Washington contra Pequim

Os Estados Unidos parecem agora considerar que não poderão enfrentar a China e a Rússia ao mesmo tempo. Nas décadas que virão, seu principal rival geopolítico será Pequim. Sobre este tema, existe um consenso até mesmo entre a administração republicana de Donald Trump e os democratas que a eleição presidencial do próximo ano porá frente a frente. A China sucede então o “Império do Mal” soviético e ao “terrorismo islâmico” como o adversário prioritário de Washington. Porém, de modo diferente da União Soviética, ela (a China) dispõe de uma economia dinâmica com a qual os Estados Unidos têm um déficit comercial abissal. E sua força é de um modo bastante singular, mais impressionante que aquela de algumas dezenas de milhares de combatentes integristas vagando pelos desertos da antiga Mesopotâmia e as montanhas do Afeganistão. 

https://jornalorebate.com.br/19-10/wp.jpg

Barack Obama já havia construído um "pivô para a Ásia" e o Pacífico na diplomacia americana. Como sempre, seu sucessor formulou esta nova estratégia com menos elegância e sutileza. Posto que, em sua mente, a cooperação é sempre uma armadilha, um jogo de soma zero, o voo econômico do rival asiático ameaça automaticamente o desenvolvimento dos Estados Unidos. E, reciprocamente: “estamos em vias de vencer a China, disse Trump em agosto passado. Eles acabaram de conhecer seu pior ano em meio século, e foi por minha causa. E eu não sinto orgulho por isso.” “Não orgulhoso”, isto não se parece com ele ... Há pouco mais de um ano, ele tinha autorizado câmeras a transmitirem ao vivo uma reunião de seu gabinete. Veja como tudo se passou: um de seus secretários foi felicitado pela queda no crescimento da China; um outro tinha creditado às exportações chinesas de fentanil a epidemia do consumo de opióides nos Estados Unidos; um terceiro, tinha atribuído as dificuldades dos agricultores americanos às medidas de retaliação comercial da China. Não restou a Trump nada a explicar além da recalcitrância nuclear norte-coreana pela mansidão de Pequim em relação a seu aliado. 

Para Washington, vender um pouco mais de milho ou de eletrônicos à China não mais será suficiente. Será necessário isolar esse rival cujo Produto Interno Bruto (PIB) multiplicou-se por nove em dezessete anos, enfraquecê-lo, impedi-lo de ampliar sua zona de influência e, sobretudo, de torná-lo o equivalente estratégico dos Estados Unidos. E dado que sua prosperidade sem par não a tem levado a se americanizar, a se mostrar dócil, não lhe serão poupadas as necessárias pancadas. 

Em 4 de outubro de 2018, o vice-presidente americano, Mike Pence, fez um discurso de extrema violência, referindo-se a um “sistema orwelliano”, “autoridades destruindo cruzes, queimando bíblias e aprisionando crentes”, com “coerção de empresas, estúdios de cinema, universidades, pensadores, pesquisadores e jornalistas americanos”. Ele chegou até mesmo a detectar "tentativas de influenciar a eleição presidencial de 2020". Depois do “Russiagate”, um “Chinagate” que, desta vez, teria como objetivo a derrota de Donald Trump? Os Estados Unidos são decididamente um país muito frágil...

Serge Halimi
Editorialista do Le Monde Diplomatique 

Traduzido do Francês por A. Pertence

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS