O “SALVADOR”

As primeiras vítimas de golpes militares são os livros. O saber. Jânio de Freitas, o único jornalista sem rabo preso da FOLHA DE SÃO PAULO, em seu artigo do dia primeiro de abril, trata do processo de formação dos militares brasileiros. Faz uma análise sucinta mas detida, perfeita de que como nossas forças armadas pensam, principalmente o exército.
São formados no golpe, na convicção que embaixo de cada cama pode existir um comunista ou terrorista sempre pronto a macular a pátria. Os manuais, acrescidos dos ensinamentos aprendidos na Escola de Honduras, mostram o civil como perigo em potencial.
É claro, exceto os banqueiros, os grandes empresários e os latifundiários. São os que chegam com as malas de dólares e proporcionam brinquedinhos usados e fora de qualquer risco para os donos, para que possam brincar de guerra.
E quando fazem guerra o fazem nos porões da tortura, dos estupros e dos assassinatos de adversários.
O general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do exército no governo de José Sarney, ao sair do clube militar após um ato comemorativo do golpe de 1964, chamou de bobagem essa “obsessão” com buscar identificar torturadores e disse que o coronel Brilhante Ulstra, o mais hostilizado publicamente dentre eles, se considera um “salvador”.
Falou dentro de um contexto numa das raras vezes que a presidente Dilma Roussef tomou atitudes contra a ditadura militar, ao proibir a comemoração do golpe nos quartéis. Fizeram-na, evidente, em silêncio, nas catacumbas da barbárie que 1964 representou e representa.
O tal “patriotismo, o último refúgio dos canalhas”, na definição exata do inglês Samuel Johnson.
Brilhante Ulstra, com toda certeza, era daqueles meninos que arrancava asas de insetos para vê-los morrer lentamente ou busca-pés nos rabos de gatos, enquanto se deliciava com orgasmos mentais da perversidade instalada desde o útero materno.
Ele e todos os torturadores.
Há um quadro político no País que sinaliza que a reeleição de Dilma Roussef é inaceitável para as forças de extrema direita. E há uma presença tímida da presidente apostando em políticas sociais, numa campanha eleitoral que se avizinha e se mostra desde já, que será das mais sujas de nossa história, levando em conta a mídia de mercado de temos.
Forças externas também o desejam assim, não importa que o Partido dos Trabalhadores tenha virado um partido social democrata, em determinados momentos neoliberal e que Lula tenha se declarado traído por José Dirceu e José Genoíno, numa atitude covarde e típica de qualquer político do PMDB ou do PSDB, deve ser a convivência.
As malas de dólares já devem estar circulando entre os setores que apoiam Aécio Neves e Eduardo Campos e correndo à solta entre donos de jornais, revistas e concessionários de rádio e televisão.
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil, arma capitalista para atingir adversários, a partir de uma agência que levou milhares de norte-americanos ao desespero com o tal derivativo e apostou num banco que quebrou três meses depois é outro sintoma. Como a neutralidade na decisão russa de anexar a Criméia. Território russo irresponsavelmente doado por Nikita Kruschov a Ucrânia. A decisão do governo nessa direção foi mal vista pelos EUA e o sentimento que é preciso cortar o mal pela raiz ganhou força.
Isso numa América do Sul que tem governos à esquerda como o da Venezuela, o da Bolívia, o do Equador, o do Uruguai e de centro esquerda no Chile e na Argentina.
Segundo o tresloucado Jair Bolsonaro tudo isso vem de Cuba. A pequena ilha semeando o que os militares, que nunca leram, pois queimam os livros, chamam de comunismo e a tortura que Leônidas Pires Gonçalves chama de “obsessão”.
Em meio a tudo isso o coronel Brilhante Ulstra, assassino, torturador, estuprador, pontifica como salvador. E Joaquim Barbosa continua presidente do STF no vale tudo que caracteriza o que Millôr Fernandes chamava de “ilha da fantasia” – Brasília.
Nessa fantasia, uma entrevista de Laurita Mourão, filha de Mourão Filho, patético vestido de índio numa reserva Xavante, como se estivéssemos diante de alguém com participação no mínimo de carregadora de mochila no golpe de 1964 e com direito a caderno especial. Saiu num jornal de Minas. É o nível rasteiro da  mídia.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS