BARAK OBAMA OU BARAK BUSH?

Há uma expectativa sobre se o presidente dos Estados Unidos vai se pronunciar sobre o golpe de estado em curso em Honduras. O presidente da República Manuel Zelaya solicitou a convocação de uma reunião extraordinária da OEA – Organização dos Estados Americanos – para tentar evitar a pressão de militares, judiciário, empresários hondurenhos e norte-americanos e do embaixador dos EUA.

Numa decisão no mínimo irresponsável a corte suprema daquele país – deve ser algum clone de Gilmar Mendes – determinou ao presidente, comandante supremo das forças armadas, que volte atrás na demissão do general chefe do estado-maior. O dito cujo se recusou a cumprir a determinação de formar escoltas para as seções onde deverão votar no domingo cidadãos de Honduras para dizer se querem ou não uma nova constituição.

É simples. O presidente Zelaya quer saber do povo hondurenho se eles desejam mudar a constituição ou não. Militares –sempre “patriotas –, as elites que controlam o congresso e o judiciário (empresários do país e dos EUA) e o representante norte-americano, logo, de Obama, não aceitam que o povo dê palpites sobre constituição ou qualquer outro assunto que fuja aos seus interesses.

Chamam isso de democracia.

Em relação ao Irã é diferente. Obama – que ainda não se definiu se é só um show, ou se é um Bush – disse na terça-feira que estava “ultrajado”, ele e os norte-americanos com o resultado das eleições no Irã.   

Os países da América Central colecionam intervenções políticas, militares e econômicas dos EUA desde a independência norte-americana e desde que o presidente James Monroe decidiu que “a América para os americanos”. Ou que Theodore Rossevelt criou a política do big stik – o grande porrete –.

Governos ditatoriais foram postos, depostos sempre ao sabor das conveniências de Washington. Figuras destituídas de escrúpulos, sanguinárias como os Somoza (Nicarágua), Trujillo (República Dominicana) e Batista (Cuba) e outros menores, todos tinham contas paralelas maiores que as do Senado brasileiro presidido pelo patético José Sarney.

E eram na Suíça, não eram na CEF – Caixa Econômica Federal –. 

Há uma realidade em toda a América Latina que não interessa aos EUA. A criação de um bloco político e econômico de integração dos países dessa região. Escapam ao controle norte-americano e norte-americanos acham que sabem o que é melhor para países como Honduras do que possa pensar o povo hondurenho. 

Levam governos como o do Brasil a cometer equívocos de enviar tropas ao Haiti, se bobear, em nome da democracia fazem o mesmo com Honduras. 

O fracasso do projeto da ALCA – Associação de Livre Comércio das Américas – e as conseqüências do governo – eleito em fraude eleitoral – de George Bush no novo modelo desenhado para o mundo, o neoliberalismo, fazem com que a maior potência do mundo viva a sua mais grave crise e símbolos do capitalismo como a General Motors e bancos, estejam em processo falimentar.

A reação de povos latinos com os governos – todos eleitos – de Hugo Chávez, Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Corrêa, Daniel Ortega, o novo presidente de El Salvador, a decisão do presidente de Honduras de deixar o povo dar palpites no como o país deve se estruturar – constituição – e a transição pacífica de governo em Cuba, que implica na sobrevivência da revolução de 1959 a despeito do bloqueio desumano e perverso desde Kennedy, todos esses fatores e governos, fazem com que, pela primeira vez, a perspectiva de unidade latino-americana seja real, mesmo porque o Brasil de Lula não é o de FHC – funcionário da Fundação Ford – e José Serra, seu principal investimento no Brasil anda mal das pernas.

Ouvir o senador Artur Virgílio falar em combate à corrupção depois de ter metido a mão na grana da prefeitura de Manaus é no mínimo acreditar que a abóbora vai transformar José Sarney em Cinderela, ou que Barak Obama é mais que um show, um espetáculo, com passos e repassos pra lá e pra cá, mas com um “band aid no calcanhar”.

A situação em Honduras é grave, há uma clara insubordinação de setores ponderáveis das forças armadas (estão sempre prontos ao toque de corneta de Washington para defender a “pátria amada”), decisões estapafúrdias e golpistas do judiciário e empresários que falam em “restaurar condições para o progresso do país”. O dinheiro vem dos bancos, lógico, de mais quem?

Quer dizer, em termos. Bancos estão quebrando nos EUA e o povo daquele país acredita que vão ser vendidos bilhões de sanduíches da rede McDonalds para salvar a democracia e o american way life. O quer dizer é o seguinte – o cidadão paga a conta –.

O que acontece em Honduras é golpe de estado lato senso. Um presidente eleito desafiado por um general golpista – existem umas três ou quatro exceções nessa “categoria” –.

No Brasil cultuam o comandante Vernon Walthers e acham que o general Heleno, comandante militar da VALE está preocupado com a Amazônia brasileira.

É o momento de Obama decidir se continua o show de democracia, ou se vira à direita definitivamente e se torna Barak Bush.

A propósito, o vice-presidente durante o período Bush confessou em entrevista a um jornal de seu país e a uma rede nacional de televisão, que a desculpa que Saddam Hussein estava envolvido nos “atentados” de 11 de setembro, além das armas químicas e biológicas, era tudo mentira. Dick Chaney, sócio de empresas parceiras de Israel, ao vivo e com a cara mais lambida do mundo.

Honduras só vai sair na GLOBO se for para Miriam Leitão ou William Bonner dizer que os militares “patrioticamente” tomaram o poder para evitar o caos. No caso do Irã não. São várias as “democracias” criadas pelo coreógrafo de Obama e muitos os textos escritos pelo seu roteirista. Tem sido impressionante o desempenho do ator.
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