Aquarela

Sempre tive pelo Brizola uma grande admiração e, esta admiração, surgiu quando tive conhecimento do seu programa educacional. Ainda hoje, acho que seria a solução educacional para o Brasil. Pelos mesmos motivos passei a admirar o Collor, apesar de não ter lhe dado o voto.
    Quando vi o Brizola e o Collor em manchete no Jornal do Brasil inaugurando o primeiro CIAC pensei: “Agora o Brasil caminha para o futuro!” Que nada! Os conservadores, que não querem educar, através dos meios de comunicação que tem em mãos, acabaram politicamente com os dois.
    Como não posso deixar de sonhar nunca, a pedido do Brizola, apoiei o Lula a presidente em 1988. Acreditei no Lula-lá com a estrela vermelha e solitária, na esperança de ver novamente as nossas crianças educadas.
    Que nada! A estrela antes vermelha hoje está colorida, uma aquarela após tantos acordos com vários partidos de direita.
    E então, numa folha qualquer, eu desenho um sol na esperança de ver tudo iluminado e claro. Mas com o passar do tempo volto à escuridão, quando um deputado com dinheiro público construiu um castelo. Diante de tanta sujeira me dou uma luva e faço chover, mas me aparece Sarney com um guarda chuva protegendo o seu mordomo.
    Descrente, olho para o céu e vejo uma linda gaivota a voar. Era ilusão de ótica. A gaivota era o aerolula que ia voando e contornando a imensa curva norte-sul, viajando Havaí, Pequim e Instambu.
    Aproveitei a ilusão e imaginei Pedro Cabral, lá atrás, num barco a vela, branco, navegando e gritando: Terra a vista! Depois de tanto céu e mar, jogando um beijo azul para o verde e amarelo e dizendo para Caminha: Encontramos o país do futuro!
    Basta imaginar, e o Lula está partindo sereno e lindo, tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar. Sempre nas nuvens, mas se a gente quiser vai pousar para se explicar.
    Depois de tantos descasos com o Brasil estão construindo um navio de partida com alguns bons amigos querendo ficar de bem com a vida. Mas o menino que aqui quer ficar ainda acredita e caminha a esperar que o futuro aqui pode estar. Mas o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo, nem piedade, nem hora de chegar,
    É claro que nesta estrada ninguém sabe bem certo onde vai dar, mas já que estamos em uma aquarela porque não dar uma chance para o Collor voltar?

Guto Glória Sardinha.


 
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