Acreditar que a Comunidade Européia e os norte-americanos estejam preocupados com o livre comércio e o fim de subsídios como pregam, é acreditar em conto de fadas. E olhe conheço muitas fadas. D. Maria, que tem mãos de fada no pastel de carne decente que serve em muitas das feiras ambulantes da minha cidade. Gilda que estende os olhos (isso mesmo, estende os olhos) e lança chispas cósmicas de amor e solidariedade. Fada da vida.
Mas Doha? Livre comércio?
É hora de mergulhar no processo de integração dos países sul americanos, agregar governos da América Central como os de Cuba e Nicarágua, avançar em atitudes concretas para a construção de um bloco em todos os sentidos. De aprofundar as relações com os países emergentes da África e da Ásia, do Oriente Médio e voltar as costas aos interesses dos EUA e dos europeus.
No caso específico do Brasil rever todo o governo FHV (Fernando Henrique Vende), a começar pela lei de patentes e privatizações de setores estratégicos para a realidade que enfrentamos e temos. VALE, EMBRAER, trazer de volta o monopólio estatal do petróleo e vai por aí afora.
Lula não vai fazer isso. É só um espaço de neoliberalismo populista e alguns poucos avanços que vão desaguar em águas tucanas cuja corrente é controlada pelo governador de São Paulo, José Propina Serra.
O modelo político e econômico brasileiro está falido e o social é conseqüência disso. O Estado brasileiro está privatizado. A democracia que temos é mera hipocrisia como afirmou o economista João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra ao jornal francês LE MONDE DIPLOMATIQUE.
Faliu o mundo bipolarizado entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos. Acaba de mergulhar num precipício sem saída o mundo idealizado pelos norte-americanos pós Reagan e pelos europeus após a morte de De Gaulle e a entrada da Grã Bretanha no que vem a ser a Comunidade Européia.
Os impasses que têm que ser resolvidos são os existentes entre os países da América do Sul e Cuba e Nicarágua, únicos países independentes da América Central. E com a percepção que fora dessa perspectiva vamos cada vez mais voltar à condição de colônias e confirmarmos a afirmação de Chico Oliveira sobre o caráter de ornitorrinco do nosso desenvolvimento.
É preciso levar em conta que todo esse arcabouço mundial de livre comércio, OMC (Organização Mundial do Comércio), rodada de Doha, é um mero empurrar com a barriga praticado pelos dois grandes blocos políticos e econômicos do mundo (militares também) na voracidade do capitalismo em suas múltiplas faces, uma para cada momento da História.
Reencontrar a própria História. Debruçar sobre o processo histórico. Rasgar esse conceito de espetáculo que preside o ser humano e buscar em Aldous Huxley não o "Admirável Mundo Novo" como inevitável (foi uma denúncia), mas a "Ilha" como ideal a ser perseguido.
Doha é só um pretexto para a mídia padrão Miriam Leitão e Lúcia Hypólito deitar falação e um monte de asneiras, como se entendessem de outra coisa que não interesses de grandes grupos econômicos.
Doha. A própria palavra parece sugerir uma estação de inverno na Suíça, dessas que os turistas que por lá aparecem dizem pomposamente que "só vendo de perto é possível entender". Visão colonizada que às vezes não passa de Barilhoche.
Entender o que?
James Bond sendo perseguido por agentes da SPECTRE?
Tenho a impressão que o capitalismo escolhe os lugares pela sonoridade das palavras como forma de sugerir esse imaginário de neve e árvore de Natal.
Tudo termina em shopping.
A conta vai para o povo do Iraque. Iraquianos vão pagar aos norte-americanos pela "liberdade" obtida com a invasão.
Olhar para a ALBA (ALIANÇA BOLIVARIANA) antes que a ALCA vire de novo bicho papão nas mágicas fantasiosas de outra farsa em curso: Barak Obama.
Doha acaba na farsa da globalização globalitarizada.