KLEBER GUIMARÃES UMA HISTÓRIA VIVA DO JUDICIÁRIO FLUMINENSE...
Falar da vida de Kleber Guimarães para mim se torna muito fácil. Convivi com ele desde os anos 60, quando vinha à Região de Petróleo em visita a sua tia Zenita, espôsa de meu primo Pierre Tavares da Silva Ribeiro. Antes, seus pais frequentavam a Igreja Batista onde Agnes Guimarães ministrava ensinamentos bíblicos.Kleber era um ser diferenciado dos demais de sua época. Elegantemente vestido nos uniformes militares de sua infância tinha o dom da cordialidade.
De seu irmão Celso herdou o carinho pelos empreendimentos e se tornou um dos mais efusivos defensores da dimensionalidade geográfica desta região. Antes mesmo que o petróleo assumisse a febril vontade de enriquecimento de muitos moradores, Kleber já antecipava o que viria a ser nos anos desde século que se inicia. Criou vários Bairros, loteando e espalhando familias por toda a extensão da cidade de Macaé, cidadezinha situada ao norte do Estado do Rio de Janeiro.
O Bairro da Riviera era a "menina de seus olhos atentos ao crescimento da cidade". Ali ele vislumbrou a Riviera Francesa em muitas de suas viagens ao exterior. Para mim contava suas façanhas, muitas delas fantasiadas por quem, como ele e eu, sabiamos que a vida é, na verdade uma "grande mentira". Fantasiava alguns trechos que dominava com a fala e se transformava, as vezes, num grande criador de deslumbramentos comuns aos grandes novelistas do cenário nacional.
Kleber foi um dos poucos brasileiros que podia escolher a cidade para viver, trabalhar e morrer. Tinha acesso a grandes metrópoles e escolheu esta região para fazer história.
advogado brilhante, empresário, politico, jornalista, cronista, homem do povo, Kleber sabia brincar com as mentes humanas. sabedor, como poucos, de que, no judiciário e nos tribunais, vence sempre a "maior mentira pregada e defendida", usou dos tribunais para absolver velhos transgressores da lei e fazer fluir sempre a eloquencia como forma de levar a cabo seus objetivos.
Gostava de se fazer presente em todos os acontecimentos sociais. Elegante, do alto de seus 80 anos, fazia questão de usar a palavra e desfilar nas ruas de Macaé sempre dentro de seus ternos escolhidos nos melhores alfaiates do Rio de Janeiro. Escreveu vários textos no "O REBATE" nos anos 60 e 80. Amigo pessoal de Almir da Silva Lima e, ultimanente tendo ao seu lado o fiel escudeiro Renato Rasma. Dois jovens saídos das nossas ruas empoeiradas o que veio demonstrar a simplicidade de Kleber no trato com pessoas do POVO.
Tive a honra de, quando ainda eu era amigo do Sylvio Lopes, ter apresentado Kleber a ele. Convidado aceitou trabalhar na Procuradoria do Municipio onde fez do local um ambiente popular onde as pessoas simples eram sempre atendidas e levadas ao atendimento jurídico.
Quando o Poder Judiciário de Macaé estava abarrotado de milhares de processos que precisavam de andamento, a maioria de pobres, Kleber foi convidado e funcionou, durante anos, como Advogado dativo, onde milhares de pessoas, filhos, esposas, amigos e gente simples, tiveram seus processos em andamento e solucionados. Era, nas madrugadas de sua velha casa no Alto dos Cajueiros, que ele fincava os olhos, debruçava noites no estudo dos aparados legais que iriam ajudar as pendengas.
Um dia escrevi sobre ele e disse: Kleber, como advogado criminalista, era "o monstro sagrado do Direito". E fui mais lobge ai afirmar que: "dentro das vestes do elegante advogado Kleber Guimarães, estava escondido "Um bravo Operário da Lei", num belo macação que honrava a Toga de Juiz que ele sempre gostou de dizer que era...
E por que nao o Juiz Kleber Guimarães? por que não o Magistrado Kleber Guimarães?...
O mundo, a vida, a existência é uma grande Meganomania. Nascemos sem saber de onde viemos e saimos da existencia sem saber para onde vamos. Kleber era um sabedor nato das nossas vontades de ouvir histórias. Fazia com que todos se sentissem participante da ciranda da vida com suas alegres histórias, muitas delas, fantasiadas para que os ouvintes se sentissem dentro delas. Foi um grande homem, um bom advogado, um sábio juiz e um fiel "Amigos dos Amigos".
Hoje,ao saber que se encontra entre a vida e a morte, numa semi-consciencia, num leito de CTI na Casa de Caridade de Macaé", faço público um de seus desejos e pedidos quando a gente andava juntos pelas ruas de Macaé, Rio de Janeiro e Foruns. Ele me pediu:
"Se algum dia eu estiver vivo, ainda que inconsiente, escreva algo sobre mim. Não faça depois de morto não. Gostaria que as energias que saem de seus dedos de cronista saiam de uma maneira suave como se eu ainda pudesse ler. Você, Jose Milbs, é um gênio e como tal queria ter de você algo ainda em vida.
Pois ai está, meu velho amigo Kleber a minha homenagem a você ainda em vida. Macaé, Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 2008, 14,43 minutos. A frese que disseste ao seu amigo Renato Rasma: "Não me deixe morrer ainda quero viver". está ressoando no Bairro Miramar, em suas Ruas empóeiradas e lindas que você trocou pelo luxuoso Bairro de São Conrrado no Rio.
Talvés tenha sido o seu maior desejo o de deixar este mundo cruel na presença de gente simples como você.
Dia 31 de Dezembro de 2008, sem ver o nascer do Sol de 2009, chega a noticia da morte do Juiz do Povo Kleber Guimarães. Almir da Silva Lima me deu a notícia ainda com a tristeza de quem, como o Renato Rasma e os familiares do Kleber, estavam esperando sua recuperação. Lembrando ainda do escritor macaense Luiz Lawrie
Reid, em seu "Ultimo Conto" faço dele minhas palavras:
" Queria saber por que, se os destinos, as inteligências, os corações são tão desiguais nos homens, êles se asemelham tanto nos dpis polos primordiais: Viva e morte?
Por que, na balança da justiça, podem ficar em iquilibrio tanto o réu como o autor?
Por que a metamorfose dos valores morais? moralidade e religão nasceram para o homem e não êle pra elas?
Por que a fria razão traz alegria e a tortura e a paixão nos faz feliz?
Por que todos têm razao e quem menos tem berra?
Por que em todos um desejo imperativo de acumular, conseguir glória, poderio, riqueza? Por que vingar-se e não tolerar? Por que tanta ansiedade do Eu?
Um cego é feliz em pensar que ouve e fala, um surdo em ver o mundo, um paralítico em pensar e meditar. E um que tudo tem, que tudo goza, rói-se e corrói-se por dentro?
Por que?
Por que a razão anda sempre com os velhos, os loucos e as crianças?
Por que nascemos filhos de nossos pais e morremos filhos de nossas ações?
Por que o que as crianças aprendem de Bem a vida ensina-les de mal?
Por que precisa-se, às vêzes, de mais esfôrço a não odiar os amigos que amar os inimigos?
Por que o homem se preocupa com tanta inutilidades e nunca com o seu "fim"?
Por que há sempre quem nega e a firma Verdades e Mentiras, indiferentemente?
Por que existe quem em tudo acredita e nada duvida?
Por que se precisa mais de amor que de pão?
Por que só a dor nasce grande?
Por que........"
A mesma tristeza, com odor de saudade que vi estampado no olhar de Luis Cláudio, meu filho, quando comuniquei a morte de Kleber, tenho certeza estará nos rostos de milhares de pessoas simples da região de petróleo. Presos abandonados em cárceres, pequenos policiais civis e militares, jovens juizes, alegres defensores e promotores de justiça, todos que tiveram a felicidade de "receber dele, de kleber, seus sagrados presentinhos de Final de Ano e Natais que não voltam. Kleber tinha o dom de presentear amigos. Presentes simples porque eram para muita gente. Um reloginho aqui, uma gravatinha, ali, uma camisa acolá ele ia cimentando sua presença em todos que podia acariciar. Era sua maneira gentil de saber-se presente.
Abre-se, hoje, 31 de Dezembro de 2009, uma lacuna impreenchival no Judiciário Brasileiro com a morte do Juiz Kleber Guimarães. Morre com ele o Romantismo do Direito, Entristece de lágrimas o Sagrado Manto que sempre soube honrar.
Fecha-se uma página no sagramento da lei. Fica a lembrança deste grande Advogado, porque não dizer do POVO?
A sua esposa Ivone, seus 2 filhos, em especial ao kleber Roberto seu fiel companheiros nos últimos momentos, os sentimemtos de toda rquipe de O REBATE onde Kleber sempre escreveu e foi um dos mais antigos assinantes nos anos de 1970.
Abraços de seu amigo, Jose Milbs de Lacerda Gama, editor de www.jornalorebate.com