Jornais, revistas, grandes redes de tevê e rádio são o contrário. Alienam. Interpretam o real "Show de Truman". A ficção transformada em realidade que William Bonner chama de "compreensível" pelo Homer Simpson. Se prestarmos atenção aos grandes sites e portais da net será fácil constatar que a maior preocupação desses veículos, sempre associados a grandes empresas jornalísticas, é o de mostrar o caráter espetáculo da sociedade. Mulher Melancia, Mulher Melão, cozinheiro que monta pizza de 100 metros. Resumo de novelas, canais especiais para programas de entretenimento tipo Faustão, nada que leve o leitor a pensar ou a perceber que na verdade vive dentro de uma redoma onde a escravidão determinada pelo neoliberalismo, atual medusa do capitalismo, tem a cor das roupas da moda.
Isso enquanto decidem se devemos nos vestir ou andar nus.
Um professor haitiano denunciou que as tropas brasileiras prendem, estupram, torturam e matam no seu país em nome de manter a ordem e a democracia. Mais ou menos o que o general heleno acha que deve ser feito com os índios (por curiosidade foi comandante no Haiti).
Só é possível saber desse fato na rede de computadores. Foi na rede que norte-americanos descobriram os aviões carregados de caixões com corpos de soldados do seu país estavam sendo e censurados para a mídia. Um telegrama elogiando o valor do soldado qualquer que seja o nome era enviado à família e o caixão lacrado.
A maior empresa estrangeira em atividades no Brasil, falo de mídia, a THE GLOBE INC. anuncia uma edição diária do seu programa dominical, FANTÁSTICO, na net. Com a presença da escultural Patrícia Poeta (lógico né?), uma espécie de Mulher Melancia com pedigree.
É a fórmula que transformaram em magia da comunicação fantasiosa e espetaculosa.
Eduardo Azeredo é mera extensão desse contexto em seu projeto. Foi ele quem, a pedido de Nelson Jobim, apresentou projeto de lei que impediu o voto impresso, forma de garantir a lisura no chamado voto eletrônico. Abriu espaços para a fraude que, por exemplo, elegeu Theotônio Vilella Filho governador de Alagoas com os votos do rival João Lyra. Inverteu.
A exceção do portal TERRA que ainda mantém alguma preocupação com fatos políticos relevantes e uma relativa independência, todos os outros chamados grandes estão preocupados com os jogos de futebol da terça, da quarta, da quinta, da sexta, do sábado, do domingo (acompanhe aqui ao vivo) e o encontro da Mulher Melancia com os taxistas do Rio.
A barbárie da polícia do governador Sérgio Átila Cabral essa não interessa. Afinal os maiores consumidores de droga estão na classe média e o negócio de Beira-mar é parte do lucro do BRADESCO, do ITAÚ, pois dinheiro, como dizem, não tem identidade, tem é dono.
Inocente assassinado por policiais é suposto traficante, no máximo de benevolência e assim mesmo estratégica.
A comunicação pela rede mundial de computadores tem outro aspecto que os donos já perceberam. Muitas vezes o protesto contra o que quer que seja se esgota ali. É uma forma de dizer não sem sair de casa e sem transformar o não em atitude conseqüente.
Para que isso continue a fluir normalmente, tome FANTÁSTICO diariamente na net.
Só é possível encontrar noticias sobre a compra de três governadores de São Paulo pela empresa ALSTON em troca de concorrências (comprou Covas, Alckimin e mantém Serra na folha) na net. THE NATIONAL JOURNAL não toca no assunto. Serra é intocável.
O coro com que o governador Aécio Neves (governa Minas do Rio de Janeiro onde mora) foi brindado por mais de cem mil torcedores no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, capital do Estado, não apareceu em nenhuma rede de tevê, jornal, revista, ou rádio da chamada grande mídia e tampouco nos portais dos bigs.
Só foi possível saber "ô Maradona por que parou? Parou por que? O Aécio cheira mais que você" por blogs, sites independentes e pelo jornalista Juca Kfhoury, desafeto de Ricardo Teixeira e representante do grupo adversário do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A grande mídia deu destaque ao camarote que Aécio montou no estádio para que seus convidados, entre eles artistas, pudessem ver o jogo de graça e com farta boca livre paga pelos mineiros.
Está aí, todos os dias, o FANTÁSTICO e suas baboseiras de melancia, melão, jaca, crimes estúpidos e cruéis, tudo para o gáudio do que o general Bonner chama de "Homer Simpson".
A propósito, um brincalhão pegou uma moeda de um euro e trocou a cara de Juan Carlo de Bourbon et caterva pela do simpático personagem da série. E na Espanha.
O peso da rede mundial de computadores tem que buscar formas de transformar a luta virtual em real e ampliar os espaços para os lutadores do povo, antes que tenhamos crise de obesidade nacional diante de máquinas cada vez mais poderosas e que acabam pensando pelas pessoas.
É o que querem.
Resistir é preciso.