O CASO BRUNO

Há anos atrás, pelo menos trinta, um juiz sério e íntegro entrou num processo de angústia diante da decisão que teria que tomar. Colocar em liberdade um assassino contumaz, consciente da culpa do criminoso, tudo por falhas no inquérito. As confissões foram obtidas após uma sessão de pancadaria, os depoimentos mudados a bel prazer do delegado, as conclusões não estavam embasadas em provas concretas, logo o Ministério Público não pode oferecer denúncia.

A decisão da Justiça foi a de soltar o acusado e arquivar o inquérito por falta de provas.

À época o juiz procurou um delegado na cidade onde o fato aconteceu e, sabendo-o correto, propôs-se a conversar com outros delegados e detetives (eram chamados investigadores) para orientar e afinar o coro da missão de cada um, Polícia e Justiça. Não conseguiu a despeito da vontade daquele delegado. A maioria não estava preocupada com isso.

Fica difícil uma conclusão sobre o caso Bruno, embora se tenha a certeza que algo aconteceu. Mas determinar o papel de cada um está cada dia mais complicado. Culpa dos acusados? Não. Da Polícia.

Problema de incapacidade e busca de notoriedade dos encarregados da investigação.

Na prática está certo o advogado Ércio Quaresma ao afirmar que a Polícia está fazendo e muito bem o trabalho da defesa de Bruno.

O que se sabe ao certo é que a moça, Elisa Samúdio, sumiu, certamente foi assassinada, mas o quem é quem e a forma como os fatos aconteceram, tudo está cada dia mais incerto. A força que a Polícia tem feito para incriminar o goleiro Bruno transcende a uma investigação policial séria, precisa e assume aspectos de pantomima com direito a aparecer no FANTÁSTICO.

A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais determinou o afastamento da delegada Alessandra Wilker, da Delegacia de Homicídios de Contagem, por ter consentido que fossem gravadas as palavras, uma entrevista, de Bruno num vôo do Rio para Belo Horizonte.

E por ter feito afirmações sobre o caso absolutamente despropositadas e carentes de fundamento. Segundo o site do UOL (FOLHA DE SÃO PAULO), um perito em veracidade (tem isso agora) da empresa Truster Brasil que auxilia a Polícia do Rio e do Rio Grande do Sul, concluiu que “há mentiras nas palavras da delegada”.

O que não quer dizer que não haja o contrário. Polícia dando lição de competência ou de indignação diante da situação a que se vê submetida (polícias estaduais com baixos salários, falta de equipamentos, enfim, infra-estrutura)

Na operação que prendeu, por duas vez, o banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz agiu de forma segura e eficiente e foi obstado por um ministro do STF comprometido até a alma com corrupção e o esquema do banqueiro. Nas várias operações policiais levadas a cabo pelos federais a competência foi a marca e o sinal da eficiência.

A presidente da Associação de Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, que gostam de chamar de “locomotiva do Brasil”, Marilda Pansonato Pinheiro, em resposta a uma ação do PSDB tentando barrar uma campanha da entidade em busca de melhores condições de trabalho, salários os mais baixos do País, além de diversas falhas na política de Segurança Pública, revelou os números da Polícia Civil governada pelos tucanos por doze anos.

Ressalte-se que o desembargador Luís Francisco Aguilar Cortez, do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, negou provimento a ação tucana que alegava cunho partidário e prejuízo eleitoral para o partido e seus candidatos nas eleições de outubro.

Ou seja, o desembargador optou pela lei, por deixar aparecer a verdade.

Marilda Pansonato disse que “somos apartidários, os números que abrimos para a sociedade estão disponíveis e são oficiais”.

Por exemplo, 31% das cidades paulistas não têm delegados. Desde 1995, a população cresceu 21% e o número de policiais civis se mantém o mesmo.

“Esses números são vergonhosos para nosso estado, e o simples fato de o partido do Governo de SP tentar barrar nossa informação, mostra que eles também devem se envergonhar disso”. Conclusão da delegada e presidente da associação Marilda Pansonato.

O curioso nisso é que reflete um dos pilares da postura tucana. “Estado mínimo”. Ou seja, o que chamam de “enxuto” e direitos básicos e fundamentais transferidos para a iniciativa privada. Privatização e terceirização, liquidar os serviços públicos.

E mostra outra característica. O buscar a censura quando se trata de denúncias contra desmandos de tucanos (que é prática rotineira, corriqueira). Tampar o sol com a peneira.

Já o cidadão assaltado, ou a moça estuprada, assassinada, isso é “irrelevante” para tucanos. Relevância é quando o banqueiro Daniel Dantas é preso e solto imediatamente pelo ministro Gilmar Mendes. Ou quando indica para companheiro de chapa de José Arruda Serra o deputado Índio da Costa, ex-genro de Cacciola, o banqueiro das fraudes no governo FHC.

A propósito, essa questão de ser ex-genro, não significa que o cara está isento de culpa. Pelo contrário, era genro quando Cacciola armou das suas. Registre-se que o banqueiro ficou foragido anos, tem nacionalidade italiana e só foi capturado por ter saído da Itália, noutro trabalho de mestre da Polícia Federal e das autoridades brasileiras. Em silêncio. Mas eficiente.

As delegadas e delegados do caso Bruno esqueceram-se de uma característica mineira no assunto. “O mineiro trabalha em silêncio”. Com a barulhada que estão fazendo beneficiam apenas os culpados.

O problema não está em ser Bruno, goleiro do Flamengo, mas em determinar a dimensão da culpa de cada um por um crime bárbaro e por motivos torpes e aí sim, enquadrá-los e permitir à Justiça que os condene. Do contrário aparecem no FANTÁSTICO e os bandidos acabam soltos.

No caso do FANTÁSTICO, qualquer jornalista obteria um furo desses, evidente que no caso da GLOBO, tudo relativo à GLOBO, tem outros pormenores, o condenável é tão somente o sensacionalismo barato, vulgar, medíocre, marca da rede, sempre pronta a super dimensionar fatos assim, sem preocupação com a verdade, com o objetivo básico de evitar discussões que incomodem aos donos.

Não teve essa preocupação no caso de Daniel Dantas e muito menos em mostrar as ligações de Índio da Costa com Cacciola. São pessoais. Ou de José Arruda Serra, são de negócios. Ou a situação da Polícia Civil do Estado de São Paulo (que é quase regra geral em todos os estados brasileiros).

E um detalhe. Polícia Militar com a estrutura que existe no Brasil é um resquício da monarquia, dos velhos coronéis da antiga Guarda Nacional. Um apêndice caríssimo aos cofres públicos. E cheia de privilégios e absurdos. Existe para garantir, por exemplo, o latifúndio.

Polícia em qualquer país civilizado do mundo é uma instituição civil aparelhada, inclusive com salários decentes, para a prevenção e combate ao crime.

No Brasil, depende de quem comete o crime.

A polícia mineira está fazendo o diabo para evitar que Bruno e seus cúmplices (ou não), sejam condenados. Trabalha contra.

Não teve a mesma gana no caso que envolve figurões, inclusive um ex-governador, o atual presidente da CEMIG, a morte de uma modelo em Belo Horizonte. Pelo contrário. Recebeu ordens e calou-se.

E nem a GLOBO encheu-se de indignação.
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