O FUTURO DA COMUNICAÇÃO E DA ESPÉCIE

Marshall McLuhan imaginava que o seu conceito de "aldeia global" criaria canais de solidariedade, superação de incompreensões, gerando um mundo capaz de discutir assuntos como política, ecologia e economia especificamente, a partir de uma rede formada por um veículo de massas, a televisão e de maneira civilizada.

Não levou em conta o capitalismo e muito menos o poder de "harpic", que poupa à dona de casa (a mulher nessa lógica capitalista continua sendo dona de casa entre outras coisas, mas pode ser Melão ou Melancia), o trabalho de ficar esfregando o vaso sanitário com água sanitária e obter padrões desejáveis de higiene.

O principal agente do processo de alienação é a televisão. Se Mcluhan se visse condenado a vinte e quatro horas de REDE GLOBO por dia durante uma semana teria que rever todos os seus conceitos sobre solidariedade.

O progresso tecnológico, na opinião do sociólogo canadense reduzia o planeta à uma situação de aldeia. Às seis horas as pessoas se dirigiriam às praças - após a missa - ou colocariam as cadeiras às portas de suas casas para as mesmas conversas de velhas lembranças.

É claro que o conceito de "aldeia global" é uma realidade dentro de um determinado contexto e nesse contexto busca formas de romper a camisa de força do capitalismo via televisão, aquele que captura o perfume da natureza e em meio à selva de pedras que cada cidade vai se transformando.

Tem sido, no entanto, um instrumento de opressão pela via da verdade única e do espetáculo.

McLuhan percebeu a televisão em seu tempo. A realidade de hoje é a da rede mundial de computadores e o celular que tanto serve para ligações telefônicas corriqueiras, como para todo um processo de comunicação de que interliga o planeta e muda o eixo da "aldeia global".

Nessa visão some a profissão de jornalista como técnico de nível superior, capaz de entender quantas linhas devem compor uma determinada matéria, por maior ou menor que seja a importância do fato, surge o ser humano capaz de transpor para além de seu universo (casa, rua, bairro, cidade, escola), toda a realidade que é comum a todos os povos do mundo, mesmo que persistam, evidente, situações incomuns, ou diferenças próprias a cada povo.

O mundo globalizado é um mundo de barbárie e selvageria.

A mídia privada, a televisão principalmente, é o principal instrumento dessa barbárie, dessa selvageria.

Ou alguém acha que Ana Maria Braga, por exemplo, seja algo diferente de uma câmara de tortura?

Que o JORNAL NACIONAL tenha a menor preocupação com os fatos reais?

Toynbee falava num mundo fragmentado pós hecatombe nuclear. Um renascimento eivado de moralismo e hipocrisia no desespero da sobrevivência.

Não houve a guerra nuclear, mas a hipocrisia e o moralismo são armas das quais se apropriou o capitalismo para vender mais em cada shopping.

É irrelevante se uma super bactéria entra pela porta da frente da casa de cada um de nós e mata um tanto. Em breve a patente para enfrentá-la estará registrada e os lucros se refletirão no balanço de fim de ano.

Isso no fundo significa empregos, salários para mover a economia. Há quem abra a porta, os donos do mundo.

O papel da comunicação é de tal ordem importante nesse processo que nem José Maria de Alckimin em sua esperteza de mineiro pessedista poderia supor que sua frase "o que vale é a versão e não o fato", se tornaria apanágio e mandamento único da ética da mídia.

É irrelevante a questão do diploma. Puro corporativismo cúmplice dessa forma aparentemente suave de cingir a liberdade de expressão à falsa denúncia desse ou daquele crime, seja crime ou não.

A quem serve? Esse é o propósito. Servir à transformação do ser em objeto descartável.

À medida que se dilui o conceito de nação, somem as nações e surgem os conglomerados como os velhos castelos dos barões feudais.

Aos porcos não mais se atira as perolas. Se esfola a pele.

Para que serve um nordestino? Para derrotar uma impoluta figura tucana como Tasso Jereissati? Nascido nas tetas do poder público, imerso em "negócios" e cheio de fingida revolta porque o sermão não lhe agradou, ou lhe foi tirado o direito de mostrar a farsa via tevê em rede nacional, num horário destinado ao debate político?

Que o diga o bispo de Guarulhos, D. Luís Gonzaga Bergonzini, intérprete da realidade da banda podre da Igreja Católica, qualquer igreja, nas passagens secretas cheias de meandros da OPUS DEI.

Quando um senador (vai virar deputado) como Eduardo Azeredo, incapaz de andar e falar ao mesmo tempo, apresenta um projeto tentando criar mecanismos de controle sobre a rede mundial de computadores, quer apenas obrigar todas as pessoas a ver o catecismo de Wall Street (que em última instância lhe financia as campanhas) e voltar-se para a bolsa de valores em New York, ajoelhar-se ao bater do sino, mesmo que não entenda e digerir a tal de flutuação cambial, ou crise cambial, num efeito borboleta calculado e milimetricamente assestado sobre a cabeça/bolso de cada cidadão em cada canto do mundo.

Um Conselho Federal, o de educação (no duro) faz juízo de valor sobre determinada obra de Monteiro Lobato (Caçadas de Pedrinho) sugerindo racismo, sem avaliar situações de tempo e espaço e sem levar em conta o caráter libertário do escritor em cada palavra que escreveu ou disse.

Breve, queima de livros em praças públicas. José Serra já fez isso em São Paulo à guisa de queimar livros velhos, entulho, em seus tempos de governador.

Não há como evitar que cada cidadão num futuro que começa a acontecer se transforme em jornalista da sua realidade imediata nos meios disponibilizados pela própria tecnologia de cada dia, pelo menos até que o Grande Irmão seja capaz de travar tudo e sejamos obrigados a decorar livros inteiros e nos abrigarmos nas florestas que sobrarem.

E projete essa realidade àquela de um cidadão nos confins do mundo, até que as mãos sejam dadas e a caminhada seja diversa da preconizada por vetustos senhores de gravata borboleta montados em caminhões que desovam corpos da tortura/atropelada.

É aí que a porca torce o rabo. É aí que nasce o dilema maior do ser humano hoje.

Nesse caos pensado, arranjado e orquestrado na mediocridade de trinta ou quarenta linhas, é o espaço que lhe cabe nesse latifúndio da fantasia gerada no espetáculo proporcionado pela mídia privada, de repente, os velhos tambores de guerra, ou os sinais de fumaça.

A comunicação é por aí. Os parâmetros ou formatos dos diplomas estatelados em paredes e amarelados no bolor da História, estão condenados. Com os dias contados.

É só olhar, debruçar sobre o papel da mídia privada nas eleições presidenciais de 2010 no Brasil e perceber que nem toda a mentira vendida em proporções ciclópicas, ilude e conduz.

Só que isso é uma luta a ser travada a cada momento. Não é uma constatação pura e simples, real.

Quando o show não se mostra capaz de conter as pessoas, a borduna entra em ação.

Ser ou não rês, that is the question.

Bem vinda a boneca Emília. Não a da tevê, mas aquela de Le Blanc, nos livros de Monteiro Lobato.

A propósito, em tempos idos, a obra infantil de Monteiro Lobato constava do índex da Igreja Católica e um padre, acho que qualquer coisa Assis Brasil, escreveu um alentado volume com o título "A literatura infantil de Monteiro Lobato, ou comunismo para as crianças".

Bem fez Fellini em ROMA, que criou modelos diversos para os curas e um resplandecente trono para Pio XII. Tudo enquanto a burguesia em torno do cardeal dormia sorvendo doses do mais divino líquido descido dos céus. Qual não sei, não é servido a mortais comuns.

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