PRÉ-SAL E ELEIÇÕES

A grande preocupação do governador de São Paulo José Serra com as decisões do governo Lula sobre o pré-sal, o que o presidente chama de “marco regulatório”, não tem nada a ver com “benefícios para o País e o povo brasileiro”, com o disse Serra em entrevista.

Começa que Serra mentiu. O governador Sérgio Cabral do Rio de Janeiro foi claro sobre a decisão de Lula em enviar o projeto ao Congresso com a chancela de “regime de urgência. Para Serra Lula rompeu um acordo. Para Cabral os governadores apresentaram uma sugestão ao presidente, cabia a ele aceitar ou não.

O que determina todo o percurso do governador de São Paulo é o traçado pelos engenheiros do marketing eleitoral. Se for necessário dizer que “o sertão vai virar mar e o mar virar sertão”, não só diz, como afirma que a frase é sua, o feito vai ser seu e pronto.

Serra não tem escrúpulo algum com coisa alguma que não seja a ambição de se tornar presidente da República em 2010 e para chegar ao seu objetivo arranja um pé na cozinha sem problema algum. Vai lembrar-se de um trisavô negro, escravo, o que quer que se faça necessário para chegar ao topo.

Não se trata aqui de julgar de forma crítica ou não a decisão do presidente da República sobre o pré-sal. É típica de Lula mesmo sem análise de mérito. Como num jogo de cabo de força, ele pára e fica no meio do caminho. Nem lá e nem cá. Um jeito de dizer aos grandes interesses das grandes empresas multinacionais que nem tudo está perdido e aos brasileiros que o pré-sal vai ser nosso.

Nem uma coisa e nem outra. Serra, no entanto, é claro. O que está proposto pode ser revisto pelo próximo governo e através de Medida Provisória. O que parece ser um discurso para “tranqüilizar” os brasileiros, sem dizer coisa alguma, pelo menos concreta, palpável, assegura ao capital internacional que, eleito ele, o petróleo deixa de ser nosso e passa a ser dele capital internacional.

Tucanos não falam nada de graça. Existe sempre um ganho por trás. A curto, médio ou longo prazos tem sempre alguém monitorando e de fora. Não é coincidência que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha feito críticas a decisão do governo Lula de um acordo com a França em torno da construção de submarinos movidos a energia nuclear para a Marinha brasileira. 

Seis submarinos a propulsão nuclear são suficientes para garantir a soberania nacional, num primeiro momento, em toda a costa brasileira. FHC é funcionário da Fundação Ford e esse tipo de acordo não agrada aos seus patrões. O pré-sal está em águas territoriais brasileiras, a sete mil metros de profundidade. 

E também não estou entrando no mérito do acordo com a França. Se o mesmo FHC não tivesse, deliberadamente, retardado o projeto de construção desses submarinos em seu governo (como do reaparelhamento da FAB), os teríamos com tecnologia inteiramente nacional.

José Serra é a aposta da Fundação Ford. Como outras fundações norte-americanas, uma espécie de holding do imperialismo.   

É só olhar para trás e enxergar a monstruosidade que foi a privatização da Companhia Vale do Rio Doce e toda a sorte de maracutaias que cercou o processo. Não foi privatizada uma estatal estratégica. Foi privatizada uma parte significativa do território nacional e da nossa soberania. E pior, continua privatizada.

A questão do pré-sal é simples.  A PETROBRAS é uma das maiores empresas do mundo no setor petrolífero. Dispõe de tecnologia de ponta gerada com recursos brasileiros, do povo brasileiro.  O monopólio estatal do petróleo começou a ser quebrado no governo do ditador Geisel. A quebra lato senso consumou-se no governo FHC.

O interesse nacional, para as gerações futuras, mentira que Serra gosta de dizer, passa por entregar o pré-sal a PETROBRAS e pronto. O entregar de Serra tem outra natureza. Entregar aos donos do mundo. 

E aí Lula derrapa. Se a questão é permitir que os ganhos do pré-sal sejam revertidos para os brasileiros em áreas críticas como saúde, educação, saneamento, etc, não há porque todo esse exercício de equilibrismo. A PETROBRAS é uma empresa estatal, patrimônio público gerado a partir de luta popular, dessa forma, do povo brasileiro.

O xis da questão não passa por esse tipo de dúvida que nem deveria existir. Passa por ações concretas e efetivas para assegurar que o pré-sal vá ser na realidade um fator de benefícios efetivos, reais, concretos, ao povo brasileiro.   

O jogo até agora tem tido apenas viés eleitoral. Se as pressões do capital internacional sobre Lula são de tal ordem que inviabilizam uma decisão simples, soberana, basta vir ao povo e explicar ao povo. Apesar da REDE GLOBO, da FOLHA DE SÃO PAULO, de VEJA e outros, o povo não é bobo.

Pretender que um Congresso desmoralizado em sua grande maioria como o nosso, decida com seriedade sobre um assunto de tal importância como esse, é apostar que o coelho vai engolir o leão. 

Não existe Congresso confiável quando um senador governista, Eduardo Suplicy, arranja um espetáculo deprimente e ridículo de cartão vermelho em troca de aparecer num programa de qualidade duvidosa, numa rede de tevê das menores, à medida que crítico sem crítica alguma.

Fica igualzinho Sarney. Se Sarney tropeça em atos secretos e num diploma de “coronel” da antiga Guarda Nacional, Suplicy tropeça nas próprias pernas. Que nem o gato Garfield (pelo menos era inteligente), quando lhe perguntaram se para andar ele levava primeiro a pata dianteira esquerda e a traseira esquerda simultaneamente, ou vice versa, ou se só a dianteira ou as dianteiras. O gato pára, olha para as patas e não anda mais. Suplicy já não anda faz tempo.

O pré-sal não é apenas uma questão de riqueza. Tomar posse dessas reservas petrolíferas sem qualquer concessão ao capital estrangeiro é ato de soberania. Quando o cara jura a Constituição brasileira jura isso.

Nessa história toda e nos eventos eleitorais/espetaculosos que se seguirão, é a vez do Congresso. Os tucanos não criaram a CPI da PETROBRAS por acaso, para investigar “corrupção”, isso é todo um enredo para entrega do petróleo. Vai durar até 2010. Não vai faltar dossiê na REDE GLOBO, aeroporto sem ranhuras na pista, aquela cínica “seriedade” que é marca registrada do esquema FIESP/DASLU, na voz e no olhar XPTO de William Bonner.

No caso de Serra tem um agravante. O cara é quatrocentão, só viu vaca pela primeira vez depois de adulto e a São Paulo de Serra é um país vizinho que fala a mesma língua e faz fronteira com o Brasil. E está de olho no Brasil. Quer arrematar a venda iniciada no governo FHC. O estado de São Paulo, unidade da República Federativa do Brasil está naufragando no governo Serra. Esse São Paulo são outros quinhentos. 
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