A desculpa que o candidato indicado pela bancada tinha sido o deputado vic pires também esconde os verdadeiros motivos dos ataques que culminaram na renúncia de edmar e toda essa saraivada de críticas e revelações sobre o torturador de Juiz de Fora. O alpinista social. Por trás de tudo isso estão as eleições presidenciais de 2010. edmar moreira é considerado da base de Lula, é ligado a aécio neves e os líderes do dem não querem correr o risco de enfrentar o chefão serra com essa derrota, ainda mais depois que ganharam a prefeitura de São Paulo com gilberto kassab.
serra é mais ou menos como líder do Spectre – organização criminosa dos filmes de James Bond, especialista em chantagem, seqüestro, extorsão e assassinatos – e não toleraria um erro desses. Num eventual governo tucano enquanto iria acariciando seu gato branco preferido, fernando henrique, iria jogar o dem aos tubarões.
A indicação de acm neto para o cargo confirma o fato. O partido – dem – não vai correr riscos, indica logo um dos chefões. O deputado baiano é adversário de Lula e ao contrário de edmar não vai aliviar ações contra seus pares no exercício da função de corregedor. O show é inevitável e indispensável ao plano tucano. Não acontece nada, mas marolas e algumas ondas de grande porte.
Que edmar seja ligado ao lobby das armas, do jogo, das empresas de segurança, de empreiteiras, de bancos, de latifundiários nada disso importa. O dem é um partido em que caráter é algo desconhecido. Passa ao largo. A genética do dem começa com a arena na ditadura militar, vira pfl para aliviar a barra e acaba dem por conselho de marqueteiros tentando apagar a imagem de quadrilha.
Todos ali são ligados a esses grupos criminosos, muitos deles diretamente. Demóstenes, mesmo que vivesse mil anos, passaria mil anos com seu barril e sua lanterna procurando alguém honesto no dem.
edmar por sua vez é o típico novo rico que acreditou ter sido aceito pela nobreza. Gosta de descer as ruas das cidades onde tem bases eleitorais – compra – com um pneu no pescoço para chamar a atenção, gosta de ser reverenciado e tratado como senhor de terra, de gentes e o – castelo – é símbolo do desejo de um título de barão, visconde, conde, por aí afora. E um monte de seguranças.
Filho de um funcionário dos Correios – um homem decente e trabalhador – entrou para a polícia militar de Minas Gerais onde se destacou pela capacidade de servir aos militares – no período da ditadura – em qualquer missão, sem qualquer escrúpulo, tanto quanto de aproximar-se de elites para favores especiais e foi por aí que imaginou ter virado um deles.
Um incidente num clube de tênis em Juiz de Fora envolvendo um poderoso empresário da cidade pôs fim à sua carreira na PM. O empresário tinha ligações com o um coronel do exército e o dilema de edmar naquele momento foi sair ou reformar. Havia extrapolado os limites de boy da elite com direito a freqüentar a sede social do clube.
Na pm mineira, comandante do PO – Policiamento Ostensivo – tinha o hábito de surrar presos comuns, de expô-los a situações ridículas e não foram poucas as advertências, mesmo no período da ditadura, por conta dos seus exageros. Comprometia a imagem pública da corporação – se isso é possível – e isso não desejado. Era importante torturar, achacar, levar um por fora mas manter aquela aparência de lisura e honestidade para inglês ver.
Foi aí que virou empresário, ou começou a virar empresário. Foi trabalhar numa firma de segurança privada, uma das primeiras do Brasil, a SEG – SERVIÇOS ESPECIAIS DE GUARDA – de propriedade do empresário Maurício Batista de Oliveira e devido a "desacordos" quanto a contas acabou demitido. Filme queimado em Juiz de Fora, mudou-se para São Paulo e lá meteu-se no mesmo ramo construindo um império nesse setor. Se esteve associado a alguém esse alguém se manteve em segredo.
Quando voltou para Juiz de Fora era edmar moreira, milionário, dono de várias fazendas, imóveis em cidade da região, respeitável empresário em São Paulo e foi aí que deu a largada em sua carreira política. Assentou base em Coronel Pacheco, São João Nepomuceno e centenas de outras cidades mineiras. São lugares que Tancredo Neves chamava de "burgos podres".
É que lá o voto pode ser comprado diretamente aos coronéis. Em Juiz de Fora, ao contrário teve votações pífias e sempre foi rejeitado pela própria elite da cidade. Uma ou duas vezes tentou ensaiar uma candidatura a prefeito. Percebeu que corria o risco de ser o primeiro na disputa, mas ao contrário, de baixo para cima.
A fama de homem do castelo corre a região. O prazer de exibi-lo a empresários, políticos, etc, era o seu jeito de mostrar-se poderoso e senhor de respeito. Muitas vezes sem perceber, na própria elite, debochada por natureza, era e é motivo de chacota. Visto como bobo com dinheiro.
Não tem nada de bobo noutro campo. Cumpre o quarto mandato de deputado federal, elegeu o filho leonardo deputado estadual, é notório o abuso do poder econômico em suas campanhas – esperar que a justiça eleitoral tome algum tipo de atitude contra um aliado de aécio é complicado – e não tem a menor preocupação com as eleições seguintes. Tira o dinheiro do baú, compra os votos, fecha os "coronéis", tem algum apoio dentro da pm mineira e continua deputado.
O relato do engenheiro Rogério Campos (na íntegra ao final deste artigo) sobre a forma como edmar procedia na penitenciária do Linhares em relação aos presos políticos é típico desse perfil de carrasco de segunda categoria do deputado. Não gosta de ser contrariado, gosta de agir aos gritos, intimidar, impor medo, coisas assim.
A decisão do dem de não expulsá-lo não é necessariamente aquela que foi divulgada, "evitar parecer estar perseguindo um deputado filiado ao partido". É que no ninho de víboras que é o partido edmar deve ter apresentado suas cartas, mostrado o tamanho do estrago que faria se fosse expulso e acm neto e rodrigo maia enfiaram as violas no saco, os respectivos rabos vivem presos a "negócios."
Se edmar abre a boca voam as penas tucanas que os democratas cultivam com tanto zelo e tanta subserviência no afã de ficar com as migalhas do poder. E nem tanto migalhas, ficaram com a prefeitura de São Paulo.
Para melhor entender aquele negócio de criança pega em malfeito. "Se você contar eu conto isso pro seu pai". Malfeito é regra do dem, logo.
Outros ex-presos políticos vão começar a narrar os feitos de edmar. A valorosa "contribuição" do deputado do castelo à tortura na ditadura militar. Aos achaques e extorsões. E vai ficar no dem, pelo menos para poder disputar o próximo mandato, o quinto.
Esse abaixo é o relato do engenheiro Rogério Campos Teixeira, um dos mais respeitados na área de engenharia ambiental em Juiz de Fora e no País, sobre a forma de edmar moreira (escreveu em sua carta renúncia que pauta sua vida em princípios democráticos) tratar presos na triste e célebre penitenciária do Linhares.
"Primeiros meses de 1970. A penitenciária de Linhas em Juiz de Fora lotada de presos políticos, uns trezentos homens e mulheres de todas as idades e profissões. Todos já com inquéritos concluídos e aguardando julgamento pela Auditoria da Quarta Circunscrição Militar. Poucos com sentença já definida – os guerrilheiros do grupo de Caparão e sargentos rebeldes de Brasília –.
Todas as manhãs passava pelas galerias um oficial da Polícia Militar, quase sempre um tenente. Fazia o confere, ou seja, verificar se os presos estavam em suas celas e se havia alguma anormalidade. Olhava o número da cela, verificava se o preso estava lá e pronto.
Certo dia apareceu um tenente que usava óculos tipo ray ban e que ao invés de olhar e anotar que o preso continuava preso, chutava a porta de aço e exigia que cada um se levantasse e dissesse o nome e a organização a qual pertencia.
Como foi uma coisa nova alguns fizeram isso, outros não, mas resolvemos neste mesmo dia na hora que íamos para o pátio onde podíamos conversar uns com os outros, que não iríamos mais responder ao tal tenente. Aguardamos ansiosamente o dia em que ele estaria de serviço de novo. Ele chegou, bateu na porta de aço da primeira cela perguntou pelo nome e o companheiro nem virou a cabeça. Estava como havíamos combinado, deitado na cama e voltado para a parede. Nome? Chutes na porta. Organização? Chutes na porta. Levante-se. Comunista filho da puta!
Chutes na porta e assim foi por mais algumas celas, até que percebeu o que estava acontecendo. Ninguém se levantou, ninguém respondeu nada. À noite a resposta dele – soltou os cachorros, literalmente, nos pátios, mandou tocar as sirenes e ligar os holofotes, passou a noite inteira com a tropa dando tiros para o ar. Dia seguinte entrou outro oficial de dia e tudo voltou ao que era antes. Quando o tal tenente estava de serviço era a mesma coisa. Isso aconteceu uma, duas, três vezes, ou quatro vezes, até que a notícia vazou da vizinhança da penitenciária para a cidade – estão fuzilando os presos políticos de Linhares – O comando da IV Região Militar resolveu afastar do serviço o tal tenente de óculos ray ban.
Hoje ele é dono do castelo Monalisa e corregedor geral da câmara dos deputados.
Seu nome? edmar moreira."
É um bolsonaro da vida, com menor cacife.
Sobre o castelo chamar Monalisa é de lascar. Em todo caso a Barbie fez cinqüenta anos e roberto jéferson era um dos frequentadores assíduos do descanso do "barão" edmar.
Como acontece com casas mal assombradas, durante certo tempo circulou a notícia entre os servos do barão que lá andou funcionando um cassino exclusivo e super fechado.
A bancada do PSOL quer cassar o mandato de edmar. É medida profilática, mesmo no atual congresso com bem mais que trezentos pilantras e alguns deles como edmar, na estranha base de apoio do presidente Lula.
A preocupação da mídia com edmar não é por zelo moral, mas pelo comprometimento da mídia com serra e por edmar ser do time de aécio – time é modo de dizer, no duro, quadrilha.
É tudo jogo de cena. acm neto, rodrigo maia, qualquer deputado do dem pode tranquilamente ser chamado de edmar que não vai estranhar e pior, se chamado, vai olhar, são iguais.