BRIZOLA E SERRA

Há diferenças abissais entre o ex-governador Leonel Brizola e o candidato tucano a presidência da República José Arruda Serra. Sem discurso e sem objetivos que não transformar o Brasil num grande protetorado norte-americano, o candidato Arruda Serra disse no Rio Grande do Sul que aprendeu a falar ouvindo Brizola pelo rádio.

Brizola não mentia. Nem mudava de posição ao sabor das conveniências e interesses eleitorais. Pagou um preço alto por sua coragem ao enfrentar o mais poderoso grupo de comunicação do País, o grupo GLOBO, ao desvendar e desnudar o caráter da mídia venal capitaneada pelos veículos daquele grupo.

Nas eleições de 1982, quando pela primeira vez os governadores voltaram a ser eleitos pelo voto direto depois do golpe de 1964, por pouco não é derrotado na fraude que ficou conhecida como PROCONSULT, com participação direta da rede GLOBO e setores do antigo SNI - SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES.

Era simples. Os votos brancos e nulos, na totalização, eram atribuídos ao trêfego Moreira Franco (existe ainda?). À época a GLOBO foi obrigada a engolir a presença de Brizola em seus estúdios e tentar diminuir o impacto da mentira e da fraude da qual era cúmplice.

Quando das eleições de 1994, candidato a presidente, num debate com FHC e outros candidatos, ao ouvir o tucano falar sobre o plano real, criado no governo Itamar Franco, foi direto e certeiro. "Isso vem de longe".

Os oito anos de dois mandatos de FHC foram a comprovação que os mentores do plano tinham como objetivo o assalto neoliberal ao Brasil. Privatizações de setores essenciais da economia (VALE, EMBRAER, etc), submissão às políticas ditadas pelo FMI e portas abertas para a ALCA - ALIANÇA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS -, apenas o desfecho do processo de recolonização do Brasil.

Brizola estava certo quando ao vir de longe, como estava certo ao denunciar o plano cruzado de Sarney.

As últimas pesquisas de opinião pública, intenção de voto do eleitorado para a escolha do próximo presidente, parecem estar deixando Arruda Serra sem rumo, perdido e sem discurso.

Iniciou sua campanha afirmando que o governo Lula tinha feito muita coisa, mas era possível fazer mais. Num dado momento voltou-se contra o governo Lula e criticou severamente determinadas políticas, principalmente as de integração com países da América Latina.

Sem vice e sem Aécio (afastado da disputa por um dossiê armado pelo próprio Arruda Serra), assumiu o papel de candidato dos pobres, dos excluídos, prometendo dobrar a bolsa família, sabendo que isso é impossível a curto prazo.

Percebeu que com o programa bolsa família nordestinos, por exemplo, ficavam livres dos coronéis do DEM (partido de latifundiários que apóia Arruda Serra), pois não precisavam de esperar apenas os períodos eleitorais para comer.

Arruda Serra hoje afirma que "depois do Silva é a hora do Zé". Tenta afirmar-se como alguém que como Lula tem origem humilde. O prefeito tucano de minha cidade, Juiz de Fora, seguiu a mesma linha de campanha em 2008 e mora numa mansão de um milhão de reais, recebe outro milhão de propinas por mês, curiosamente, de uma empresa que é xodó de Arruda Serra, a Queiroz Galvão (quadrilha envolvida em vários inquéritos por irregularidades e crimes diversos).

Ao tentar comparar-se a Brizola, ou afirmar-se como alguém próximo dos ideais de Brizola, a única coisa que Arruda Serra consegue é mostrar o oportunismo e o mau caratismo típico de tucanos.

Não há um único ponto de proximidade entre o ex-governador o candidato tucano.

E justo o Rio Grande do Sul. Foi ali que Dilma Roussef, então ligada a Leonel Brizola e filiada ao PDT surgiu. O PT veio depois com o governo de Olívio Dutra.

O que pior podia acontecer a Arruda Serra está acontecendo. A desfaçatez começa a ficar explícita.

Atordoado por pesquisas de opinião desfavoráveis lança mão de todos os recursos possíveis, mesmo os recursos mais baixos como esse de tentar situar-se num determinado ponto de sua trajetória a Leonel Brizola.

Com o início da propaganda gratuita nas redes de tevê e rádio e até as eleições de outubro o risco que o País enfrenta é de um dos seus maiores partidos de extrema-direita, a REDE GLOBO, montar, como sistematicamente faz, esquemas, dossiês, notícias falsas, para buscar numa primeira etapa salvar Arruda Serra de perder no primeiro turno e numa segunda etapa, o que parece impossível, elegê-lo presidente da República.

Há uma clara percepção da imensa maioria dos brasileiros que Arruda Serra é uma volta aos tempos de FHC e isso significa um retrocesso sem tamanho para o Brasil, num momento em que, mesmo cabendo críticas, o País encontra um eixo de desenvolvimento que permite sonhar uma democracia participativa e popular a partir de avanços, não tanto do governo, mas da própria organização das forças sociais.

José Arruda Serra é a negação disso. O oposto disso.

Suas declarações no Rio Grande do Sul servem para mostrar bem mais que o seu caráter oportunista. É simples entender isso, na Bahia vai dizer que aprendeu com Antônio Carlos Magalhães.

E de quebra, ainda tem que segurar seu vice, o destrambelhado Índio da Costa.

Ao tentar comparar-se ou dizer que bebeu no brizolismo Arruda Serra comete um sacrilégio político sem tamanho.

Perdeu o rumo, perdeu de vez a vergonha, entrou na fase do vale tudo, feio é perder.

Os cuidados agora são com o que a GLOBO pode aprontar. O candidato já está praticando haraquiri.

E um detalhe, bem que Arruda Serra poderia explicar a doação de terreno privado à REDE GLOBO, em São Paulo, para uma escola técnica que interessa apenas à REDE GLOBO.

Brizola não tinha desses negócios. Era o oposto de Arruda Serra. Sua história foi feita com honra e coragem. Arruda Serra não sabe o que é isso.

 

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