A Comissão Pastoral da Terra do Maranhão vem, por meio deste, comunicar mais atos de violência envolvendo a comunidade quilombola de Salgado, zona rural de Pirapemas (MA), num conflito que já se arrasta há 30 anos.
No último dia 3 de dezembro, cerca de 18 animais pertencente ao Sr. José da Cruz, líder da comunidade quilombola de Salgado, foram mortos, por meio de veneno, causando um grande prejuízo à família do mesmo, já que sobraram poucos animais para subsistência de seu núcleo familiar. Tal fato se deu em decorrência de violento conflito possessório envolvendo, de um lado, dezenas de famílias quilombolas e de outro os senhores Ivanilson Pontes de Araújo e seu pai Moisés, que criam animais soltos nas áreas de roça das famílias e impedem que as mesmas acessem as fontes de água e babaçuais.
Em outubro de 2010, o juízo da comarca de Cantanhede (MA) concedeu manutenção de posse em favor das famílias do quilombo, contudo, o réu Ivanilson insiste em desrespeitar a ordem judicial. No último domingo afirmou ao quilombola José Patrício, que se os mesmos continuassem a realizar roças, esses iriam pagar caro.
Na manhã de hoje, 14 de dezembro, por volta de seis horas, o Sr. José da Cruz, líder quilombola, encontrou, com outros trabalhadores, um vasilhame de veneno dentro do poço d'água utilizado pela comunidade. A intenção clara era de ou matar por envenenamento os trabalhadores quilombolas ou causar grandes males à saúde da comunidade. Este fato ocorreu dois dias após a ida do Delegado Agrário à área do conflito. Além disso, o sr. Ivanilson Pontes de Araújo contratou dois homens que ficam rondando a comunidade, de forma ostensiva, intimidando as famílias ameaçadas.
Ao longo do ano de 2011, as famílias quilombolas de Salgado sofreram vários tipos de humilhações, ameaças, intimidações e violência em seu território. Contudo, o Estado fez pouco caso da situação.
A cada dia, maiores são as violências contra a Comunidade Salgado/Pontes.
Tememos o pior!
São Luís, 14 de dezembro de 2011.
Padre Inaldo Serejo
Coordenador da CPT/MARANHÃO