O puxa-saco

O puxa-saco é um ser onipresente. Ele está em todos os lugares. Às vezes, anda disfarçado, meio camuflado. Mas bastam os holofotes da popularidade para ele aparecer. E não há ambiente mais propício para isso do que uma festa. Repare quando você for a qualquer tipo de festança.

Eu reparei em tudo.

Puxa-saco, lambe-botas, babão, bajulador... Eles são iguais, sem nenhuma criatividade. Sempre se vestem da mesma forma. Cabelos penteados para o lado direito, bigodinho bem aparado, óculos redondo, camisa listrada (ou de bolinhas azuis), cinto preto, calça jeans e sapatos marrons. Geralmente são bem alinhados, com roupas combinando com o resto dos acessórios. Tudo para agradar um certo alguém.

Eles até que são simpáticos, vai. O problema é o excesso de simpatia; isso é o que mais desagrada as pessoas. Os bajuladores querem agradar a festa inteira e detalhe – todos ao mesmo tempo. Eles nunca param em um único lugar. Estão sempre rodando na cola do anfitrião. Quem não conhece esse tipo de gente até pensa que o babão é o responsável pelos pormenores da festança. Coitado.

O ponto máximo da festa é quando o aniversariante chega. Meu Deus! Que coisa mais interessante. O mundo simplesmente pára. O Planeta Terra deixa de girar por alguns segundos. O bajulador-mor não respira até que seu alvo perceba a sua presença ali por perto. Pronto. Quando isso acontece, o puxa-saco atinge o seu “orgasmo funcional”. O sorriso já estampado no rosto ganha proporções gigantescas.

Nem mesmo nas horas do cumprimento ele deixa o aniversariante em paz. Ele tem que estar nas proximidades. E sempre acaba por abraçar (novamente) os convidados e agradece a presença de cada um, dizendo que é um prazer tê-los em um momento tão especial como aquele. Ah, ele também apanha o presente da mão do aniversariante e diz que está guardando todos no quartinho dos fundos.

Quando o garçom passa, o babão trata logo de apanhar alguns quitutes para dar ao anfitrião. Nessa ocasião, um comentário sempre escapa. “Nossa, que delícia esse daqui, né? Come para o senhor ver. Um deleite”. Até mesmo o vocabulário de um puxa-saco é diferente. Ele sempre utiliza palavras nunca ditas em um ambiente tão informal como o de uma festa. Quer ser polido ao extremo e, às vezes, enaltece-se de dizer vocábulos que nem ele mesmo sabe o que significam.

O puxa-saco é um porta-voz voluntário. Sempre está atento ao que é falado. E, se necessário, acaba completando a frase. Elogios? Nossa, ele tem um leque de opções. Tem hora que não consigo entender de onde o bajulador tira tantos adjetivos. Parece que revira o dicionário antes de entrar em cena. Ele é um exagero. Tudo é formidável, esplendoroso, magnífico, belíssimo...

Ah, e eu já estava me esquecendo das fotos. Ele está em todas e sempre com a mesma feição – abraçado ao aniversariante como um parasita. Por ele, a festa teria apenas ele e o anfitrião. O babão acha os outros convidados chatos. É verdade. Só porque os outros convidados tiram a atenção de seu “amigo”. É um legítimo chato disfarçado de simpatia.

Enfim, a festa acabou. Os convidados foram embora...E eu resolvi esperar mais um pouquinho. Precisava tirar apenas mais uma dúvida: será que o puxa-saco ia atuar como chofer do seu grande amigo anfitrião, abrindo e fechando as portas do carro? Tudo indicava que sim. Mas não. Ele foi junto.           

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