Inventou sim, o BRAZIL.
Se bobear FHC é capaz de dizer que criou o mundo em cinco dias e descansou no sexto e que toda e qualquer outra versão é fantasia.
FHC pisou, sapateou e esmagou o governador de Minas Aécio Neves numa reunião em São Paulo, segunda-feira, dia 11 de janeiro. Ao final do encontro, depois de ter oferecido a Aécio a vice presidência na chapa de José Serra, disse aos jornalistas que Aécio precisa olhar para além das fronteiras de Minas e “comer mais pratos paulistas”.
“Servimos carne assada e cuscuz paulista”. Assaram Aécio e despejaram essa estranha criação da culinária, “cuscuz paulista”. Se o governador mineiro vai engolir ou não é outra história. Em pronunciamento que fez na terça, dia seguinte, disse que “os olhos e o coração vão estar em Minas”. Segundo ele isso quer dizer empenho total na tentativa de eleger governador do Estado o atual vice, Antônio Anastasia.
Questionado sobre se o nome do ex-presidente Itamar Franco poderia ser a opção de Serra, encheu a bola de Itamar, tanto quanto passou a bola para o próprio Itamar. Lembrou uma frase do escritor mineiro Otto Lara Resende, que o teatrólogo Nélson Rodrigues transformou em nome de peça de teatro, por sinal, dois nomes para a mesma peça.
“O mineiro só é solidário no câncer”. Ou “bonitinha mas ordinária”.
Errático, vaidoso, com um incrível senso de oportunismo o ex-presidente não vai ficar insensível a um eventual convite. Aceitou ser vice de Collor por que não ser vice de Serra?
Collor e Serra farinha do mesmo saco? Não, Serra é pior.
A pressão paulista sobre o governador de Minas e o ex-presidente é simples. As pesquisas mostram que a chance de Serra vir a vencer as eleições deste ano está em ganhar nos dois estados. Se perder num deles, no caso Minas, dança.
Se Aécio e Itamar ainda têm resquícios de vergonha na cara como se diz aqui em Minas dão uma banana para Serra e empurram o prato de “cuscuz paulista”.
Existem pelo menos quinze espécies de baratas. A idade desses insetos remonta a algo em torno de 400 milhões de anos e o maior tamanho que uma barata atinge, pelo menos até hoje, é de dez centímetros.
Se barata vai passar de metro depende da decisão que Aécio ou Itamar vão tomar.
Uma nova espécie, uma variação da “blactipa dúbia”. Não sei bem como é essa espécie, mas a expressão dúbia sugere tucano. Ou DEMocrata, a turma de José Roberto Arruda. Ou PPS, a turma de Roberto Freire.
A cara de pau e o mau caratismo de José Serra não têm paralelo na política brasileira, pelo menos em termos de hoje. O governador de São Paulo apareceu no Instituto Butantã para “vistoriar” as vacinas compradas contra a gripe suína e posou de dono, chegou a falar sobre a distribuição País afora.
As vacinas foram compradas pelo Ministério da Saúde, que ao que se saiba não é mais ocupado pelo tucano e foram pagas, ou serão, pelo Governo Federal. O Butantã entra aí, por sua excelência na matéria, como parte do trajeto das ditas vacinas até que cheguem ao cidadão comum.
Serra ainda colocou aquele trem branco que os caras usam para evitar que cabelos caiam sobre, no caso as vacinas, contaminando-as. Golpe de marketing. Entrou de roupa comum, as vacinas estavam lacradas, jogada de marqueteiro.
Mas está na telinha da GLOBO.
Mais ou menos como fez na questão dos medicamentos genéricos, lei criada pelo ministro Jamil Haddad e da qual virou “dono” na eleição de 2002.
É especialista em qualquer tipo de pilantragem política inclusive e, principalmente, chantagem. Nesse item o governador paulista dá de dez a zero até em FHC.
Criticar José Serra não significa necessariamente defender Luís Inácio. Significa que qualquer poste vai ser sempre menos ruim, logo melhor, que José Serra.
Pra começo de conversa imagine alguns trilhões de reais saindo do seu, do meu, do nosso bolso e indo parar em mãos de companhias dos patrões de Serra, os norte-americanos. Falo do pré-sal e da privatização da PETROBRAS, o sonho dourado de FHC, PETROBRAX.
Se somar todo o projeto José Serra ao final teremos uma palavrinha bem simples – BRAZIL –.
A consumação do “paraíso”. Frustrou-se em Collor, ganhou força com FHC, caiu, mas não quebrou de todo ainda com Lula e sonha voltar remendada com Serra.
O governador de São Paulo, ex-preso político, aqui e no Chile, antigo militante de esquerda, presidente da UNE, está distribuindo munição e a mídia (é dos patrões de Serra) tem disparado o que lhe é servido, pelo fato de sua principal opositora a ministra Dilma Roussef ter sido militante de esquerda, presa política, torturada, e ter participado da resistência à ditadura militar.
É um artista na arte da canalhice.
Se Aécio e Itamar são baratas disfarçadas de seres humanos é que se vai ver mais à frente.
E cuscuz paulista deve dar uma baita dor de barriga, pelo menos se servido por FHC.
Eleições não vão transformar o Brasil num paraíso sem aspas. O modelo está falido. Não são mais que instrumento para se evitar retrocessos maiores do que os que já aconteceram. O cerne do debate é outro. A porta de saída não está aí. Qualquer retrocesso, no entanto, tem um preço à frente, absurdo, a ser pago pelos brasileiros. Por isso é um instrumento, ou seja, um meio para que se possa chegar à porta correta que é de entrada para de um Brasil livre, soberano, senhor de si e justo. Não é de saída. Isso é dos tempos da ditadura, o tal “ame ou deixe-o”, logo transformado em “o último a sair apague a luz”.
E Serra, até pelo próprio nome, é um retrocesso. Um predador.