E O VENTO LEVOU MEUS EUROS: Uma viagem pela França e por Hollywood

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Espero que toda vez que for a Paris, seja como uma eterna primeira vez. Espero encontrar a cidade da forma que conheci, o hotel e a chambre do Jardin le Brea que fiquei, mas alguma coisa me diz que isso não é possível. Saindo do hotel, havia uma pracinha com uma escultura do Rodin, logo ali, um cinema no final da rua, uma mercearia que vendia queijos e arroz doce, frutas, cerejas, pequenos sonhos em potes, embrulhados em papéis de jornal. Agora tenho de dizer adeus aos sonhos. Adeus a Paris cortada pelo Sena com suas pontes mágicas que nos levavam a lugares que não encontraremos mais. Si Paris nous était chanté...

Vou dar adeus a ponte Alexandre III com seus gigantescos postes de luzes e anjos barrocos, sorridentes, com aquele olhar de pedra, a segurarem guirlandas; a ponte simbolizando uma amizade entre a França e a Rússia, homenageando o Czar Alexandre III, a primeira pedra colocada em 1896...

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Champ-Elysées, vista desde o Obelisco de luxor, da Praça da Concordia até o seu extremo, no Arco do Triunfo

Ficará no meu coração o dia em que desci com Sílvia e Flávio a rue Mouffetard, cheia de feiras livres com cerejas, morangos, casas de queijos e vinhos, e acabamos comprando pão com azeitonas, fui numa confeitaria e comprei uma caixa cheia de doces, mil folhas, bombons, para sentarmos sob as árvores do pátio da igreja St. Medard, e lanchamos num banco verde do jardim.

Não deixem de visitar a rue des rosiers, o bairro judeu... O bois de bologne...

Um dia me deu na cabeça visitar Carcassonne, a estranha cidade medieval, murada, onde chegamos a ir e Flávio jurou ver uma procissão a passar com velas e artoches acesos por entre as ameias dos castelos com sua ponte levadiça, suas ruas com lojas vendendo pequenas cigarras, símbolo também da cidade de St. Paul de Vence, cigarras que cantariam até morrer. St. Paul de Vence, a cidadezinha única que fica no início da Riviera francesa. Onde cada lojinha tem cheiro de lavanda e se escuta música medieval. Você encontra miniaturas de caixinhas de músicas com canções que ficaram na história... Sarlat la Cañeda, uma cidade medieval onde um dos prédios é chamado de a lanterna dos mortos; sua igreja virou um grande mercado e você come bolinhos fritos como na idade média, onde vê criações de gansos na Borgonha, patos que logo irão para a mesa com o nome de canard. Recheados são uma delícia, assim fizeram a fama de La tour D´argent. Mas a Borgonha é a terra das trufas, do Cassoulet, por falar em trufas, andávamos os três, Sílvia, Flávio e eu pensando tanto em chocolates que nem nos demos conta que paramos numa loja á beira da estrada onde se vendiam TRUFFES, e todos os três estávamos pensado somente naqueles chocolates trufados, esquecendo do real significado. Lá a trufa não era chocolate e ficamos bastante desapontados apesar do mico que passamos, haviam milhares de potinhos super pequenos e eram vendido a gramas, a peso de ouro. Na Gastronomia, a Trufa (em francês truffe e em italiano tartufo) é um fungo subterrâneo, da família das entuberáceas, que produz corpos esporíferos tuberosos, comestíveis pelo sabor e pelo aroma agradáveis. Há várias espécies, todas européias e do gênero Tuber. Geralmente, se usam animais para caçarem as trufas (cachorros, porcos), pois é um alimento selvagem.

De St. Paul de Vence subimos facilmente para um Canyon chamado Garganta dos Lobos, onde vimos castelos construídos à beira de enormes e profundos rochedos. A área é conhecida como Gorges du Lupi e Gorges du Verdon, onde tem a encantadora cidade de Gourdon e podemos escolher descer direto para Cannes ou voltar a Nice. A cote d´azur experimenta quase 300 dias de sol por ano e fazem festas das laranjas em Menton: O início da Riviera francesa pois quem chega, vem da Itália, já passou por San Remo com seu cassino, já viu Montecarlo com os castelo do Príncipe Rainier. Só dá para suspirar um pouco por Grace Kelly ter partido daquela maneira, morrendo em um acidente com seu carro, deixando um passado de antidepressivos e a procura pelo tempo perdido longe do cinema e da estrela que deixara de ser por uma realeza que ela se arrependia de ter aceito...

Logo após de Menton vem Roquebrune, Antibes, Cap. de San Martin com suas marinas e seus iates. Dizem que os mais abastados moradores do lugar possuem até pista de pouso própria e é raro aquele que não tenha um heliporto.

Mais para baixo vamos encontrar Saint Tropez, que nos trouxe Brigite Bardot, que por tanto tempo quis se mudar para o Brasil. De Saint Tropez chegamos a Toulon e a Cassis, que é belíssima, mas fica numa descida. Assistir a um por do Sol em Cassis e ver o céu ficar todo laranja e vermelho é impagável, em todos os cantos há homenagens aos que resistiram a invasão nazista e lutaram na Guerra. De Cassis estamos a minutos de Marseille, a cidade mais antiga da França, onde foi composto o hino francês. A primeira coisa que vi foram os fortes que resguardam a cidade, quase á noitinha e já iluminados com cores azuis e violáceas. Paramos para tomar a boul a famosa sopa de frutos do mar, no local que a criou. É em Marseille que temos um porto gigantesco, cheio de barcos e de onde saem passageiros para as ilhas mais próximas e para visitar o castelo de If, imortalizado por Alexandre Dumas. Há um ônibus de turismo que nos leva a todas as partes da cidade e, assim que saímos de Marseille nos vemos no coração da Provence! Fizemos amigos franceses desde a primeira vez que estivemos em Los Angeles, Hollywood, e o casal morava na Provence. Pois foi lá que parei numa cidadezinha onde um vulto de negro, feito uma estátua, parecia assombrar a porta de um prédio. A figura de negro retratava Nostradamus, o pai das profecias e foi, assim, sem planejar que olhei para o alto do prédio e encontrei a inscrição: aqui viveu e morreu Nostradamus. Hoje sua casa é um museu com vários andares que conta sua história em cenas que ilustram grandes momentos de sua vida.

A esta altura estamos entre Les Baux de Provence, onde vemos castelos cravados nas rochas e construído de forma que se confundiam com as cores das pedreiras para evitar a invasão dos inimigos. Les Baux de Provence guarda monumentos do tempo dos celtas, e fica entre St. Remy e Arles, onde viveu Van Gogh e você experimenta ver ao natural o local de suas pinturas, onde contemplamos o objeto pintado e sua pintura. Minha maior experiência foi encontrar o Bar La Nuit na Praça do fórum, um dos locais que se mantêm desde a época de Van Gogh como está no quadro, com a noite e suas estrelas... fiz questão de entrar no café onde Van Gogh deve ter entrado tantas vezes. A sensação era como de entrar dentro de um quadro, pois conhecemos mais o quadro do que o que vemos na realidade. Ali também está a ponte levadiça para os barcos passarem que ele pintou, os campos com os trigais...Um lugar mágico, onde cruzou Nostradamus e Van Gogh, entre girassóis margeando as estradas. Saindo de St. Remy estamos em Avignon, no Palácio que abrigou os Papas. Pois nem sempre o vaticano foi o centro do papado, Avignon guarda o Palácio dos Papas e a famosa ponte de Avignon daquela musiquinha francesa.

Hoje a arte está integrada aos meios de consumo, tornou-se objeto nas prateleiras dos supermercados, como diria Andy Warhol, em sua mostra no Centre Pompidou, onde seus quadros mostram a reprodução em série de Elizabeth Taylors e Marilyns entre latas de sopas Campbell´s.

Em algum ponto, descobrimos onde produzem o chateaunuf du pape, o lugar abriga castelos que hoje servem de hotéis. Dali é fácil descer por Perpignan para chegarmos a Barcelona, na Espanha, e quem quiser pode fazer uma visitinha a velha cidade de Andorra. Somos levados até uma praia chamada Canet la plage, que é o caminho para descermos para Perpignan e Barcelona. Um pouco antes entramos numa outra casa que vendia vinhos, paramos o carro, estava tudo fechado para a hora do almoço. Na verdade parecia tudo abandonado. De repente, quando adentro a propriedade me deparo com aqueles castelos totalmente abandonado, uma verdadeira mansão com eras devorando a casa e subindo pelas paredes, pelas janelas, indo até as torres. Na frente um jardim onde uma vez crianças poderiam ter andado, percorri cada centímetro daquele chateau assombrado, com aldrabas nas portas, leões rugindo...

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É quase natal e eles acenderam as luzes das árvores que ladeiam o Champ-Elysées... é tudo tão maravilhoso, penso. Nem se lembrarão de mim quando eu me for. As barcas desenhadas continuarão por ali, o Quartier Latin, a Fontana de Médicis do Jardin de Luxembourg, os pássaros a construir ninhos sobre as estátuas douradas das rainhas e dos reis... as feuilles mortes se amontoando pelas calçadas como se meu coração visse tudo como num eterno outono, não haverá mais Versalhes e os jardins de Le Nôtre para um pobre plebeu, e o francês cruzando as ruas sem pressa, naquele capotão engraçado de espião, consegue manter aquele ar de que o tempo não passará, que não há pressa para se viver, que em algum dia o sol voltará a brilhar como num quadro de Monet, ou expresso nos realismo mágico de René Magritte, fumando seu pipe ( cachimbo ). O ritual de venerar os mortos da segunda guerra e levarem flores ao túmulo do soldado desconhecido sob o Arco do Triunfo. A Sorbonne, as livrarias de Saint-Michel, o Pantheon, os antiquários da rive gauche, os bouquinistes vendendo affiches de cartazes antigos, desenhos de Mucha, de Lautrec, livros raros, desenhos da Notre dame... a mágica Ile de St.Louis. Agora tudo frio demais, 8 graus pela manhã cinzenta e azul, as pessoas demoram a acordar, lojas demoram a abrir... Percorro Montparnasse, com seus teatros, outros hotéis em que fiquei ( um bom lugar para se ficar. Uma vez em Montparnasse você está perto de tudo.

Ainda sinto o gosto do crepe com sabor de amêndoas, a ebulição que já não há quando vento ou chove obrigando os artistas da Place du Tertre a se protegerem do frio... nem sempre neva mas Paris no inverno é aconchegante, mas uma outra Paris, uma outra cidade, totalmente diferente daquela ensolarada e verdejante nos meses de junho e julho quando faz muito calor, quando os jovens vão se juntar nas escadarias da Sacre-Couer ( O Sagrado coração ) A rue du bac também é local de perigrinação, onde vemos a capelinha em que a menina Labouré teria visto a aparição da Virgem Maria pedindo que esta cunhasse a medalha milagrosa, pois Paris sofreria por tempos terríveis. Posso ver ainda o trenzinho de vidro subindo e descendo a colina de Montmartre; o monte onde uvas e moinhos se ocultam da paisagem, onde uma casa ainda imortaliza as obras de Salvador Dali e o museu de arte naif.

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Pequenos restaurantes abrem portas onde outrora foram casas e ateliers de artistas, como o da rue Poubolt, as mesinhas tão pequenas, o olhar sereno do casal de ingleses que vieram passar o ano novo em Paris, ele, um senhor de mais de cinqüenta tentando me dizer que a esposa nunca saíra da Inglaterra e aquela era a primeira vez que estava vendo Paris. A primeira vez que se vê Paris é eterna... ficaram proseando conosco sobre os melhores lugares da Inglaterra, York, Bath, segundo a esposa, qualquer lugar acima de Manchester onde a paisagem se abre em campos verdejantes e todas as aldeias estãoi voltadas para festivais de música que acontecem em agosto no Distrito dos Lagos ( Lake District ), região para quem sobe para a escócia, pega Carslile, Cardiff, Lancaster seguindo até Glasgow e Edimburg, nas terras onde foram filmados Highlander, aquilo sim, um passeio inesquecível, que nunca tive a chance de fazer.

Sei de antemão que acordarei um dia em casa e o sonho terá terminado, não haverá nenhum carro parado na porta do estacionamento do hotel, não haverão mais passeios, não verei mais você.

O gostinho de tomar café com croissants fresquinhos, numa adega de tijolinhos brancos, a dona do hotel me perguntando se quero um ovo frito pela manhã... Os tetos das casas cobertos por chaminés, as janelas cobertas por flores e sons que vem de uma eventual vitrola perdida... se você um dia estiver em Paris, vá ver primeiro a Torre Eifell saltando no Trocaderó, suba as escadas do museu que se abre para a vista mais bonita da cidade, os canhões a esguincharem água sobre uma fonte e a visão da Torre Eiffel, como se estivesse sendo inaugurada nos dias atuais, ao longo, a Place de Marte, ao final, a Ecole Militaire. Todas as noites os canhões dão um show de luzes coloridas, colorindo as águas e todas as manhãs ao sol, elas formam brilhantes arco-íris que ninguém consegue pegar. Todas as noites a torre Eiffel ilumina-se com um show de luzes a recepcionar os olhos de qualquer visitante, e passa a piscar com intermináveis flashes de luzes feéricas, em meio a holofotes a girarem pelos céus. Mais uma vez, Paris está em chamas... Audrey Hepburn estará sob o Piler Nord da Torre Eiffel ou andando em um daqueles carrosséis, tão típicos dos franceses. Leslie Caron estará dançando sobre as fontes da Place de la Concórdia e poderemos ouvir as dançarinas do Cancan imortalizadas por Toulose Lautrec, um freqüentador assíduo do Moulin Rouge, aberto a 5 de outubro de 1889, cujo filme de BAZ LURHMAN nos mostrou que havia um elefante na porta, que Zidler era o nome do dono da casa noturna... tudo o que vimos no filme, de certa forma foi real, uma homenagem fantástica ao cinema de arte e aos musicais de Hollywood, exaltando o encontro surrealista do amor com uma mistura de Noviça Rebelde, Cancan, Tango ( o belíssimo tango que não encontrei nas casas de música em Buenos Aires, foi um tango feito para o filme, o tango de Roxanne), na voz poderosa de Nicole kidman, a cortesã mais linda de Paris. O filme, um delírio artístico, nos trás de volta a uma feérica Paris do séc. XIX, com o frenesi dos tempos atuais, fazendo um renascimento dos Beatles, de canções que ficaram famosas na interpretação de Marilyn Monroe: diamonds are the girls best friend... vemos até a fada sininho cantar The hills are alive with the sound of music... Hitler invadiu Paris mas não destruiu nenhum monumento, até os americanos se curvaram ao encanto desta ilha mágica.

Os cafés Le Deuxs Magots, o nome dedicado à presença de dois dos reis magos no seu interior, a Brasserie Lipp, a velha igreja de Saint Germain , os boulevares mais famosos se cruzando, repletos de árvores de onde brotam flores cor de rosa. Ainda me lembro do tempo que ainda se usavam os francos, das notas em que o pequeno Príncipe vinha desenhado. Quando se entra em Nice, a avenida tem o nome do personagem de Saint-Exupery... Feche os olhos e esqueça Paris, esqueça as promessas de amor, os olhares e beijos trocados, esqueça Grasse, a cidade que produz os mais deliciosos perfumes da França, através da prensagem de toneladas de pétalas de rosas e de outras flores, receitas guardadas a sete chaves. Feche os olhos e sinta-se dentro do seu carro atravessando os campos de lavanda, girassóis, as nuvens desenhadas, ligue o rádio e escute

Oh! je voudrais tant que tu te souviennes
Des jours heureux où nous étions amis
En ce temps-là la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle
Tu vois, je n'ai pas oublié...
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Et le vent du nord les emporte
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié
La chanson que tu me chantais. (Les feuilles Mortes)

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Deixe-se adormecer no colo de Carla Bruni, nas étoiles de la Chanson admirando as fazendas que margeiam as estradas, os jardins de Le Nôtre , as tavernas, a loja de perfumes Sephora vendendo lançamentos Dolce & Gabanna, Chanel... a loja começa desde os souvenires de 1 euro até os perfumes de 1.000 a 5.000 euros. Visite o Marche aux puces, o mergado das pulgas, o bazar do hotel de ville, que é uma loja gigantesca bem na frente da Prefeitura de Paris. Lojinhas mágicas para degustação de vinhos, prove o vinho Sancerre, que parece ter sido inventado pelo mago Merlin... a Paris de Josephine Baker, de Maurice Chevalier, Yves Montand parece ficar cada vez mais esquecida, Madonna hoje lota qualquer show em Paris; a cité da Musica e da industria, feita para crianças e adultos apresenta mostras de arrepiar, como a música na época da Guerra, ou seja, executada dentro dos campos de Concentração. Você sai da mostra vendo os horrores que o mundo passou e o papel espiritualizador da música, como a resgatar a esperança partida. Quando saímos da mostra não tínhamos quase dinheiro para comprar os cds tão caros, os dvds da loja, e preferimos almoçar, bastava cruzar a rua e chegar a um restaurante. Observamos que uma senhora idosa fizera o mesmo, enquanto gastávamos nossos parcos euros num macarrão com pedaços de calabresa e um ovo por cima ( o que fazer, era o prato do dia ) a velhinha pediu um café e tirou seu sanduíche da bolsa, passou a comer o sanduíche e pediu uma garrafa d´água. Estava sem dinheiro? Ela começou a retirar uns vinte cds da bolsa e uns livros, só para pôr mais água na boca da gente.

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Na saída de Paris a placa indicando: Giverny Maison C. Monet... a casa onde Monet construiu seu ateli~e ao ar livre, criou rios, jardins... vamos entrar? Perguntei. Sílvia já tinha visto e respondeu: ah, é apenas mato! -Impressionante!

Subimos primeiro para a Normandia, para Rouen, Caen, Honfleur, Saint-Malot e visitamos o monte de Saint-michel com sua abadia. Depois retomamos o caminho pelo loire, passando por mais de cem castelos – na verdade vimos uns dez, o resto estava apenas no mapa, existem realmente cem castelos no vale do loire e apenas alguns vistáveis, outros servem de hotéis, como o Brissac. Ussé é o castelo da Bela Adormecida que já narrei, o Azay-le Rideau, Chenonceau com sua fonte dos desejos na frente ( a primeira vez que fui, numa excursão by bus, eu fiquei na lojinha para comprar uma camisa do lugar e o guia passou disparado com a excursão inteiras, vi fecharem a porta do castelo na minha cara. Uma vez lá dentro, não sabia qual era meu grupo, havia um grupo que só falava grego, italiano, francês e um em espanhol, fiquei procurando pelas caras dos guias.

Uma dica: Não peguem essas excursões rapidinhas com a Cityrama, é apenas uma correria sem fim e no final você não viu nem ouviu nada, prefira sempre o serviço pick up ( que pega você numa van em seu hotel e depois de cumprida a missão, com classe, eles fazem o drop off, ou te deixam em casa, no hotel ). Já estou bastante escaldado para saber que guia nenhum espera que você entenda o que eles mostram o querem dizer, da mesma forma como somem quando você menos espera, e se você souber mais que eles, você vai se irritar, porque numa excursão by bus que peguei em Los Angeles, da primeira vez, eles paravam na calçada da fama e levavam o grupo até o Teatro chinês, mostravam aquelas centenas de autógrafos no chão do teatro e não permitiam que você cruzasse a rua para ir acompanhar as estrelas com seus nomes nas inscrições, ou seja, acabei perdendo o ônibus ao sair de uma outra loja com uma outra blusa e um postal na mão, e voltei para o hotel onde nosso carro estava no estacionamento – mas andar em Los Angeles, é loucura, são 14 subúrbios interligados numa só cidade, você pode passar seis horas tentando chegar ao fim de uma única rua ou avenida até chegar ao seu destino e se ver novamente livre do carro. Flávio estava de cara trombuda por ter perdido o tour de ônibus, mas resolvemos esquecer e tenatr fazer o tour por carro. Deu para chegar até o teatro chinês por nossa conta e fiquei horas intermináveis lendo as assinaturas dos artistas impressas em cimento; conhecemos bem a Walk of Fame e as casas dos artistas, chegamos até a casa de Disney, que estava sendo demolida, e restava a caixa do correio toda desenhada... sim, Walt Disney, quantas cartas não te escrevi ao passar dos anos... O lugar era tão bom, onde o ônibus tinha me largado entre o teatro chinês com a calçada da fama que ali ergueram um enorme shopping center a céu aberto, com elefantes bíblicos sobre pilastras gigantescas de onde se avista o cartaz de Hollywood. Usaram os cenários de um épico que se passa na Babilônia, ao lado do Kodak Ttheatre, o teatro onde hoje é sede permanente da festa do Oscar e ao fundo fica o suntuoso hotel Hollywood Highlands. Ficamos lá anos mais tarde para passar a véspera do ano novo, esperando ao menos ver a Cameron Diaz, a Drew Barrymore, Kate Winslet ou quiçá Julie Andrews, mas qual o quê, não se vê nenhuma cabeça estrelada, a sensação é que Hollywood hoje é uma cidade só de executivos e de fachadas, como a lanchonete onde os carros rabo de peixe iam com os casais para assistirem cinema ao ar livre, o Mel´s drive, que continua aberto com os autógrafos dos astros do rock: Chuck Berry, Bill Halley, Jim Morrison que gravavam suas músicas na concorrida Tower Records... executivos cuidando de estúdios velhos como a Paramount A Warner, a Fox, a Universal ( a única que abriu seu próprio parque ) é mais fácil uma ida ao cemitério de Beverly Hills e encontrar a dama de preto chorando no túmulo de Rodolfo Valentino, que procurar assistir a um show de Barbra Streisand. Os grandes artistas estão sempre em Las Vegas, como Barry Manillow e aconselho a você procurar por Al Capone na Ilha de alcatraz em San Francisco se acredita que vai se deparar com Shirley Maclaine ou o fantasma da Gloria Swanson, Bette Davis, Joan crawford... Hollywood era quase sinônimo dos grandes estúdios da MGM, responsável pelo star-system, numa época que não havia concorrência coma Tv, em que a mídia era toda focalizada em grandes astros e estrelas que ditavam e vendiam o modo de ser e de viver do americano, tais como Judy Garland, Rita Rayworth, Deborah Ker, Fred Astaire, Gene Kelly, Debbie Reynolds, até Doris Day. Eram astros que ditavam a moda, o consumo, e geravam filmes como Candelabro Italiano, Tarde Demais para Esquecer, Cinderela em Paris, Bonequinha de luxo, Crepúsculo dos Deuses...

Hoje filma-se em qualquer lugar e corre-se o risco do astro do filme ser uma criatura gerada por computador. Existe ainda glamour, mas o cinema de autoria, assinado por grandes diretores está tendo cada vez menor espaço... Malibu é um ótimo local para descobrir que os artistas vivem num mundo à parte, separados por paredões e rochas, entre condomínios bilionários, como Julia Roberts que nunca terá de se preocupar em voltar a ser uma pretty woman na Rodeo Drive...

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Próximo a Paris está Melun, Fontainebleu, Epernay, onde o champanhe foi inventado por monges, dizem, por um descuido...Em marne-la-vallé nos leva onde fica a Disneylândia Paris ( e também ao parque Asterix, aberto somente no verão ) muitos acreditam que Disney só em Orlando, ou a inimitável Disneylândia de Anaheim em Orange Country. Fontainebleu é a residência preferida de Napoleão e depois chegamos a cidade de Troyes. Andamos pela feirinha, toda cidade que se preza faz sua feira de Natal, enche de bolas as árvores, luzes e cores, vende comidas as mais estranhas. O pior foi termos estacionado o carro esquecido de onde o deixamos, parecia impossível de se achar o local novamente, rodamos pela cidade com suas construções de madeira e prédios medievais girando feito loucos pelas ruas, sem sequer encontrarmos um referencial que nos desse uma pista. Troyes não foi diferente, estávamos a caminho de Strasbourg e Colmar, a Veneza francesa. Antigamente seus diversos canais eram usados para facilitar o comércio de vinho. Estávamos na região da Alsácia, onde em breve entraríamos na Alemanha. Uma cidadezinha, de nome de gnomo conhecida por Riquewhir, com apenas uma rua que corta a cidade de um extremo ao outro parecia uma verdadeira árvore de Natal; suas ruas eram todas repletas de lojas para vender desde cristais a lâmpadas, bolas, enfeites, docinhos regionais, bolinhos saídos do forno. Era uma festa para os olhos, e o relógio da cidade se enchia de cores. De lá, nossa intenção era entrar pela Alemanha através da Floresta Negra, aquela que deu nome a certos bolos de chocolate... na verdade, a floresta não tem nada de negra, ao menos não vi nenhuma bruxa, talvez estivessem na hora do almoço, tirando um cochilo ou estivessem à espreita, nos rondando...

O euro tornou a Europa mais cara, tornou os países mais fechados e criou um mercado que realmente funciona, porque não parecem existir mais fronteiras, numa mesma estrada quando acontece um engarrafamento ( como foi o caso quando estávamos tentando entrar em Florença, isto é um capítulo à parte) você se depara com caminhões de todas as nacionalidades, belgas, ingleses, alemães, suíços, e todo aquele povo sai dos carros e vai conversar em suas línguas nativas, ou um arranha um pouco do francês, alguns optam pelo inglês... Aguardem pelo próximo artigo, nesta mesma Bat-coluna, neste mesmo Bat-Jornal online! E tenha uma Bat- semana com muitos bat-rebates!

 

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BAR LA NUIT, de VAN GOGH.
O local perto da Praça do fórum é o mesmo.

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