Chamar Berlusconi de histriônico como determinados setores da imprensa italiana ou européia, no resto do mundo mesmo, achar graça dos destemperos verbais desse banqueiro corrupto e venal é exatamente repercutir o que Berlusconi quer que seja repercutido.
Caquético, irresponsável, mas criminoso – qual banqueiro não é? – Berlusconi percebeu que declarações com esse caráter machista, tipo sujeito que pega todas, fala a determinada e significativa parte do eleitorado de seu país e na sua cabeça mulher e máquina de lavar são a mesma coisa. Prestam-se a umas tantas funções e pronto.
Dessa vez o primeiro-ministro foi a Áquila, cidade devastada por um terremoto, que deixou um rastro de 294 mortos, destruiu cerca de 10 mil casas com milhares de desabrigados e “brincou” com os trabalhadores sobre as obras de reconstrução.
“Onde estão as garotas?”
“Bem garotos, se tudo for bem eu realmente trarei as dançarinas”. Referia-se à conclusão das obras no tempo previsto. E foi mais adiante – “Senão pareceremos todos gays”
Ou a Itália e os italianos estão doentes para aceitar um governante desse nível, ou resolveram entrar na farra generalizado do governo Berlusconi.
E aí um detalhe fundamental para todas essas declarações e todos esses atos estapafúrdios do primeiro-ministro. Enquanto os italianos vão rindo e achando engraçada a farsa, Berlusconi e os interesses que representa vão tomando conta de todos os “negócios” no país. Breve no senado italiano não um cavalo como fez o imperador Calígula ao nomear o seu – Incitatus -, mas dançarinas num triste papel em que homens e mulheres italianos são meros objetos nas mãos de um fascista sem qualquer escrúpulo.
Com certeza a culpa é do presidente do Irã.
Há um inquérito em curso sobre as festas de Berlusconi gravadas e filmadas e a promotoria pública registrou um depoimento de Patrizia D’Addario, que confirmou ter entregue duas gravações e vídeos de encontros de Berlusconi e a voz do grande líder dizendo –“me espere na cama grande”.
O jeito bonachão, a forma debochada de ser desse criminoso que guarda alguma semelhança física com Al Capone é só jeito. Na madrugada do dia 24 um incêndio destruiu um carro de Bárbara Montereale, 23 anos e uma das moças que contaram ter participado das festas de Berlusconi. Montereale é testemunha chave no processo. O carro é só o velho estilo mafioso, um aviso para ter atenção ao que vai dizer.
Berlusconi é um dos principais aliados dos Estados Unidos. Defensor de ações drásticas contra o Irã. Participou da guerra de invasão e ocupação do Iraque e algumas das empresas das quais é sócio levaram concorrências para obras de “reconstrução” do Iraque. Apóia a barbárie sionista contra os palestinos sem qualquer reserva aos crimes do governo de Israel.
Setores da Igreja Católica, que até então vinham se mantendo em silêncio, começam a ficar incomodados com as declarações e principalmente as ações do líder fascista. Surgem as primeiras críticas e isso na Itália pesa.
No Brasil Berlusconi tem amizades estreitas. O banqueiro – está preso – Cacciola e o presidente da STF DANTAS INCORPORATION LTD, Gilmar Mendes. O representante do primeiro-ministro costuma entrar no gabinete de Gilmar pela porta dos fundos com fartos fundos em defesa da democracia, da justiça e contra o terrorismo.
No caso o “culpado” é Cesare Battisti. Ex integrante da guerrilha urbana na Itália e preso no Brasil ilegalmente por decisão do parceiro brasileiro de Berlusconi. Por coincidência, Daniel Dantas tem ações – pouca coisa mas tem – em algumas empresas de Berlusconi.
Outro “culpado” e Protógenes Queiroz e o juiz Fausto De Sanctis.
Só falta incluir Sarney nessa história.
Não há registros que FHC tenha convocado um congresso extraordinário do seu partido, o PSDB, para decidir se adotam ou não a “solução” Berlusconi nos arranjos FIESP/DASLU da bandidagem tucana. Pagamento em mulheres.
Ah! O presidente da VALE, país formado ao Norte do Brasil e que hoje controla boa parte do estado do Pará, avança sobre o Maranhão e outros mais, Roger Agnelli, é assim com Berlusconi.
E é por aí mesmo, começa lá, acha um primo aqui, outro em terceiro grau acolá e de repente chegam as dançarinas.
É o modelo mundo real do neoliberalismo.
Em caso de dúvida, drama de consciência vá até a agência bancária mais próxima, ou ao shopping se for o caso, de preferência o maior, ajoelhe-se e reze. Quando acabar coloque o dízimo. Mas cuidado, se Edir, o Macedo, estiver por perto é bem mais complicado que “merreca” para salvar o Natal das crianças pobres e os torneios de sinuca.
O problema é que a mesa de sinuca de Berlusconi tem mais caçapa que o normal, foi feita para trapaceiros de alto coturno e Pastinha é de pequeno porte.