Desde o fim de semana tropas do Exército brasileiro e Força Nacional estão estacionadas na cidade de Cerejeiras, outras unidades da Aeronáutica que contam com helicópteros e aviões estão em Vilhena para participarem de operações na região sul do Estado de Rondônia. Uma dessas ações seria realizar a retiradas das mais de 260 famílias que em dezembro comemoram um ano da realização do corte popular e posse das terras pelos remanescentes das vítimas de Santa Elina e camponeses sem terra. Desde julho de 2010 estas famílias retomaram as terras depois de 15 anos de promessas e muita enrolação.
Em maio de 2008, quando as famílias retomaram as terras pela primeira vez após 13 anos do massacre, sofreram ataques de bandos armados de latifundiários, perseguições, prisões e foram despejadas pela policia militar. Ao mesmo tempo tiveram que enfrentar as constantes tentativas do Incra e Fetagro - Federação dos Trabalhadores na Agricultura de desmobilizar os acampados.
Nos últimos meses o Incra e a Fetagro retomaram esses ataques ameaçando as famílias que trabalham e produzem nas terras de serem despejadas. A policia militar e civil tem realizado levantamentos de lideranças e trabalhadores visando a sua prisão e perseguição. Membros da Fetagro e representantes do Incra também tem realizado um amplo trabalho de deduragem de ativistas e lideranças camponesas junto à policia.
Existem boatos de que latifundiários estariam preocupados com a presença da LCP temendo um aumento das tomadas de terra na região. Ao mesmo tempo sindicatos ligados à Fetagro (PT/CUT) também tentam a todo custo desmobilizar as famílias. Há denuncias de que representantes do Incra teriam negociado o direito dos lotes com pessoas de outras cidades da região. Formou-se uma “santa aliança” entre as forças repressoras do Estado, latifundiários e oportunistas do PT que preparam um novo massacre contra as famílias de Santa Elina.
A situação é grave, estão preparando uma onda de prisões e perseguições aos camponeses de Santa Elina. Um delegado que esteve na área disse que fariam como no sul Pará, em alusão a chamada operação “Paz no Campo” levada a cabo pela então governadora Ana Júlia Carepa (PT) no despejo de 1100 famílias da fazenda Forkilha em novembro de 2007. Nesta ocasião cerca de 200 camponeses foram presos e torturados pela PM e doze ativistas que participaram da mobilização para a tomada da área foram assassinados posteriormente por pistoleiros a serviço do latifúndio.
O governo Dilma Roussef (PT) já deixou claro que esta é a sua política agrária, ou seja, financiar agronegócio exportador de matéria prima barata e concentrador de terras com bilhões, e criminalizar os camponeses que lutam pela terra de forma combativa. Há anos Lula prometeu que assentaria as vítimas de Santa Elina, mas nunca fez nada. Sequer uma delegação de camponeses que ficaram acampados em Brasília por mais de 23 dias em agosto de 2007. Depois de tanto esperar as famílias decidiram retomar as terras e exigem o reconhecimento de sua posse.
Nós, as vítimas de Santa Elina e todas as famílias que vivem e trabalham nestas terras, não desistiremos de lutar por elas, estamos dispostos a defendê-las com unhas e dentes. Qualquer coisa que venha acontecer com as famílias será de inteira responsabilidade da gerência Dilma/PT e Ouvidoria Agrária Nacional. Conclamamos a todos os trabalhadores, professores, estudantes, intelectuais honestos, organizações classistas a denunciar este absurdo contra as famílias vítimas de Corumbiara.
Defender a posse pelos camponeses da Fazenda Santa Elina!
O povo quer terra, não repressão!
Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina - Codevise