Falou o que de fato pensa desde os tempos que integrava o CCC – COMANDO DE CAÇA AOS COMUNISTAS – na década de 60. O lema do grupo era “LIMPE O BRASIL, MATE UM COMUNISTA POR DIA”.
Casoy e um dos golden boys de José Collor Serra e da REDE BANDEIRANTES. Gosta de espinafrar políticos contrários aos interesses que representa (de banqueiros, empresários e latifundiários), assumindo ares de senhor da verdade e da decência. Criou o bordão “isto é uma vergonha” para referir-se àqueles aos quais criticava e critica.
Pura hipocrisia. O que de fato pensa ficou indesmentível e indesculpável na frase levada ao ar no jornal que apresenta. Por “lixeiros” pode se entender toda a classe trabalhadora.
Ao contrário do que pensa não são os “lixeiros”, “o mais baixo da escala de trabalho”. Existe o resultado dessa escala, o lixo, é Casoy é lixo.
É claro que Boris Casoy não tem a menor idéia do que significaram os “lixeiros” de Marselha na Revolução Francesa. É possível que nem saiba que essa revolução tenha acontecido e olha que foi uma revolução burguesa.
Mas sabe, com certeza, que notícias divulgar, que comentários fazer, que ataques histéricos simular, para vender seu peixe. É pago para isso, não tem escrúpulos em ser hipócrita. Jornalista do tipo daquela velha história que o editor manda o novato escrever um artigo sobre Jesus Cristo numa sexta-feira santa e o novato, no afã de agradar e ávido para se mostrar um Casoy da vida, pergunta se o artigo deve ser contra ou a favor.
O jornal que Casoy apresenta é praticamente restrito ao estado de São Paulo, a capital principalmente. Não tem audiência nacional que ultrapasse um ou dois pontos. Mas é um escárnio que uma rede de tevê com pretensões a rede nacional tenha em seus quadros um jornalista capaz de tal comentário.
Pior, de ver o mundo com esses olhos.
O importante disso é perceber que por trás de Boris Casoy não está apenas o cinismo do apresentador de um telejornal. Está o que modelo que sustenta, gente como ele. Com maior sofisticação William Bonner é a mesma coisa e na REDE GLOBO. E com mais audiência.
Pouco antes de começar a escrever este artigo vinha para casa e uma senhora me abordou numa das ruas da cidade onde moro. Pediu-me dois reais. Justificou. “Eu preciso ir para os Estados Unidos, sou noiva de Obama, ele desmanchou o noivado, mas agora quer voltar”.
E completou – “vou aparecer no JORNAL NACIONAL e no FANTÁSTICO. No BIG BROTHER não, que fica mal para a noiva do presidente. Mas tenho corpo para isso Se o Faustão me convidar e o meu noivo deixar eu vou”. –
Pascal confere à palavra “divertimento”, a partir de “divertere”, o sentido de desviar, a característica deliberada de tirar a atenção dos problemas essenciais para não perceber o nada em si e por si.
O modelo se vale de bonecos ventríloquos para significar os verdadeiros donos. É o que é Boris Casoy. Um boneco das elites políticas e econômicas que governam o País. Ou como afirma Roger Gérard Schwartzenberg em “o estado espetáculo”. “Pouco importa se a classe dominante participa ou não, pessoalmente, do aparelho do Estado. Em última análise seus membros preferem eximir-se”.
Fabricam e distribuem em larga escala a “verdade” nos noticiários da televisão. A que lhes interessa. Lhes é conveniente. Existem centenas de Boris Casoy, com maior ou menor prestígio. Tanto pode ser o próprio, como Miriam Leitão, ou William Haak, ou qualquer um que Gilmar Mendes empregue em seu instituto pirata para receber verbas públicas. Eraldo Pereira, atualmente apresentando o JORNAL NACIONAL. E em silêncio comprado.
Imagino o que seria desses caras se tivessem que passar um dia, um dia só, sem falar uma única mentira, como no filme O MENTIROSO com Jim Carey.
É interessante notar que na frase de Casoy, há um palavrão na abertura, digamos assim e depois um conceito sobre “lixeiros”, vale dizer trabalhadores. Sintético, mas bem articulado, revelador.
Uma espécie de lição aos produtores do seu telejornal e ao mesmo tempo um exercício pernóstico típico da sua personalidade. Asquerosa.
Em uma semana arranja mil e um escândalos e cria milhares de noivas de Obama na ilusão vendida diariamente pelo que Sérgio Porto chamava de “máquina de fazer doido”, a televisão.
Como suas pernas afinaram e seus olhos perderam brilho, mesmo calçando sandálias e virando o rosto para o outro lado. Continua solidão. Repleta de um esplendor único. Que nem sujeito oculto. Existe.
Não saiu da caçapa.
O melhor continua sendo o botão de desligar.
“Ma domination s’établit toujours mieux
Lês hommes d’à presente sont plus fous que leurs pères;
Leurs fils enchériront sur eux
Les petit-fils auront plus de chimères
Que leurs extravagants aieux
Erasmo, no prólogo de Pygmalion.
“Meu domínio se firma cada vez mais
Os homens de agora são mais loucos que seus pais;
Seus filhos levarão a palma
Os netos terão mais quimeras
Que seus extravagantes avós”
Dizem que Casoy é âncora. É sim. Joga-as num mar de noivas de Obama. Simples, singelas, sem maldade alguma, sonhando o Faustão.
E deitam goela abaixo a empulhação cínica do modelo democrático, cristão e ocidental.
Quem será que deveria desejar feliz ano novo na cabeça de Casoy?
José Collor Serra? Um bancário, um pouco mais alto na “escala de trabalho” no conceito do âncora, mas moído pelo banqueiro a cada dia?
Vai ver a culpa é do Irã.Ou do MST. Com certeza. O jeito é construir muros separando as escalas “mais baixas”, antes que “contaminem” a asséptica aparência de Boris Casoy, um dos lixos do jornalismo.