem ser conceitos, vários. Para turma do ITAÚ, por exemplo, grande calado tem sinônimo de golpe bem dado, exploração de trabalho escravo, assédio moral a funcionários para cumprimento de metas, extorsão em forma de taxas bancárias e vai por aí afora. Todo o Código Penal.
O Banco Central está, segundo seus porta-vozes, numa operação PENTE FINO nessas instituições (putz! É o cúmulo da esculhambação, instituição!). Quer saber quem comprou, quem vendeu, quem deu baixa, que não deu, quem cresceu cheio de ar e quem cresceu de fato, no fundo todos cresceram às custas ou do dinheiro público ou do dinheiro do cliente incauto, iludido.
Ouvi uma vez que balanço de banco não serve para mostrar resultados positivos (negativo nunca), mas para esconder o tamanho do positivo.
No meio dessa história toda de banco Panamericano tinha uma empresa de auditoria, um tipo de trabalho, digamos assim, que se pressupõe encarregado de descobrir erros e sugerir como colocar as coisas em ordem.
Hoje, auditorias se prestam a esconder erros e fazer parecer tudo certo. Por isso o empresário e banqueiro Sílvio Santos suspendeu o pagamento final da consultoria Deloitte. Um depósito judicial de 1,6 milhão de reais vai ser feito até que se decida se a tal consultoria auditou ou maquiou.
Capitalismo é um trem de doido. Quando o distinto telespectador pensa que o JORNAL NACIONAL não tem mais onde mentir, os caras não arrumaram uma big de uma montagem para mostrar que o candidato, então candidato, José FHC Serra tinha sido atingido por um rolo de fita adesiva?
Qualquer um sabe que se a Editora Abril ganhar alguma concorrência junto ao governo Lula o presidente vira capa da edição seguinte de VEJA e vai ser chamado "estadista do milênio". Por pouco mais de 300 mil assinaturas de revistas da editora José FHC Serra (sem licitação) virou anjo combatendo demônios.
Essa cumplicidade é que precisa ser apurada, discutida, debatida. E um debate amplo com a sociedade, com o movimento popular, claro, para que os brasileiros tenham conhecimento que quando Bonner lê lá que o carro perdeu o controle, quem de fato perdeu o controle foi a família Marinho.
A morte do patriarca revelou os intrincados meandros de tantos negócios escusos do grupo (tem banco também) que os parceiros estrangeiros vieram e resolveram. Mais ou menos assim. "A partir de agora vocês continuam posando de donos, mas decidimos nós".
É por aí que o episódio envolvendo Sílvio Santos serve de alerta. A atitude do apresentador difere da forma como empresários de um modo geral tratam suas falências, ou quase.
Dona Kátia Abreu, por exemplo, que pegar dinheiro emprestado no Banco do Brasil, pagar juros baixos, usar a grana que era para a agricultura em sua campanha eleitoral e rolar a dívida por pelo menos mil anos.
Chama isso de democracia.
Há uma caixa a ser aberta no futuro governo de Dilma Roussef. Fétida, vai ser preciso construir um abrigo seguro para evitar contaminação de todos os que estiverem à volta num espaço do tamanho do Brasil.
É a da mídia privada e seus negócios
E tem mais, Sílvio Santos não terá sido chamado só de otário na sala do trono no palácio FIESP/DASLU (Palácio da Sonegação e do Atraso), terá despertado raiva com essa mania de dar bens pessoais em garantia.
A cabeça desses caras é cínica ao absoluto. Dane-se o mundo, "vou para Paris, o governo que fique com a batata quente".
E o povo que pague. Foi aí que William Bonner, na verdade, quis chamar o telespectador de idiota. É ele quem paga os laranjinhas Marinhos e seus miquinhos amestrados.
A grana vem de fora. Ou de longe como dizia Brizola. E as ordens também.
O esquema hoje lá pros lados do PROJAC é o do "yes mister", do contrário estala e quebra.
O Panamericano é só uma pequena mostra de como funciona o "negócio".