Esta semana a poesia da gaúcha Cláudia Gonçalves, uma poesia de busca infindável. Cláudia nos brinda com o requinte da simplicidade, com romantismo, paixão... um fazer poético sem firulas, vale a pena conferir! ( Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)
Sonho
Sinto-me,
um barco perdido
a procura do cais
a cada nova aurora
ao sentir
o sopro do vento,
ali estou,envolta em
um cobertor de sonhos...
querendo ver
o mundo suspenso,
nos olhos dos meus desejos...
e quem sabe ao anoitecer
o cobertor seja de beijos.
Mulher
Anoitece
e na ante-sala do amor
transborda néctar
frutal
rosa chá.
alma desnuda
saindo do prumo
tal fera selvagem
bastam, os sentidos
e explode a paixão...
nas arenas do corpo,
caem folhas de outono
e floresce
...mulher
Insone
Noite embala
suave melancolia
enquanto o silêncio
zomba em gotas
pálpebra
cristalizada
tomba exausta
mas o porto é insone
o pensamento voa
e brota o desejo
de com palavras bordar
e um poema esculpir
invadir o silêncio
e a insônia banir.
Sol noturno
Te encontro
na delícia das maçãs
a pele orvalhada
de flores de ontem
flagrada pela retina
a taça do amor
retratando a leveza
no desfolhar do desejo
o vinho de hoje
quebra o silêncio
um sussurro rouco
de palavras tontas
percorrendo
corredores estreitos
de um sol noturno
desperto
ao sabor da manhã.
Rebento
Que seja pleno
se tardar...tanto faz
quero agarrar o poema
com as unhas do coração
e não negar
o que explode em mim
quero rasgar o peito
com um verso feito
que seja bobo
ou que me questione
mas que me leve
e me aprisione.
Ecos
Salgado silêncio
pintado de breu
andando de rua em lua
buscando a cor
na derme do escuro
um mergulho vermelho
ao centro túnel
um coral de palavras loucas
entorpecendo, cantando
em labaredas beijos
que inflamam
aquecem
transpiram e amam.