O ORGANOGRAMA DO BRASIL – A REVISTA VEJA É RACISTA

Imagine que um dedicado cidadão, ou cidadã, preocupado ou preocupada em montar um organograma do Estado brasileiro, pegue sua régua, sua caneta, ou vá se valer de um programa de computador capaz de tal tarefa em menor espaço de tempo e maior perfeição – digamos assim, pois perfeição é perfeição – e, enfim, ponha mãos à obra.

Penso que teríamos o seguinte resultado final. No topo, num quadrado ou retângulo imenso, em letras maiúsculas e cercado de anjos o deus MERCADO. À sua direita os banqueiros, os latifundiários e os grandes empresários. E logo abaixo desse retângulo menor, mas nem por isso pequeno, outro denominado MÍDIA. A grande mídia, as mídias regionais, todas as formas possíveis de comunicação compráveis. Cabe a esse quadrado ou retângulo o papel de domesticar e apascentar as ovelhas.
No caso do deus MERCADO como não temos hoje um Michelangelo para retratá-lo, ou esculpi-lo, dar-lhe forma, poderia ser a soma do “queimadinho” de olhos azuis Barak Obama, acrescida da grossura de Sílvio Berlusconi, a vaidade de Nicola Sarkozy e a insípida aparência do premier inglês o tal Brown. Os anjos estariam vestidos de logomarcas. GM, Coca Cola, Mercedes, McDonalds e pensando bem, o fundo poderia ser aquele imenso Hollywood em Los Angeles, na Califórnia. Bem a propósito, Los Angeles e anjos. Tudo a ver.

Registre-se que tal organograma vale para a maioria dos países do mundo.

Voltando à vaca fria, abaixo do quadrado ou retângulo do deus MERCADO, outro, sempre de menor tamanho, com a inscrição Estado brasileiro. Subdividido em poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário em suas várias instâncias. Essa parte do organograma tanto se ocupa dos detentores de mandato, a imensa e esmagadora maioria, como os ocupantes de cargos em tribunais, juízes, etc, além, lógico, de servidores dos três poderes nos chamados escalões superiores. Aqueles que têm o poder de bater o martelo, consignando que os martelos variam de tamanho na medida exata do poder disponível.

Teríamos aí desde o supremo mandatário, aos congressistas, boa parte dos ministros tanto no Executivo como no Judiciário e o resto. Afinal resto é resto.

E cá embaixo, num retângulo ou quadrado pequeno, bem espremida, a manada. As ovelhas apascentadas. Estariam vestindo roupas da moda determinada pelo deus MERCADO, calçando sapatos idem, comendo ibidem, toda a ração despejada pelo deus através de seu braço mídia.

Ia me esquecendo. No retângulo ou quadrado do Estado brasileiro, as forças armadas para qualquer emergência, leia-se, ovelhas desgarradas e as polícias sobretudo as militares, empenhadas em manter a “ordem” e fazer “justiça”.

O que ficou de fora é adereço. Não entra senão como figurante no processo. Falo de direitos básicos do cidadão ou da cidadã. Onde já se viu manada querer educação pública e gratuita de boa qualidade, ou saúde nesses termos? Salários justos nem pensar.

O processo visa à constante e permanente acumulação dos tesouros do deus MERCADO. Mais ou menos como os sacrifícios de virgens aos vulcões na tentativa de aplacar a ira desses terríveis fenômenos que ora adormecem, ora entram em erupção (são como ursos, hibernam e acordam com uma fome de Pantagruel).

O fundo musical, onde já se viu um trem desses sem fundo musical? Marcelo Rossi montado num “cadillac”, Edir, o Macedo passando a sacolinha e carregando os sacos e Kelly Key e similares para momentos em que seja necessário um grau de alienação absoluta. Quer dizer devoção absoluta.  

No retângulo ou quadrado mídia vejamos o caso da revista VEJA. É a quadrilha ABRIL, faz parte do esquema de um dos que está à direita do deus MERCADO, o banqueiro Daniel Dantas que, por sua vez, é discípulo de um dos anjos, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.

Todas as vezes que alguém de outros quadrados ou retângulos discrepasse ou fugisse aos mandamentos do deus em questão, MERCADO, VEJA trataria de começar a “explicar” à manada que não é bem assim o que parece, mas um desvio de conduta qualquer e um erro contra o sacrossanto estado de coisas que entre outras coisas produz assim gente que nem José Sarney, Michel Temer, José Serra, Aécio Neves (esse é um dos anjos que fazem a guarda do deus embora viva voando e viajando por plagas outras do céu imenso, azul e infinito no pirlimpimpim que Monteiro Lobato criou e ingenuamente achava que apenas permitia a Tia Nastácia fritar bolinhos para São Jorge).

É o caso do ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. O senhor em questão resolveu acreditar que estava numa suprema corte. Heresia pura. Gilmar Mendes, um dos sacerdotes do deus, empregador de boa parte dos ditos ministros daquela corte, abriu sua pasta, tirou raios de maledicência e mentira, despejou-os sobre o ministro Joaquim Barbosa e VEJA começa a completar o serviço. Digo começa, pois com o tempo o serviço vai ser completado pelos outros integrantes do quadrado ou retângulo mídia.

Segundo VEJA, o ministro Joaquim Barbosa teve “um dia de índio no STF”. Vale dizer que sob a ótica da revista, o que a revista pretende que a manada entenda, é que índio é bárbaro, primitivo, violento, sem noção de respeito às regras, aos mandamentos, essa parafernália que está na bíblia confeccionada em Wall Street e entre nós distribuída gratuitamente pelo esquema FIESP/DASLU. É possível distribuir gratuitamente a partir dos recursos oriundos da sonegação.

A revista vai mais além, mostrando que Joaquim Barbosa é um demônio e coloca em risco o regime democrático, acrescentando que se trata de um “negro” e que foi indicado por Lula para o cargo exatamente por ser “negro”. Por questões políticas de parecer uma sociedade sem desigualdades, racismo, ou outras bobagens assim, era necessário ter um “negro” no STF. Vivemos o tempo do politicamente correto e então Lula escolheu Joaquim Barbosa.

O diabo é que Joaquim Barbosa não deve ter lido Millôr Fernandes e isso ainda é dos tempos da revista O CRUZEIRO. Millôr, sábio professor da Universidade do Meyer, onde é tudo, desde reitor a aluno, proclamou no seu livre pensar – “livre pensar é só pensar” –, que “no Brasil não temos racismo, pois o negro conhece o seu lugar”.

No desdobramento de toda essa quizumba quem tiver alguma dúvida aguarde que a FOLHA DE SÃO PAULO ainda vai fazer um infográfico daqueles que ninguém entende coisa alguma, mas faz um ar inteligente e dá a entender que entende. O difícil é entender a tal “ditabranda” ou a “ficha” confeccionada nos porões da OBAN –OPERAÇÃO BANDEIRANTES – cruzada cívico, cristã, democrática e pela família da qual a FOLHA participou para eliminar (caldeirões de óleo fervente, seqüestros, tortura, choques, assassinatos, estupros, tudo salvando o Brasil) bárbaros e infiéis. Falo da ficha da ministra Dilma Roussef, que coloca em risco alguns dos anjos do deus MERCADO. Ou dos que estão à direita.

Para tranqüilizar e antes que alguém entre em pânico comunico que Pastinha não tem acesso ao esquema, faz parte da manada, mas pensa que é anjo e no máximo almoça com vítimas e achaca um aqui e outro ali, nada que passe de merreca de mil, mil e quinhentos, por aí. Tudo por um torneio de sinuca.

E tranqüilizando mais ainda, as demissões anunciadas pela GM, ou seja, ovelhas que perderão a ração, não estão incluídas, segundo o anjo GM, ovelhas brasileiras.

Ao alertar os brasileiros e brasileiras que o ministro Joaquim Barbosa teve um “dia de índio” e é negro, a revista VEJA cumpre a missão divina de alertar ovelhas para invocarem o divino espírito do deus mercado à menor visão de um índio ou de um negro e embora não tenha sugerido ou escrito, deixa implícito que semelhantes figuras são capazes de atos de canibalismo.

O deus MERCADO tem lá seu purgatório e lógico, seu inferno. No inferno já estão o juiz De Sanctis, que cismou de tentar colocar no cadeia o banqueiro Daniel Dantas e o delegado Protógenes Queiroz, que prendeu duas vezes o anjo em questão. O ministro Joaquim Barbosa, neste momento, está sendo conduzido pela santa mídia para queimar no fogo eterno e não molestar o Estado brasileiro, um dos paraísos do deus MERCADO.

Não reconheceu o seu lugar na perfeita constatação de Millôr Fernandes. Não soube ser grato pelo privilégio de estar entre superiores, por desfrutar da visão de olhos azuis.

O Estado brasileiro está falido. E VEJA é racista.

Para arrematar a condenação do ministro ao fogo eterno faltam ainda os pareceres de William Bonner, o infográfico da FOLHA DE SÃO PAULO, o comentário de Arnaldo Jabor e a abalizada opinião de Dona Miriam Leitão. Se o ministro vai ser servido a pururuca é com Dona Ana Maria Braga.

Já a manada, trate de se comportar. Caso contrário fica sem ração e não tem mais BBB no ano que vem. Castigo.
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