Ao fazer seu balanço de 2011 e prognósticos para 2012, João Pedro Stedile, um dos líderes do MST, lamenta lentidão da reforma agrária e coloca Rio+20 na agenda dos movimentos sociais para o ano novo. Ao mesmo tempo, reconhece avanço em programas do governo federal, como Pronera, o de agroindústrias em assentamentos e a renegociação de dívidas do Pronaf.
São Paulo – Ao fazer seu balanço de 2011 e prognósticos para 2012, João Pedro Stedile, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), disse que o ano que termina “não foi positivo para a luta pela reforma agrária” e cobrou do governo federal uma solução para as cerca de 160 mil famílias sem-terra acampadas pelo país.
“Nós passamos o ano inteiro discutindo praticamente com todos os ministérios, mas a lentidão e a forma como o Estado brasileiro funciona impediram que tivéssemos sequer um plano de reforma agrária”, criticou ele, em pronunciamento gravado em vídeo e divulgado na página no movimento na internet.
Apesar disso, o dirigente do MST ressaltou a importância de políticas públicas “alavancadas” ao longo de 2011, como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o programa de incentivo à agroindústria em assentamentos, e a renegociação de dívidas de pequenos produtores com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Sobre 2012, Stedile diz que o ano é “enigmático”, uma vez que os efeitos da crise financeira mundial sobre a economia e a agricultura nacional não estão claros. “A crise tende a gerar graves conseqüências para a economia brasileira, como desindustrialização e desemprego”. Ele lembrou ainda que o “todo poderoso agronegócio, totalmente dependente do exterior”, também deve ser afetado.
Prova disso, afirmou, foi a estratégia adotada pelas empresas do setor, em 2011, no sentido de “acumular mais terras e se apossar dos bens da natureza para se proteger da crise econômica”. Stedile acredita que esse processo, também materializado pelo novo Código Florestal, continuará em 2012, e sua denúncia deveria ser um objetivo da Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente que acontece em junho, no Rio de Janeiro.
“A Rio+20 recolocará [em pauta] o tema do meio ambiente, das florestas e da responsabilidade dos capitalistas, que agridem o meio ambiente para fazerem seus lucros, deixando para a população malefícios como as mudanças climáticas, as chuvas torrenciais e a poluição”, afirmou Stedile.