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D.Maria despediu-se da Macaé, que tanto amava, nesta tarde de 29 de maio de 2014.No manto azul de Nossa Senhora,no mês a ela consagrado, foi buscar o descanso merecido. Não há macaense dos últimos sessenta anos que, de uma forma ou outra, não lhe reconheça o mérito, o exemplo, sobretudo, a Arte. Maria da Natividade Klonowska, Professora, compreendeu ainda jovem o mistério da sintonia cérebro e emoção. Alçou vôo de sua Natividade/RJ, indo buscar nos grandes centros,com mestres da pintura, os caminhos de sua vocação.Superação. Chega a Macaé, naquele momento especial das vibrantes possibilidades que o Brasil ofereceria, em sua moderna sociedade, nos anos cinquenta, do século passado. Integra-se ao grupo que compõe o momento sublime da educação de nosso Município: como era bom vê-la caminhando, daquela casa grande, de janelas baixas,na rua Visconde de Quissamã, em companhia de Seu Tadeu e dos dois meninos,Vicente e Casemiro! No Colégio Luiz Reid estabeleceu, ao lado de outros grandes mestres, a valorização do trabalho artesanal; ali, entre as normalistas, vivenciamos o aproveitamento de materiais, realizando o que mais tarde se denominaria reciclagem; seu ineditismo vem da capacidade de transformar com as mãos tecidos, madeira, linhas...Em suas aulas, talvez ainda não soubéssemos ser possível bordar a esperança e colorir a vida...Como era bom observar aquela família caminhando em direção à Praia de Imbetiba, carregando redes e puçás, quantas vezes, recolhendo algas e ensinando seu valor nutricional!!...Ah, D. Maria, os princípios da Ecologia, da vida natural, estavam todos ao nosso alcance e, felizes, muitos aprenderam... Acompanhei-a no trabalho de construção da sua própria casa, justo naquela Imbetiba ideal e idealizada...Já éramos colegas de profissão, seus meninos cresceram e o melhor refúgio foi a sua casa, seu atelier, onde assisti, eu e muitos outros,em êxtase, a alguns de seus estudos e a fases incríveis de sua pintura e tapeçaria! Observo o anjo tecido pela senhora, adquirido em 1984. Nas asas, dois abacaxis em vibrante amarelo, os olhos muito negros e esse sorriso cativante... Aproximo meu olhar deste palhaço, que carregando o violão, me diz tanto da senhora. De sua crença nos valores humanos, sua fé e força! Trocávamos leituras – Ela era leitora voraz -- e com ela era permitido conversar, analisar, buscar idéias, aprender!! Maria Klonowska, seu traço, as cores, a essência da maior artista com que já pude conviver.Obrigada!Seu nome já eternizado em páginas escritas, resenhas, catálogos, referências, um nome consagrado! Sua imagem serena, seu olhar, sua inquietação, sua magnífica obra marcam para sempre cada amanhecer dourado de nossa Macaé;sua lembrança é luz no azul sem fim que inunda esta tarde triste...