“Nós precisamos incutir nos estudantes, nos empresários, nos líderes políticos os valores de sustentabilidade”, diz Capra, que participou nesta semana da série de eventos Encontro de Sustentabilidade, promovido no Rio e em São Paulo pelo banco Santander.
É a tal consciência ecológica, a capacidade de observar a natureza e trazer esses ensinamentos para a vida real que Capra e sua equipe chamaram, ainda nos anos 90, de ecoalfabetização.
Hoje, o físico austríaco radicado nos Estados Unidos e autor de vários livros dirige o Centro de Ecoalfabetização (http://www.ecoliteracy.org/) em Berkeley, uma entidade que ajuda escolas a incluírem sustentabilidade transversalmente no currículo, com tarefas participativas e multidisciplinares. Capra defende que a ecologia não pode ser compreendida nem abordada separadamente de outras áreas do conhecimento, por isso suas contribuições acadêmicas começam em física, química e biologia e chegam a campos tão diversos quanto administração e sociologia.
“Quando olhamos para os ecossistemas, nós percebemos que eles são comunidades de plantas, animais e microrganismos que se relacionam de forma que maximizam sua sustentabilidade. Não tem desperdício na natureza.”
Para ajudar a desenvolver essa percepção desde cedo, por exemplo, Capra sugere levar turmas da pré-escola para uma horta. Lá, afirma o professor, os pequenos podem ser apresentados ao ciclo de vida dos alimentos, aprender que nenhum ser vive sozinho e descobrir que isso também ocorre no dia a dia deles.
“Em São Paulo, se a criança vive no centro, ela não sabe de onde o alimento vem. Ela acha que a comida vem do supermercado.”
Algumas das propostas de atividades escolares pelo centro de Capra a escolas serão publicadas no livro “Smart by Nature” (http://www.ecoliteracy.org/books/smart-nature-schooling-sustainability), com edição em língua portuguesa prevista, mas ainda sem data definida. As experiências do livro, de acordo com o especialista, podem ajudar escolas brasileiras a tratarem do assunto.
“O Brasil não pode copiar o que estamos fazendo na Califórnia porque o sistema escolar, a cultura e o clima são diferentes. Mas os professores podem se inspirar e fazer do seu próprio jeito”, afirma.
* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.
(Portal Aprendiz)