O BRASIL E O IRÃ

O ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim afirmou que o presidente Lula assinou “contrariado” a decisão do Conselho de Segurança da ONU de aplicar sanções econômicas ao Irã. Brasil e Turquia foram os votos contrários. Amorim explicou que o Brasil tem o hábito de cumprir decisões internacionais adotadas por maiorias, mesmo que não concorde.
O governo brasileiro iniciou negociações diretas com o governo do Irã para tentar solucionar o caso Sakineh Mahammadi Ashtiani, iraniana de 43 anos e condenada a pena de morte por crime de adultério. O chanceler brasileiro reiterou a oferta brasileira de asilo e ressaltou que o objetivo é evitar a morte de Sakineh por um crime do qual temos visão diversa.
O governo do Irã, por sua vez, afirmou logo quando da fala do presidente Lula oferecendo asilo a iraniana que não se tratava apenas de adultério. Um dos acusados de ter tido relações sexuais com Sakineh seria o assassino de seu marido. Para os iranianos o marido foi morto por um “amante” de Sakineh com o conhecimento dela. É acusada de homicídio.
Uma das preocupações de Lula, segundo Celso Amorim, era a forma de aplicação da sentença de morte, o apedrejamento. Típica barbárie fundamentalista, comum a todas as religiões numa ou noutra época.
O governo de Israel deu um ultimato ao governo dos Estados Unidos. Se não houver um ataque imediato ao Irã, Israel vai fazê-lo. Não admite que outro país no Oriente Médio tenha armas nucleares.
Existem pelo menos sessenta resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando Israel por crimes contra os direitos dos palestinos, ocupação de territórios palestinos, apropriação de água em território palestino e inúmeras denúncias de organizações internacionais contra as sistemáticas violações de direitos humanos praticadas pela polícia e forças armadas de Israel contra palestinos.
A estrela de David é a versão da suástica no século XXI.
O presidente dos Estados Unidos George Bush decidiu atacar o Iraque em 2003 contra decisão das Nações Unidas que achava tênues as provas sobre a existência de armas químicas e biológicas naquele país. Ignorou solenemente a decisão da ONU.
A condenação de alguém por crime de adultério nos tempos atuais é complicada. Mas não se pode perder de vistas a diversidade histórica e cultural entre povos. Apedrejamento sim é medieval. Como qualquer forma de pena de morte.
No estado do Texas quando era governador, George Bush recusou todos os pedidos de indulto de presos condenados à morte. Câmara de gás, cadeira elétrica, fuzilamento ou injeção letal, o método preferido atualmente.
Nos últimos anos vários casos foram revistos – mas os condenados já executados – e muitos foram declarados inocentes, as famílias indenizadas. Exames de DNA comprovaram que as acusações foram equivocadas.
Há cerca de três meses um preso escolheu ser executado por um pelotão de fuzilamento. É um sinistro direito conferido por lei aos condenados. Escolher como morrer.
Quando Saddam Hussein subiu à forca o mundo espantou-se com a tranqüilidade do ex-presidente do Iraque. E com suas últimas declarações, a forma digna de enfrentar a sentença. Supunha-se que um tirano fosse fazê-lo aos prantos, sem qualquer vestígio de honra.
Os recentes documentos secretos liberados por um site na internet mostram que os EUA têm atiradores especiais para matar líderes contrários à guerra do Afeganistão. Agentes secretos de Israel com passaportes originais da Grã Bretanha, da Alemanha e da Itália, mataram um líder do Hamas em Dubai, num encontro pela paz.
A condenação de Sakineh por adultério é conseqüência do fanatismo religioso, do fundamentalismo. Edir Macedo entre nós prefere outra forma. Seus pastores assediam em nome de Deus as fiéis bem dotadas de corpo, formas exuberantes e tomam o dinheiro dos fiéis fanatizados em troca de mansões no céu.
A dele Edir Macedo é em Miami.
Católicos queimavam seus opositores em fogueiras purificadoras e se lhes atribuíam a condição de bruxos, bruxas, magos, feiticeiros, feiticeiras, etc.
Nos EUA é comum um fundamentalista qualquer, um maluco, receber um aviso divino invadir uma escola e atirar indiscriminadamente contra professores, alunos e pai.
A decisão de apedrejar Sakineh é em si e por si uma estupidez. O condená-la a morte a mesma coisa. Mas não difere dos sistemáticos estupros de mulheres palestinas por soldados de Israel. Ou do tráfico de drogas e mulheres praticado por soldados norte-americanos no Iraque e no Afeganistão.
Dentre os documentos que chocaram Washington – imagine o resto do mundo – está lá que soldados norte-americanos comemoravam a morte de iraquianos inocentes, civis, pespegando a eles a classificação de “bastardos”.
Há hipocrisia na postura de algumas organizações de direitos humanos e de governos em relação ao caso Sakineh. Foi correta e natural a decisão do presidente do Brasil de oferecer asilo, como disse o ministro Celso Amorim, diante da barbárie de um apedrejamento. Mas como ele próprio ressaltou, a questão do adultério “é resultado de uma diferente visão de mundo”.
Não faz muito tempo legítima defesa da honra absolvia em júris populares maridos traídos. Isso no Brasil. Em alguns cantos do País prevalece esse princípio.
A tortura em Guantánamo, base militar norte-americana em parte ocupada do território de Cuba, foi consentida e virou decreto, o ATO PATRIÓTICO do presidente Bush, para garantir a vida de norte-americanos em qualquer parte do mundo. Muitos ficaram detidos pelo menos dois anos sem qualquer direito, até que fossem declarados inocentes.
As sanções políticas e econômicas contra o Irã são um ato de barbárie. Resultam de posturas imperialistas em relação àquele país. Independente do caráter do programa nuclear iraniano não se viu ou ouviu uma única condenação ao fato de Israel ter armas nucleares.
No mundo mulçumano, como no mundo católico, ou judeu, correntes buscam retirar e anular a interpretação fundamentalista dos principais textos e ensinamentos de cada religião. Dotá-las no mínimo de sensatez. 
Um pastor no Brasil esta ficando milionário por “curar” AIDS, homossexualismo e outras “doenças”. Antes de se dedicar a “salvar” vidas nadou quilômetros em alto mar, enfrentou e venceu tubarões, vítima que fora de naufrágio e ali recebeu a convocação divina.
O ex-prefeito da cidade mineira de Juiz de Fora, personagem do JORNAL NACIONAL no ano de 2008, quando recebia uma bolada de empresários, virou pastor, fez curso por correspondência e impedido de candidatar-se pela lei da ficha limpa, vai dedicar sua vida ao arrependimento e a Deus. Não devolveu um tostão do dinheiro que roubou.
É lógico que se o governo do Irã entender de conceder ao Brasil o direito de receber Sakiineh uma vida estará salva. Se provada a sua participação no assassinato do marido não há porque isentá-la de cumprir a pena que as leis de seu país determinam.
Não são diferentes das leis do Texas.
Nem da barbárie nazi/sionista contra palestinos.
O dinheiro gasto por norte-americanos nas guerras do Afeganistão e do Iraque seria suficiente para acabar com a fome na África. 
Isso também é bárbaro, é medieval.
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