Morreu em Uberlândia o poeta patrocinense Nathan de Castro, aos 60 anos de idade.
Nathan residia e trabalha em Uberlândia há vários anos e a maioria dos irmãos e irmãs residem em Patrocínio, sua terra natal, que sempre mencionava em suas falas e escritos.
Poeta de renome, autor de livros e muito querido.
Abaixo o último poema publicado por Nathan de Castro, no dia 1º, que fazia referência ao mês de setembro que é finalizado com a frase "silêncio, outro soneto e outro sorriso no rosto".
Soneto de setembro
© Nathan de Castro
Com voz de trovoada e olhos de coriscos,
o céu de cara feia afugenta o soneto.
Arrisco-me no verso livre, em branco e preto:
cantigas de setembros, chuvas e rabiscos
Sinais de tempestades, flores, borboletas?
Versos de folhas verdes nas mãos do Poeta?
Quiçá, quem sabe a terra ensinando-me as letras
das cepas dos coqueiros de praias desertas?!
Canções de erva-cidreira, picão e canela,
remédios para curar as paixões de agosto...
Sementes nos canteiros de eterno desgosto?
Verso livre com cheiro de amor - primavera -
abóbora madura (onde estão minhas feras?).
Silêncio, outro soneto, e um sorriso no rosto.
Senhora Solidão
© Nathan de Castro
Senhora Solidão, aceite o abraço
deste poeta amigo e de um só tema.
Venha dançar comigo no compasso
descompassado e aflito do poema.
Valsando a madrugada, a vida passa
no ritmo envolvente das serestas.
Senhora Solidão, permita a graça
deste velho bolero sem orquestras.
Dona de mim, eu quero esse perfume
e o ombro nu com cheiro de pecado.
Dois pra lá, dois pra cá, corpos em lume
incendiando a noite da cidade.
Senhora Solidão, não me acostume
na dança atrapalhada da saudade.