O ano 1964 vai longe, 50 anos decorridos na dinâmica de um tempo que um grupo de médicos, engenheiros, professores, advogados, escritora e empresários tem o maior prazer de anualmente lembrar e ainda festejar, como aconteceu agora em Macaé. Não se assustem, porque não são fanáticos ou apaixonados defensores do regime militar homenageando o golpe, que naquele fatídico 31 de março derrubou o presidente João Goulart, mas a turminha ( C ) do Ginasial do Colégio Luiz Reid comemorando as lembranças e a amizade que ficaram na mente e no coração daqueles que foram meninas e meninos encerrando alegremente o curso e que já pensavam no futuro de suas vidas.
Como se pode apreender dessa duradoura afeição colegial que ficou, o ambiente escolar era bem diferente de hoje, quando, para nossa tristeza e preocupação, a liberdade perde os limites e os referenciais de convivência. A educação começava no berço com o carinho dos pais e burilada na convivência familiar, por isso o professor era amado e respeitado. Foi o tempo da professora Letícia Santos Carvalho com seu Canto Orfeônico estimulando a sensibilidade dos alunos com a harmonia vocal e o professor Quincas com seus trabalhos manuais a despertar a criatividade. Patriotismo, cidadania e humanismo andavam juntos.
Como de outras vezes, a diretora e proprietária do Colégio Alfa, Lúcia Lobo Thomaz, hoje secretária municipal de Educação, também pertencente a esse grupo, cedeu seu espaço para um surtido almoço que atendeu a todos os paladares. Entre essa turma, uma escritora que se projeta no mundo literário, Rosane Nicolau, filha da saudosa professora Nefre, trouxe de Niterói seu segundo lançamento literário (2013) - “Margem de Erro”, - que segundo sua colega Carmen Celsa Alvitos “não foi necessário Rosane ser uma intelectual consagrada ou laureada pela Academia de Letras para ser uma escritora de exímio talento, que nessa nova obra prima pela capacidade de síntese e pela plasticidade da linguagem”. E Carmen ainda balançava ao vento, toda feliz, trechos de um monólogo escrito em 1982 pelo dramaturgo macaense Ricardo Meireles - A Carta - em homenagem ao professor Abílio Miranda, que foi torturado pela Ditadura e ainda ficou sem meios de subsistência. Essa Carta e mais dois monólogos, fazem parte do livro “Conferências”, publicado pela Gráfica Silva Santos, do empresário Cliton (presidente da Associação Comercial).
Lá estavam os médicos, de muita dedicação na Casa de Caridade, Edilson Barreto Antunes e Leandro Soares dando boas risadas, aproveitando essa rara oportunidade para se descontrair. O engenheiro Jorge Ribeiro, casado com uma espanhola, veio de Florianópolis, mas estava há quase um ano na Espanha, na casa de um dos três filhos, curtindo belos passeios. O advogado Marco Duboc e o engenheiro da Petrobras Manoel Antonio saboreavam as lembranças daquele tempo de meninos. As “meninas”, que já deixaram o sex (agenário) para trás, foram as mais animadas e se agitaram como naqueles velhos tempos, mostrando que espírito não tem idade, quando a vida é levada com otimismo, alegria e cada etapa experimentada como novidade. Nilcléia Sardenberg (secretária do Grupo Peixoto de Castro) e Sheila Agostinho (do Tribunal Federal) fazem uma rede de comunicação que não deixam essa afetuosa relação ser perder no tempo. Estão sempre ligadas. Então, Macaé pode realmente se orgulhar dos bons frutos que essa turminha do Luiz Reid representa hoje para nossa sociedade.