Simples ao ponto de se espantar com sua biografia quando a gente falava sobre seus dotes. "Vocês acham que sou tudo isso? sorria e olhava de soslaio como se estivesse se procurando em tudo que ele era. Plantou, com Tamires, sua filha, um galho de Ciriguela aqui no Sitio onde edito O REBATE...
Convidado por um grupo de ferrovários, aceitou ser candidato a vereador em 1966. Foi na Câmara que nos tornamos companheiros e amigos. Demos, juntos, suporte politico ao então Prefeito Cláudio Moacyr e passamos a discutir uma mudança radical na vida política de Macaé. Éramos muitos jovens. Eu com 28 anos e ele com 31. Criamos um forte grupo dentro do MDB e ganhamos a legenda do partido nas eleições de 1970. Eu indicado para Prefeito e ele como vice.
Jodyr lutou muito para manter unido o seu grupo politico de ferroviários que não achavam que era a hora dele ser candidato a vice e sim concorrer a reeleição. Como Jodyr, embora não acreditando na via parlamentar para as graves dificuldades do POVO, não queria e não quis esta via. Rachado em suas bases partimos para a eleição. Eu com grande apoio da juventude estudantil e ele com a base operária. Com uma pulsação política acima do normal do grupo, parecia que a gente,inconscientemente já antevia os anos 2000 com a perpetuação da elite no poder municipal.
A gente via, sem que alguém nos entendesse, o Revisionismo, o oportunismo e o acoramento de alguns setores da esquerda.
Partimos para a eleição e o MDB perdeu para ARENA por uma diferença de 200 votos. De lá para cá o meu amigo Jodyr ficou desgostoso com a política. Cansado de uma luta que ele achava perdida, procurou outros meios para sobreviver seu trabalho social.
Participou da eleição de sua irmã Iza Corrêa, como primeira mulher a disputar uma eleição para Prefeito no ano de 1982 e, por convite de outros amigos, entrou para o PT de onde eu sai...
Jodyr era um grande idealista. Sofreu muito com a perda prematura de sua filha Tamires, morta aos 17 anos e da perda de Jodymar que teve a vida interrompida por um motorista irresponsável que bateu em seu carro.
Um corpo frágil e uma mente forte não poderia habitar outro corpo humano e ter tantas amarguras. Jodyr passou por tudo isso e continuava vencendo as atribulações que o mundo lhe fazia passar.
O último contato que tive com este meu velho amigo foi a uns 30 dias. Me mandou um email, via sua filha e fiel companheira Iza, onde ele me agradecia o texto que fiz sobre a morte de seu amado Jodimar. Dizia da alegria de me ter como amigo e um dos poucos, da política antiga, que lembrava dele. Era a fala de um homem de bem que estava sentindo a falta de alguma das mais lindas presenças que o ser necessida: O reconhecimento.
Não sei se as pessoas seriam mais felizes se a gente tivesse vencido às eleições no ano de 1970. Sei que tinhamos alguma coisa muito mais a frente e que fariamos uma radical mudança. Perdemos? ou perdeu Macaé?
Hoje perde a Região de Petróleo e a familia Souto Correa, um dos mais ilistres ferrovários que conheci e pude vivenciar. Sempre que pudemos rever os tempos de nossas noites indormidas ele recordava a presença de um grande companheiro Waldyr Tavares que o iniciou nas leituras que fazia nos anos de sua militância. Jodyr foi uma liderança que o oportunismo e o revisionista dos anos 70 deixou escapar por erros históricos que jamais serão perdoados.../
Em nome de O REBATE, onde ele também publicou alguns textos e algumas charges, nos anos 60, desejo externar aos seus familiares, especialmente aos seus filhos Katia, Jodyr, Marcelo e Iza, os sentimentos e tristezas que passamos a ter com sua ausência...
(José Milbs de Lacerda Gama, memorialista e editor de O REBATE