Num país onde o advogado de defesa tenta salvar seu cliente condenado à morte por crime de estupro e assassinato alegando que a obesidade do dito cujo poderia representar dor na hora de localizar a veia para a injeção letal, contrariando a constituição, tudo é possível. Foi o caso de Richard Wade Cooey, de 41 anos, executado nesta terça-feira numa prisão do estado de Ohio, exatamente onde Bush ganhou a segunda eleição. Cooey estava com 125 quilos. Os juízes da corte suprema do estado recusaram o recurso após mandar verificar se as veias do condenado seriam encontradas sem maiores dificuldades e sem dores para o dito. Os carrascos acharam as veias sem problemas.
Carrasco está ali para isso, a boçalidade.
Ângela Mendes de Almeida, ex companheira de Luiz Eduardo Merlino e Regina Merlino Dias de Almeida ingressaram em juízo, no fórum de São Paulo, com uma ação declaratória por danos morais sem pedido de indenização em valores monetários, ou pecuniários como diz a ação, para responsabilizar o "açougueiro" Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do açougue DOI/CODI no mais duro período da repressão, pela morte de Luiz Eduardo.
Merlino, como tantos outros, foi preso, torturado e assassinado sob a batuta do "açougueiro" Brilhante Ustra. A ação foi aceita pelo juiz Carlos Abrahão, da 42ª Vara Cível da capital e designada a data de 13 de maio para a oitiva das testemunhas do crime. Merlino morreu nas dependências do DOI/CODI.
Merlino foi preso em sua residência no dia 15 de julho de 1971, levado para o DOI/CODI e estupidamente torturado, como era prática nos "negócios" sob o comando do "açougueiro" Brilhante Ustra, nas 24 horas seguidas à sua prisão. A notícia de sua morte chegou cinco dias depois à sua família. A versão não diferia das demais em relação aos demais assassinatos praticados por Ustra e seu grupo. Suicídio.
O caixão foi entregue fechado à família.
Os sinais de tortura eram visíveis. O DOI/CODI tinha o controle do Instituto Médico Legal de São Paulo. Laudos saiam do jeito pretendido pela ditadura.
Os advogados do coronel Ustra apresentaram um agravo de instrumento ao Tribunal de Justiça do Estado e um detalhe "técnico" levou dois desembargadores, Luís Antônio de Godoy e Elliot Akell a votarem pela extinção do feito. O desembargador De Santi Ribeiro votou pela continuidade.
A decisão contradiz jurisprudências do próprio Tribunal sobre o assunto. "a ação declaratória por danos morais não seria propícia para o caso, pois não se criaria uma relação jurídica entre a ex-companheira e a irmã de Merlino, de um lado e Ustra de outro. Haveria apenas o reconhecimento do fato". O fato é a tortura e a morte de Luiz Eduardo Merlino. A ação da ex-companheira e da irmã foi subscrita pelos advogados Fábio Konder Comparato e Aníbal Castro de Sousa. Um recurso está sendo interposto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A vitória ou a derrota de Barak Obama não muda nada entre Estados Unidos e Brasil. Toda essa pantomima das redes de tevê do País sobre o assunto, a GLOBO principalmente, é apenas para vender o peixe da matriz. De quem sustenta Bonner et caterva, a ponta visível da mentira propalada em cada dia de cada um dos nossos dias e a verdade silenciada nos tempos da ditadura e do carrasco Brilhante Ustra.
O detalhe "técnico" de achar ou não a veia do condenado à morte é outra preciosidade jurídica do país do hambúrguer e que se espalha pelo mundo na barbárie recheada de tecnologia e falsos pudores. O espetáculo, a hipocrisia.
Os carrascos não. Brilhante Ustra passeia sua impunidade escorado na Lei de Anistia. Foi feita para eximir figuras repulsivas como ele de responsabilidades por crimes hediondos de tortura, assassinato, estupro, toda a sorte de barbárie visível hoje no Iraque, no Afeganistão, na prisão de Guantánamo, onde o imperialismo fascista ponha as patas, tenha o viés do patriotismo canalha de carrascos como Ustra ou dos caras que acharam a veia do condenado, pior, dos juízes que mandaram que a veia fosse procurada.
As veias da América Latina, como diz Galeano, estão abertas e o sangue só irá estancar, aqui no Brasil, quando toda a verdade e todos os arquivos do golpe militar de 1964 vierem a público. É parte indispensável da nossa história, não se apaga o passado, mesmo porque sem ele não temos futuro.
O que importa Barak Obama? McCain é a mesma coisa, só diferem no estilo, na apresentação do show.
Importa que Brilhante Ustra responda por seus crimes, tomando-o como síntese da estupidez e da boçalidade da ditadura, foi figura de escol ao lado de outros nessa combinação.
Tem gente que divide mesa com carrascos. Não há como. Nem de longe é revanchismo. É busca de justiça.
Mesmo porque carrascos, com veias, pastas, tacos, etc, causam náuseas.