OS 50 ANOS DO GOLPE DE 1964

Tudo o que se disser sobre o golpe militar de primeiro de abril de 1964 será pouco, levando em conta o caráter de movimento controlado de fora para dentro e da barbárie que se instalou no País.
O depoimento do coronel Malhães feito à Comissão da Verdade, onde relata a boçalidade com que o aparato de repressão atuava é um exemplo disso. Para não serem identificadas as vítimas seus dedos cortados, as vísceras arrancadas (eram jogadas num rio e assim não boiavam) e assim a arcada dentária.
O suficiente para a revisão da Lei da Anistia e a punição através de processo publico – para conhecimento dos brasileiros – da estupidez dos militares contra os que lutavam pela democracia.
Há dias uma jovem com vários piercings (na suposição que no fascismo seria possível usá-los) abriu um cartaz em que pedia a volta do fascismo. Dizia o seguinte – “viva o fascismo”. Perguntada por um jornalista sobre o que era o fascismo respondeu não sei e saiu andando em direção oposta ao jornalista.
Deveria assistir SALÓ, ou 120 DIAS DE SODOMA, do diretor italiano Pier Paolo Pasolini, que retrata com fidelidade absoluta o caráter animalesco do fascismo, reproduzido no País com o golpe de 1964.
A moça do piercing, certamente, se declararia enojada com o filme.
Mas estava lá, por uns trocados, segurando um cartaz com os dizeres “viva o fascismo”. Sem ter a menor idéia do que foi 1964.
Outra disse à mídia que foi a uma reunião da comissão da verdade e viu os torturados bem gordos e nutridos, sem nenhuma marca. Teria sido importante que ouvisse o relato dos estupros cometidos contra mulheres, pois estupros deixam marcas na alma e não no corpo.
Um dos desafios, está sendo vencido a duras penas, da comissão da verdade, é levar a história real de 1964 a todos os brasileiros, ou a quantos brasileiros possíveis, para que nunca mais se viva uma tragédia dessa dimensão.
Jair Bolsonaro, deputado e capitão da reserva, quer que a Câmara comemore o golpe. O presidente da Câmara é Aluísio Alves Filho. O pai, já falecido, ex-governador do Rio Grande do Norte, deputado, além de cassado, preso, foi nomeado por José Sarney para o Superior Tribunal Militar, em pleno processo de reconstrução democrática e impedido de tomar posse. Sarney assentou em cima do desafio, lhe falta estatura e coragem para desafiar aqueles aos quais seguiu como cachorrinho e mesmo com o ato de nomeação publicado no Diário Oficial, Aluísio Alves pai não tomou posse no STM.
Não sei se no processo político além de explorar nomes de pais e avós, existe o respeito à memória. Vamos saber depois da decisão da Mesa da Câmara.
Um delegado de Polícia, atualmente lotado na Delegacia de Presidente Prudente, SP, ao perceber que seu depoimento na comissão da verdade da Câmara Municipal da capital paulista seria público foi embora. Covardia, medo, vergonha é difícil, torturadores não conhecem essa palavra, não têm esse sentimento.
O Clube Militar em flagrante desrespeito ao País e ao governo, aos brasileiros, noticia com estardalhaço as comemorações do aniversário do golpe de primeiro de abril.
As marcas do golpe ainda estão vivas em figuras como Joaquim Barbosa, como Gilmar Mendes, como Brilhante Ulstra, o coronel que simboliza a estupidez dos golpistas.
Só irão se cicatrizar quando toda a história vier a tona e as forças armadas assumirem publicamente um compromisso democrático que não têm.
Os vagidos golpistas que ainda percebemos, seja na mídia – que apoiou o movimento – ou em setores do empresariado, no latifúndio, banqueiros e grupos evangélicos, precisam ser denunciados e afastados.
Do contrário a democracia será uma farsa – tem sido – e o fantasma do golpe militar de 1964 estará sempre entre nós como ameaça.
A moça dos piercings poderá ter que aprender o que é fascismo quando eles, piercings, forem arrancados à força em nome da moral e dos bons costumes, refúgio dos torturadores, tal e qual o patriotismo canalha.
É hora de registrar toda a verdade sobre o golpe e é hora de enterrar seus ossos.

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS