OPINIÃO: DO CÉU A INFERNO

Às 19h30 minutos Aécio Neves foi ao céu. Era o presidente da República. Tinha quase o dobro de votos de Dilma Roussef. A cúpula tucana pegou um avião em São Paulo e voou para Belo Horizonte.
Às 20 horas, quando saiu o primeiro boletim, Dilma Roussef estava à frente e assim se manteria até o final da totalização dos votos sendo reeleita. O clima de derrota no Palácio da Alvorada foi substituído por festa.
Começou então o despejo de declarações de ódio das elites paulistas e rescaldos em várias partes das regiões Sudeste e Sul. O Nordeste e o Norte foram transformados em vilões do País nas votações maciças a favor da presidente. E os estados do Rio, onde reside o candidato tucano e Minas Gerais, onde faz política e foi governador por oito anos.
Derrotados, alguns dos adeptos de Aécio chegaram a pedir a intervenção dos militares.
Aécio foi do céu ao inferno em pouco mais de meia hora. Suas declarações à imprensa refletiam a sua frustração.
Norte e Nordeste são duas das regiões mais importantes do Brasil. Nortistas e nordestinos são gente civilizada e de garra e determinação incríveis (“o sertanejo é antes de tudo um forte” – Euclides da Cunha no clássico OS SERTÕES).
Os eleitores de Aécio que extravasaram veneno e inconsequências que beiravam o escatológico via internet, deveriam ter se dirigido a Fernando Henrique Cardoso, o político mais repugnante e soberbo do País e cobrado da figura as declarações, logo após o fim do primeiro turno, quando criticou nordestinos e nortistas pela primeira vitória de Dilma. Um inconsequente que revelou toda a sua vaidade e todo o seu desprezo por uma parte do Brasil.
E Aécio deve refletir sobre a rejeição no Rio e em Minas, estados onde pontifica sua vida de aventuras e farras.
O Brasil safou-se de vir a ser de novo colônia e optou por caminhos próprios em que a soberania e a integridade territorial ficam asseguradas. Nada de privatizações, muito menos Armínio Fraga no Ministério da Fazenda.
Entre o céu e o inferno há diferenças fantásticas, lógico.
O pré sal continua brasileiro, a América Latina respira aliviada, pois mais difícil ficam os golpes de estado dos norte-americanos. Os BRICS avançam na consolidação de uma nova alternativa fora do mundo unipolar do terrorismo norte-americano. E internamente continuam as políticas sociais que permitem a brasileiros como o motorista de ônibus que subiu ao alto do veículo que dirigia e disse claramente que faz faculdade graças às políticas de Dilma.
É hora de pensar numa nova lei dos meios que tire da mídia de mercado o privilégio de seis famílias e o despudor de VEJA e GLOBO, dois partidos políticos de potência estrangeira agindo no Brasil. De uma substancial reforma nas estruturas políticas e da opção por gerar tecnologias próprias deixando de lado a dependência de grandes conglomerados estrangeiros, com a certeza que passarão quatro anos fustigando o governo e enxergando crimes fictícias que vão gerar nos noticiários podres da mídia.
Uma agenda comum das esquerdas é necessária e a construção dessa unidade depende de Dilma e do seu partido, o PT. Não sobrevive sozinho por mais forte que seja. É necessário resgatar sua história.
Um dado importante. A justiça italiana absolveu e negou a extradição de Henrique Pizzolatto. Teve acesso a todos os documentos do chamado “mensalão” e não encontrou uma única prova da farsa montada por Joaquim Barbosa, pelo contrário, provas favoráveis aos acusados escondidas pelo ex-presidente do STF.
É hora de continuar no céu e isso depende de Dilma, muito mais do seu partido. Como é decisivo perceber que sem participação popular o governo não vai a lugar algum. A oposição é solerte, é baixa e não tem princípios.

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