Solenidade de abertura da Campanha da Fraternidade alerta Macaé sobre este crime
Pauta polêmica, que afeta diversos países, principalmente o Brasil, não sendo diferente em Macaé. O Tráfico Humano, tema da Campanha da Fraternidade 2014, levou representantes da sociedade macaense a uma reflexão e start para iniciar ações em combate a esse crime durante a sessão solene realizada nesta quinta-feira, 13, na Câmara de Macaé.
Requerida pelo vereador Marcel Silvano, a sessão reuniu representantes da Igreja Católica no plenário, onde explanaram a importância de se aprofundar no tema, discutir ações e sugerir políticas públicas para o combate a esse crime. Na ocasião, estiveram presentes Padre Jorge Moreira, da Igreja de são Pedro; Padre Mauro, do conselho pastoral; Cristina Marques, da Pastoral da Família; Nathália Andraus, da Pastoral da Juventude, Gisele Germano e Ivânia Ribeiro, que possuem longas caminhadas pelas pastorais.
Uma das principais afirmações dos participantes é de que a realidade em sua maioria é ignorada e tratada como um problema distante, sendo que este está presente a cada esquina, em situações simples que passam despercebidas.
“Essa pauta ainda precisa tomar a consciência das pessoas e chegar ao debate pleno de toda sociedade brasileira, em especial a macaense. É apontado como uma das atividades criminosas mais lucrativas do mundo. O tráfico de pessoas faz cerca de 2,5 milhões de vítimas, movimentando, aproximadamente, 35 bilhões de dólares por ano, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC)”, disse Marcel.
Segundo dados de uma pesquisa que o vereador fez, atualmente, esse crime está relacionado a outras práticas criminosas e de violações aos direitos humanos, servindo, não apenas à exploração de mão de obra escrava, mas também a redes internacionais de exploração sexual comercial, prostituição, sendo as mulheres as maiores vítimas, e quadrilhas transnacionais especializadas em remoção de órgãos.
“Essa atividade fica atrás apenas do tráfico de drogas e de armas, ou seja, é a terceira atividade criminosa do mundo e o Brasil é responsável por 15% de vítimas que sofrem com esse tipo de crime”, acrescentou.
Ivânia Ribeiro ressaltou que cada eixo que envolve esse assunto daria um tema para a Campanha da Fraternidade. Ela se lembrou de um dos casos ocorridos em Macaé, envolvendo tráfico humano e que acompanhou de perto e das facilidades em uma região do petróleo que envolve crianças dentro do universo das drogas. Na ocasião, a vinda do novo porto, o TERPOR (Terminal Portuário), propiciará esses crimes se não for trabalhado de forma sustentável e com atenção aos impactos sociais. “Aqui, o desenvolvimento econômico é colocado em primeiro lugar, criando um tipo de cidade que não sustentamos, um progresso desenfreado defendido por muito no nosso município”, criticou.
Padre Mauro lembrou que este é o terceiro anos que se realiza sessão solene da Campanha da Fraternidade na Câmara, o que segundo ele é o espaço de democracia onde a voz do povo deve chegar. “É fundamental que a campanha esteja presente neste espaço”, ressaltou.
De acordo com o padre, o tráfico humano não é um tema fácil de diagnosticar, pois ainda acontece de forma oculta, silenciosa e atinge milhares de pessoa no mundo, mas infelizmente sem repercussão, inclusive na mídia.
“Sabemos que ele existe, mas não sabemos identificar tantos os seus espaços, quanto os locais. Trata-se de uma atividade criminosa comandada por uma rede que evidentemente procura atacar o local os mais pobres, vulneráveis, carentes em locais onde encontram facilidade para o aliciamento”, informou.
Segundo Padre Mauro, a Campanha elaborou um manual, onde aponta os objetivos específicos da campanha, da importância do tema que está sendo trabalhado e como identificar as causas e modalidades, bem como as ações para acabar com o crime.
Presente na solenidade, o vereador Maxwell Vaz parabenizou Marcel Silvano pela iniciativa e levar o assunto à Câmara e ressaltou que embora seja uma campanha católica, é importante o envolvimento de outras frentes religiosas, já que se trata de um tema de suma importância e que precisa do envolvimento de todos.
Na ocasião, ele também lembrou que 13 de março completa um ano do mandato do Papa Francisco, coincidindo com a solenidade da Campanha da Fraternidade. “Este é um tema importante e que o papa vem abordando de forma diferenciada, ousada, rompendo algumas características tradicionalistas da igreja. Isso melhora a visão das pessoas, principalmente quando um dos temas que ele mais representa é o combate à intolerância, quebrando alguns estigmas da igreja”, disse o vereador.
Segundo os representantes da Igreja Católica, a Campanha da Fraternidade será trabalhada intensamente por meio de fóruns de discussões, atividades e ações públicas.